Cresce a greve dos estudantes na USP
Daniel Garcia
Votação na assembleia de 23/11, na Poli

A greve geral dos estudantes da USP iniciou-se em 9/11, dia seguinte à reintegração de posse da Reitoria e à prisão de 73 alunos que a ocupavam em protesto contra o convênio firmado entre a USP e a Secretaria de Segurança Pública (SSP). Em 23/11, a assembleia geral ocorrida na Escola Politécnica (Poli), que contou com cerca de mil estudantes, aprovou a manutenção da greve, a realização de um ato público em frente à Assembléia Legislativa (Alesp) em 28/11 e a organização da Calourada Unificada em 2012 pelo Comando de Greve.

Cerca de 1.500 estudantes caminharam pela Avenida Paulista no dia 24/11, em resposta à declaração do governador Geraldo Alckmin, após a desocupação da Reitoria, de que os alunos da USP precisavam de uma “aula de democracia”. O ato, que chegou a bloquear a avenida por alguns instantes, foi encerrado com uma “Aula pública sobre Democracia” no vão do MASP, no final da tarde.

Durante a assembleia de 23/11 diversos cursos declararam apoio à greve e confirmaram presença no ato que seria realizado na Avenida Paulista no dia seguinte. Cursos como Filosofia, Letras, História, Geografia, Ciência Sociais, Artes Cênicas, Artes Visuais, Audiovisual, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda, Jornalismo, Turismo, Educomunicação, Biblioteconomia, Música, Pedagogia, Arquitetura, Design, Física, Matemática e Estatística estão em greve ou paralisaram suas atividades por alguns dias. Representantes dos campi de São Carlos, Ribeirão Preto e Bauru, além da Unesp, também manifestaram apoio ao movimento.

Noticiário

Posição da diretoria

Em defesa da democracia e da reflexão crítica

A Adusp compareceu ao ato público de 24/11 para somar sua voz a todos os setores que se colocam na defesa da democracia, da liberdade e da educação pública e gratuita de qualidade, enquanto direito de todos e instrumento da promoção e inclusão social.
Essa perspectiva se opõe aos setores que buscam “educação de qualidade” e “universidades de qualidade” circunscritas aos interesses do poder econômico.

Nesse contexto, onde o estado de direito vigente favorece a contenção do movimento social, busca-se fazer valer na universidade a mesma lógica autoritária e repressora que vigora fora dela. Isso se choca de modo frontal com os propósitos de uma instituição que deveria se voltar à reflexão crítica e livre.

O desafio que se coloca nessa luta é conduzi-la de modo a fazer transparecer a legitimidade da causa e ampliar na sociedade a justeza destas pautas. É isso que esperamos que esse movimento conquiste, é desta luta que somos partícipes.

Um ponto muito discutido na assembleia foram as distorções existentes no noticiário difundido por uma parte da mídia, que busca reduzir o movimento a uma espécie de “campanha” em favor do consumo de maconha no campus Butantã. Foi relatado também por moradores do Crusp e diretores de CAs de diversas unidades que a moradia estudantil foi invadida por policiais após tanta repercussão negativa. Danielle Gazarini, presidente do Grêmio Politécnico, fez questão de mencionar que nem a entidade que dirige, nem o centro acadêmico da Poli haviam sido invadidos por PMs. “Estão dizendo que isso ocorreu aqui e alguns veículos de comunicação vêm publicando essa inverdade. Peço, por favor, que arrumem isso”, declarou.

O comando de greve tem organizado um denso calendário para esse período de crise na universidade. Na tarde do dia 23/11, por exemplo, ocorreu o cortejo da base móvel artística intitulada “Tropa Rosa_Choq”. Dezenas de alunos realizaram ato pacífico e colorido dentro do campus, caminhando até o Portão 1 e, posteriormente, circularam por algumas unidades, entre elas a FAU e a FEA, para convocar a participação dos alunos na assembleia geral marcada para a Poli, último ponto de parada do cortejo.

“É a primeira vez em muitos anos que ocorrem tantas assembleias seguidas com duas, três mil pessoas. A existência do movimento é um fato muito positivo, pois cresceu principalmente após a entrada truculenta da tropa de choque no campus, coisa que não é aceitável na universidade pública. Poderia ter ocorrido um aplauso a essa política de ‘mão de ferro’ adotada pela Reitoria, mas não foi o que aconteceu. Houve uma resposta muito grande do movimento estudantil”, declara Thiago Aguiar, diretor do DCE-USP.

 

Informativo n° 338

EXPRESSO ADUSP


    Se preferir, receba nosso Expresso pelo canal de whatsapp clicando aqui

    Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!