Faltam poucos dias para o início do V Congresso da USP (de 26/5 a 30/5). O processo de escolha dos delegados das três categorias e o envio das teses já está ocorrendo, a organização e divulgação estão em reta final. Neste contexto, docentes da USP falam de suas expectativas quanto ao V Congresso, opinam sobre o que deve ser discutido e avaliam a mobilização da comunidade acadêmica para este evento.

Kátia Rúbio, EEFE

" A questão dos contratos faz parte da ordem do dia, mas entendo que também é muito importante a questão dos projetos de universidade de uma forma um pouco mais ampla. O que a universidade se pretende para o futuro, que demandas sociais se colocam para a universidade hoje, se a universidade está acompanhando essas demandas e qual é a finalidade da produção do conhecimento hoje. A universidade está distante, descolada dessas discussões. Então a gente discute questões relacionadas a fundações, questões relacionadas a contrato de trabalho…”

“Agora, para se chegar a uma Estatuinte é preciso muito mais mobilização das três categorias e, nesse momento, não vejo isso acontecer. A menos que essa discussão amadureça, para que um processo estatuinte seja representativo. Nesse momento é precoce”.

“Sempre é muito positiva a possibilidade da mobilização e do encontro. Mas o V Congresso só vai proporcionar de fato avanços se conseguir pensar em inovações do ponto de vista da mobilização da universidade”.

Flávio Tavares, Esalq

“O que pode e deve ser discutido é o que já consta nas pautas, não vejo o que acrescentar. As pautas do V Congresso com certeza são prioridades importantes para a universidade: financiamento da universidade, pesquisa, ensino e extensão…
São temas quentes e que, evidentemente, não são palatáveis para quem está nas posições mais altas”.

“Mesmo que o V Congresso seja pouco mobilizado, ele será representativo. Houve todo um esforço no sentido de ter eleição de delegados, de realizar um processo democrático, houve definição das pautas anteriormente. O V Congresso será de muita utilidade. O que não pode acontecer é perder o foco no pós-evento. Temos que preparar alguma coisa para quando o Congresso tiver terminado, de modo a reverter um pouco a falta de divulgação nos campi, e expandir os resultados. É preciso um trabalho de imprensa, divulgação dos resultados do Congresso, fazer isso chegar a todas as instâncias. Isso é também uma forma de induzir alguma ação por parte dos colegiados”.

Elenice Varanda, FFCLRP

“Nós não estamos tendo muito espaço para discussão dessas questões que estão colocadas no V Congresso e agora é uma oportunidade para parar e discutir muito isso. A burocracia da universidade tem tomado muito nosso tempo e a gente não tem conseguido discutir. Especialmente a graduação. A universidade cobra muito mais a pesquisa do que ensino e extensão. Temos uma política produtivista na universidade, uma pressão para produção cada vez maior, do ponto de vista das publicações. Para mudar essa situação é preciso uma mudança da política geral da universidade, uma mudança na estrutura de poder, discutir melhor a questão das fundações, todos os seis pontos do V Congresso”.

“Espero que a gente tire linhas de luta para mudanças do Estatuto. Só uma mudança muito grande no Estatuto vai poder modificar a política da universidade. Não é o Conselho Universitário que deve fazer isso. Deve ser constituída uma Estatuinte. Para isso, a gente precisa de muita mobilização. Só com o Congresso não vamos conseguir a Estatuinte”.

Osvaldo Coggiola, FFLCH

" A ausência de verdadeira participação democrática na gestão da USP, em todos os seus níveis, já se transformou em um anacronismo, ou seja, um entrave para o desenvolvimento pedagógico, científico e cidadão (social) da universidade. É no marco de uma participação restrita, ou nula, de professores, alunos e funcionários, que encontram solo fértil a abolição progressiva das fronteiras entre público e privado (através das fundações e dos cursos pagos), o desleixo com o ensino (falta de professores e outras mazelas), ou a recente tentativa de separação de graduação e pós-graduação.

Somente a mobilização conjunta de nossas três categorias, pela democratização da universidade, pode mudar esse estado de coisas e se contrapor a esse processo perverso. O V Congresso, na medida em que defina o programa e os eixos dessa mobilização, através do debate político, pode ser um ponto de virada dessa história”.

 

Informativo n° 259

EXPRESSO ADUSP


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