Universidade
Reitoria da USP ignora carta de centros acadêmicos, DCE-Livre e comandos de greve, e mantém veto à Adusp
Na última sexta-feira (7/10), as lideranças do movimento estudantil divulgaram documento intitulado “Carta dos centros acadêmicos da USP, dos comandos de greve dos cursos, do Comando de Greve Geral dos Estudantes da USP e do DCE Livre da USP à Reitoria”, no qual criticam a atitude da Reitoria de impedir que a professora Michele Schultz, presidenta da Adusp, participasse da reunião de negociação com a representação estudantil, ocorrida em 4/10. Apesar disso, a Reitoria repetiu seu comportamento na reunião de negociação realizada nesta segunda-feira (9/10).
“A contratação de professores e funcionários, a volta do gatilho automático de reposição e o fim dos editais de mérito/concorrenciais são algumas das demandas da greve geral da USP e tópicos que estão em negociação com a Reitoria. Dessa forma, os estudantes, trabalhadores e professores entendem e acreditam ser essencial ter a presença das representações sindicais e discentes nas reuniões”, principia a carta, lembrando que os e as docentes “estão em paralisação até, pelo menos, o dia 10 de outubro – fazendo, portanto, parte da greve”, e que, “reunidos em assembleia, deliberaram a participação da categoria nas reuniões de negociação em comum acordo com os estudantes”. No entanto, quando solicitada a entrada da presidenta da Adusp, “a Reitoria não permitiu a sua entrada, sem que houvesse qualquer justificativa”.
Na ocasião, continua a carta, as-os estudantes manifestaram-se a favor da participação da Adusp. “A Reitoria foi irredutível ao dizer que, se houvesse insistência a respeito da participação de Michele, a reunião seria suspensa. A presença de um representante da Adusp seria muito valiosa e traria muitas contribuições para o processo de negociação, visto que é uma associação com um acúmulo de estudos e dados fundamentais para a universidade. Afinal, são os professores e trabalhadores que fazem com que a Universidade de São Paulo funcione e pesquise diariamente”, diz.
O documento pede ainda a participação de pelo menos um representante do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) na mesa de negociação, tendo em vista a sobrecarga e a precarização do trabalho na universidade (“que já matou, inclusive, estudantes nesta universidade”, alusão ao acidente de trabalho que resultou na morte do estudante Filipe Varea Leme em abril de 2019) e a necessidade de contratação de funcionários(as). Abordam ainda a dramática situação dos marinheiros do Oceanográfico (IO).
“Por isso, nós, estudantes, repudiando a atitude de barrar a representante sindical dos docentes na última reunião, assim como representantes sindicais dos trabalhadores, e entendendo a importância da articulação em unidade, exigimos que haja representantes da Adusp e do Sintusp, indicados pelas próprias categorias, por todos os motivos já citados e porque eles podem fornecer muita informação valiosa, fruto de muita pesquisa, sobre os problemas reais da necessidade de contratação de professores e de trabalhadores técnicos e administrativos”.
A carta exige que Adusp e Sintusp “tenham espaço na mesa de negociação na reunião do dia 9 de outubro de 2023, assim como nas próximas reuniões a serem marcadas e realizadas, uma vez que as pautas negociadas dizem respeito a todas as categorias da Universidade”.
Reitoria repete os feitos de não receber a Adusp e chantagear estudantes
Mesmo após entrega da carta pedindo que Adusp e Sintusp participassem, a Reitoria manteve sua intransigência, não permitindo que a professora Michele Schultz participasse da reunião de negociação ocorrida nesta segunda. E, uma vez mais, ameaçou cancelar a reunião caso as e os estudantes insistissem na participação.
A presidenta da Adusp esteve na porta da Reitoria e, mais uma vez, foi impedida de entrar. É preciso lembrar que a Reitoria se comprometeu a receber a Adusp duas vezes por semestre, com envio prévio da pauta. Foi enviado ofício no dia 4 de agosto, ou seja há mais de dois meses, e a Reitoria sequer respondeu ao pedido de reunião.
Após deliberação da assembleia geral de 2 de outubro, outro ofício foi enviado pela Adusp pedindo que a reunião ocorra em caráter de urgência. Porém, não houve ainda resposta a esse novo ofício.
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