Terrorismo de Estado
Nesta quinta (3/8), ato público denuncia “operação” da PM no Guarujá, cobra explicações do governo Tarcísio e exige fim do extermínio de negros e pobres
Convocado pela Coalizão Negra por Direitos, que congrega quase duas centenas de entidades ligadas ao movimento negro, pelo Movimento Negro Unificado (MNU) e por outros grupos, será realizado nesta quinta-feira (3/8) a partir das 18h, em frente ao prédio da Secretaria de Segurança Pública na capital paulista (na rua Líbero Badaró, 39, Centro), um ato público para protestar contra o assassinato de pelo menos 16 pessoas na cidade do Guarujá, nos últimos dias, em operação levada a cabo pelas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e por outras tropas da Polícia Militar de São Paulo, com a participação de contingentes das Polícias Militares de outros Estados (tais como RS, SC e MT).
“Pelo fim imediato da Operação Escudo!”, “Pelo fim de intervenções policiais por vingança e acerto de contas” e “Fora Tarcísio genocida” são as principais palavras de ordem do ato, que remetem às circunstâncias das ações da PM. “A Operação Escudo” é na verdade uma operação de cerco e aniquilação de moradores das favelas do Guarujá, a pretexto da localização dos responsáveis pelo assassinato do soldado Patrick Reis, da Rota, ocorrido no dia 27/7.
Populares relataram que policiais da Rota circulam de capuz pelas vielas das comunidades do Guarujá e que “estão matando primeiro para perguntar depois”. Pessoas teriam sido assassinadas aleatoriamente, como ocorre em chacinas praticadas pela PM a título de vingança e retaliação. Teria sido o caso de um menino que estava a caminho do mercado. “O moleque gritava ‛pelo amor de Deus’, e bateram no menino, todo mundo ouviu aqui. Mataram o menino e levaram o celular dele”, segundo relatou um morador em áudio enviado à reportagem do jornal Brasil de Fato. Foi relatada a execução de um homem com um bebê no colo.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário da Segurança Pública, capitão Guilherme Derrite (oficial PM da reserva, ex-integrante da Rota), apoiaram as ações de extermínio no Guarujá. No dia 31/7, quando o número de mortos pela PM já chegava a oito, Tarcísio se declarou “extremamente satisfeito” com a “Operação Escudo” e anunciou que ela continuaria por mais um mês. Tarcísio classificou como simples “narrativas” as denúncias da população, mesmo depois que um dos suspeitos pela morte do policial Patrick Reis, Erickson David da Silva (preso no dia 30/7), gravou vídeo pedindo que o governador e seu secretário parem com a matança de inocentes.
Na tarde desta quarta-feira (2/8), no Guarujá, foi realizado um primeiro ato de repúdio à chacina. A manifestação, no bairro Vicente de Carvalho, foi convocada pelo grupo “Mães de Maio”, por dezenas de movimentos e entidades de direitos humanos e por mandatos parlamentares.
Nessa mesma data a Folha de S. Paulo publicou reportagens revelando a identidade de trabalhadores assassinados pela PM no decorrer da “Operação Escudo”, como o garçom Filipe do Nascimento, de 22 anos, em 1o/8, e o ajudante de pedreiro Layrton Fernandes da Cruz Vieira de Oliveira, também de 22 anos e morto em Santos em 31/7 por uma equipe do Batalhão de Ações Especiais (BAEP).
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