Adusp cobra medidas da Reitoria para proteger comunidade dos efeitos das queimadas; em Ribeirão Preto, algumas unidades mantiveram aulas apesar da péssima qualidade do ar e da fuligem nos prédios
Queimadas registradas às margens da Rodovia Anhanguera, na região de Ribeirão Preto, no início desta semana (foto: Marcos Santos/divulgação)

A Adusp enviou nesta segunda-feira (26/8) ofício ao reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Jr., solicitando informações sobre “quais medidas estão sendo adotadas pela universidade e prefeituras dos campi dada a situação de emergência” em razão das queimadas e incêndios no estado. A situação de emergência por 180 dias foi declarada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) por meio do Decreto 68.805/2024, publicado no Diário Oficial deste sábado (24/8).

O ofício da Adusp lembra que os municípios de Ribeirão Preto e Piracicaba, nos quais há campi da USP, estão listados no decreto como áreas abrangidas pela emergência. “Além da necessidade de adequada higienização, preocupa-nos a baixa qualidade do ar nos municípios diretamente afetados, assim como nos circunvizinhos, e a possibilidade de novos incêndios”, diz o ofício.

“Dessa forma, gostaríamos de saber quais medidas de combate a incêndios a universidade tem adotado, inclusive orientações para a comunidade universitária. Dada a baixa qualidade do ar e o risco de quadros respiratórios, entendemos que servidora(e)s e estudantes deveriam ter acesso a equipamentos de proteção individual (EPIs)”, diz o documento, encaminhado também ao professor Paulo Andrade Lotufo, superintendente de Saúde da USP, e às prefeituras dos campi de Ribeirão Preto, Piracicaba e Pirassununga.

DCE-Livre pergunta: “USP é negacionista climática?”

O DCE-Livre “Alexandre Vannucchi Leme” também enviou ofício à Reitoria e às prefeituras dos campi de Ribeirão Preto, Pirassununga, Piracicaba e Bauru requerendo “ações emergenciais para diminuir os impactos desta tragédia, como a suspensão de atividades até que seja seguro, a disponibilização de EPIs, materiais médicos, atenção à saúde, e planos de contingência”.

As unidades do câmpus de Ribeirão Preto, uma das cidades mais atingidas pelos efeitos das queimadas, tomaram medidas diferentes em relação à situação de emergência.

Reprodução do Instagram
Registro feito por alunos(as) mostra fuligem em sala de aula do câmpus de Ribeirão Preto

De acordo com informações obtidas pela representação do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) de Ribeirão Preto, a Escola de Enfermagem (EERP), a Escola de Educação Física e Esportes (EEFERP) e a Faculdade de Direito (FDRP) suspenderam as aulas nesta segunda-feira.

A Faculdade de Medicina (FMRP) e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCLRP) cancelaram as aulas apenas no turno da manhã.

Já as faculdades de Ciências Farmacêuticas (FCFRP), de Economia, Administração e Contabilidade (FEARP) e de Odontologia (FORP) mantiveram todas as atividades.

Em registro nas suas mídias sociais, o DCE-Livre criticou a postura das unidades, questionando se a USP é “negacionista climática”.

“Os servidores terceirizados da limpeza tiveram que trabalhar dobrado e sem EPIs para que os estudantes fossem recebidos em salas cobertas de fuligem e com a qualidade do ar estando péssima, causando tosse, olhos irritados e agravando os possíveis problemas respiratórios. Colocaram todos em risco por aulas que não são essenciais e que poderiam ser repostas”, acusa o texto. “Bandejões e outros ambientes da universidade se encontram igualmente insalubres, já que é impossível que os servidores da limpeza deem conta de um trabalho tão grande em apenas algumas horas”, criticou a entidade, que publicou fotos dos ambientes tomados por fuligem.

“Nossa universidade poderia ser linha de frente no combate à ebulição global em que nos encontramos, mas segue se isentando e expondo sua comunidade a sérios riscos, escolhendo ignorar os ofícios que enviaram o DCE e Centros Acadêmicos do câmpus”, deplora o DCE-Livre.

SAU e prefeituras afirmam que estão monitorando a situação

Nesta sexta-feira (30/8), a SAU encaminhou ofício à Adusp no qual informa que, em conjunto com as prefeituras dos campi, “tem monitorado a situação”.

“Os períodos críticos foram entre 22/8 e 25/8. Desde domingo a situação tem melhorado progressivamente. Não se observam mais incêndios ativos e a qualidade do ar melhorou muito nas últimas 48 horas. Permaneceremos monitorando a situação”, diz o ofício, assinado pelo professor Rodrigo Diaz Olmos, superintendente de Saúde substituto.

Ofícios com o mesmo teor foram encaminhados pela Prefeitura do Câmpus “Fernando Costa”, de Pirassununga, e pelo professor Luciano Mendes, prefeito do Câmpus “Luiz de Queiroz”, de Piracicaba.

Mendes informou ainda que “se encontra em processo de formação uma Brigada de Emergência/Incêndio” no câmpus de Piracicaba.

Até agora, seis pessoas foram presas por suspeita de provocar incêndios criminosos

Os registros de focos de incêndio dispararam nos últimos dias no Estado de São Paulo. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), havia 430 registros no dia 22/8, número que explodiu para 1.886 já no dia seguinte – um aumento de 338%.

Dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), publicados nesta terça-feira (27/8) pela Agência Pública, mostram que somente entre os dias 22 e 24 de agosto foram registrados 2,6 mil focos de incêndio no Estado de São Paulo, 81,29% deles em áreas de uso agropecuário como as ocupadas pela cana-de-açúcar e por pastagem.

Até a tarde desta terça-feira (27/8), seis pessoas haviam sido presas no Estado sob suspeita de provocar incêndios criminosos. Os presos são todos homens, com idade entre 26 e 76 anos, e moram nas regiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

EXPRESSO ADUSP


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