Nos dias 19 a 21/10, o Conselho de Entidades da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) — que congrega a Associação dos Docentes (Adunifesp), o Sindicato dos Trabalhadores (Sintunifesp), o DCE e a APG — promoveu o I Congresso da Unifesp, tendo como tema central “Discutindo e projetando o futuro da Universidade”. O evento, inédito enquanto promoção conjunta de todas as entidades representativas da comunidade universitária da Unifesp, contou com uma participação expressiva de seus quatro segmentos.

Estiveram presentes na sessão de abertura, em 19/10, autoridades da própria universidade (Reitor, Vice-Reitor, Pró-Reitores) e representantes do Andes-SN, da Fasubra e da Adusp. A seguir, neste mesmo dia, uma mesa-redonda discutiu o tema “A Reforma Universitária: caminhos e descaminhos…”, contemplando os principais aspectos da contra-reforma universitária em curso, de forte cunho privatista.

Em 20/10, pela manhã e na seqüência, três mesas-redondas foram dedicadas aos temas: 1) “A Privatização e a Universidade”, 2) “Expansão da Universidade Pública” e 3) “Democracia Interna e Órgãos Colegiados”, cabendo destacar a participação dos professores Lighia B. Horodynski-Matsushigue (mesa 2 – “Critérios para a instalação de cursos de graduação”) e Marcos Magalhães (mesa 3 – “Critérios de participação nos Conselhos Universitários”), ambos da Adusp, sendo que a professora Lighia representava a Secretaria da Regional São Paulo do Andes-SN.

Na tarde deste mesmo dia (20/10), reunidos em três grupos de trabalho, os participantes discutiram os seguintes eixos temáticos do I Congresso: “privatização, expansão/extensão e democratização dos órgãos colegiados da Unifesp-EPM”. Na manhã do dia 21/10 ocorreu a plenária de encerramento para definição de resoluções e proposições do I Congresso da Unifesp.

Esta importante iniciativa da comunidade da Unifesp, seja no que diz respeito à forma organizativa, seja no que se refere à qualidade das discussões ocorridas, serve de exemplo a todos nós que acreditamos que, organizados, podemos mudar os “rumos da universidade”, particularmente num momento em que parece haver pouco entusiasmo e disposição para a mobilização social. A Adunifesp, a APG, o DCE e o Sintunifesp dão mostras de que é possível resistir, o que é oportuno, pois a luta precisa continuar!

Estatuinte

“Foi a primeira experiência. Mas foi importante porque estamos vivendo um processo de expansão da Universidade para áreas que a gente nunca teve, uma nova realidade”, declarou ao Informativo Adusp o professor Francisco Antonio de Castro Lacaz, presidente da Adunifesp, referindo-se aos cursos de humanidades no novo campus de Guarulhos e aos novos campi da Baixada Santista, Diadema e São José dos Campos.

O professor Lacaz destaca, entre as resoluções do I Congresso, a defesa de um processo estatuinte na Unifesp, com eleição de delegados por categoria. Isso porque na atualidade o Conselho Universitário é dominado pelos professores titulares, que ocupam 80% dos assentos. “É preciso rever essa relação”, observa ele.

O I Congresso também examinou o processo de privatização do setor de saúde por “organizações sociais”, do qual a própria Unifesp participa, na forma de uma OS que, por sua vez, tem como gestora uma fundação privada, a SPDM. “O Congresso se colocou contrário à existência das OS”, informa o presidente da Adunifesp. Quanto às fundações “de apoio”, decidiu-se realizar um seminário em novembro próximo.

O Congresso manifestou preocupação com o fato de que a proposta de expansão do MEC é voltada especificamente para a graduação. “Não se fala de pós-graduação, nem de pesquisa”, afirma o professor Lacaz, advertindo para o risco de que as novas unidades tornem-se “escolões”.

 

Matéria publicada no Informativo nº 225

EXPRESSO ADUSP


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