Parecer de relator da CAA, porém, afirmava que a proposta “não tem condições de implantação imediata”

O Conselho Universitário da USP (CO) aprovou na sessão de 10/2 a criação de um curso de licenciatura em Ciências à distância, que fará parte do Programa Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), iniciativa do governo estadual conduzida pela Secretaria Estadual de Ensino Superior.

O principal objetivo anunciado do curso é a formação de professores de ciências para o ensino fundamental. Terá carga horária total de 2.835 horas, das quais 52% à distância. As aulas presenciais serão distribuídas da seguinte maneira: 405 horas destinadas às “práticas como componente curricular”; 420 horas reservadas ao estágio curricular supervisionado; e 210 horas às atividades “acadêmico-científico-culturais”.

Serão oferecidas 360 vagas anuais, distribuídas em quatro pólos, com 90 alunos cada, nos campi de São Paulo, Ribeirão Preto, Piracicaba e São Carlos. O vestibular será realizado pela Fuvest, e será específico para essa modalidade de ensino.

Segundo a Reitoria, serão oferecidos bônus para os professores sem curso superior, que atuem em docência na educação básica; licenciados em área diferente de sua formação e com experiência docente; portadores de diploma de conclusão de curso superior oficial ou reconhecido e com experiência docente em qualquer área; egressos do ensino médio com tempo mínimo de quatro anos de formados; e portadores de certificado de conclusão do ensino médio ou equivalente.

Recomendações

A Comissão de Avaliação Acadêmica (CAA), em seu parecer sobre o curso, aprovou-o no mérito, porém fez uma série de recomendações quanto a “número de vagas, número de professores, educadores e tutores”, advertindo para o fato de que a proposta mais recente mencionava “8 pólos, 1.080 vagas, 8 docentes, 96 educadores e 96 tutores”; infra-estrutura física e de pessoas das unidades necessárias à implementação do curso; e sobre a necessidade de “definir claramente a participação financeira/organizacional da Univesp”.

No entanto, a CAA amenizou o parecer do relator, professor Ivan Falleiros, da Escola Politécnica, de 24/11/08, o qual considera que “a proposta não está em condições de implantação imediata, em escala que torne o processo irreversível”, pois há “muitas perguntas sem respostas”. Ele questiona, no texto: “Qual é a grande universidade do mundo que tem excelência nas duas vertentes, presencial e à distância? Como se faz para não criar duas castas de graduados? (veja-se o preconceito, não muito distante no tempo, que liqüidou, entre nós, com a experiência do Engenheiro Operacional)”.

Para o professor Falleiros, a “USP tem apenas uma experiência em larga escala desse tipo de construção e ainda em andamento, na EACH. Será isso suficiente para expor, irreversivelmente, a uma novidade, um grupo muito maior de alunos, em condições talvez mais difíceis?”

Falleiros sugere que a Open University seja consultada a respeito, por ter “milhares de graduados e décadas de experiência”. E ironiza: “Em época de Jubileu, seria oportuno lembrar 1934 e trazer especialistas de fora para implantar uma nova USP”.

As preocupações do professor procedem, pois se espera unidade na USP, com um único conjunto de regras para o ingresso dos interessados. A criação de outra entrada, como proposto neste curso e aprovado pelo CO, criará disparidade entre os formandos. Além do mais, a continuada aprovação de cursos virtuais sem dúvida permitirá, em prazo relativamente curto, que a “USP virtual” tenha mais alunos do que a USP presencial, sem garantias de manutenção da qualidade e do tripé ensino, pesquisa e extensão.

 

Matéria publicada no Informativo nº 274

EXPRESSO ADUSP


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