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Posteriormente, Bartolacci explicou à jornalista Mônica Bérgamo, da Folha de S. Paulo, que Decotelli não completou o curso: “Ele cursou o doutorado, mas não finalizou, portanto não completou os requisitos exigidos para obter a titulação de doutor na Universidade Nacional de Rosário”.
A revelação do reitor da UNR suscita questionamentos sobre a idoneidade de Decotelli. Afinal de contas, a informação categoricamente contestada por ele não apenas foi divulgada por Bolsonaro, mas consta do Currículo Lattes do novo ministro, um documento oficial que deveria ser absolutamente confiável.
A novidade vinda de Rosário perturba a tentativa de alguns meios de comunicação de apresentar o novo ministro como alguém com perfil adequado para dirigir o MEC, um “moderado” fiel ao bolsonarismo, mas capaz de conduzir a interlocução com a sociedade. Postagens agressivas na rede social Twitter contra opositores de Bolsonaro, vinculadas a supostas contas mantidas por Decotelli e anteriores à sua nomeação, foram desmentidas e atribuídas a “perfis” falsos. Porém, como não há notícia de que ele tenha tentado coibir tais iniciativas, persistem dúvidas quanto à moderação que tentam associar à sua imagem.
Por falar em Twitter: o reitor Bartolacci, da UNR, adotou o seguinte mote para sua conta, inspirado no pensador italiano Antonio Gramsci: “Vivir es tomar partido”. Em tuíte postado na véspera, comentou palavras de outro autor muito conhecido dos brasileiros: “E. Galeano dizia que o direito de sonhar não figura entre os 30 direitos humanos. ‘Porém se não fosse por ele, e pelas águas que dá de beber, os demais direitos morreriam de sede’. Para isto seguimos trabalhando, para sonhar, imaginar e construir o mundo e as universidades que desejamos”.