A última assembleia geral dos estudantes da USP, ocorrida em 30/11 na ECA, deliberou a continuidade da greve, mesmo considerando que o fim do semestre e as férias se aproximam, o que poderá dispersar o movimento. Diante disso, o comando de greve, em conjunto com os estudantes, optou por retomar de forma mais intensa somente em fevereiro de 2012 o debate acerca de tópicos como a repressão na universidade, a falta de democracia e diálogo da Reitoria e a revogação do convênio da USP com a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Desde a assembleia ocorrida na Escola Politécnica, em 23/11, foi deliberado que a Calourada de 2012 será organizada pelo comando de greve. “A tarefa do movimento estudantil nas férias será organizar a Calourada para gerar o debate e a conscientização dos alunos que estão por vir. É isso que esperamos colocar em prática na primeira semana de atividade de 2012 e, para a segunda semana, já estão marcadas tanto uma assembleia geral dos estudantes quanto uma da ECA”, informa Thiago Nahrenholz, diretor do Centro Acadêmico Lupe Cotrim, da ECA.

Na visão de Thiago Aguiar, integrante do Diretório Central dos Estudantes “Alexandre Vannucchi Leme” (DCE-Livre), a greve significou uma robusta resposta dos estudantes à “absurda situação de militarização do campus promovida pela Reitoria”. “A prisão dos estudantes foi uma grave derrota para o movimento social da universidade. Realizar, depois disso, assembleias e atos reunindo duas mil, três mil ou cinco mil pessoas, num final de ano, foi uma demonstração política muito importante de que a luta pela democratização da universidade não começou e nem terminará hoje”.

Iluminação

O DCE-Livre participou ativamente no processo de greve tanto nas unidades da capital quanto nas do interior. “Estivemos, por exemplo, em atividades em Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos. Neste último campus, realizou-se uma assembleia com 1.200 estudantes, que apoiou a mobilização, realizada em maior medida no Butantã, através de paralisações e atos”, explica Aguiar.

Até agora a Reitoria não manifestou qualquer intenção de revogar o convênio com a SSP. O reitor João Grandino Rodas foi convidado a comparecer a uma audiência pública na Alesp (28/11) na qual prestaria esclarecimentos à Comissão de Educação. No entanto, não compareceu — enviou um ofício à Alesp alegando um problema em sua agenda — e nem enviou um representante. Nahrenholz, da ECA, acredita que, apesar de não ter havido qualquer tentativa de diálogo por parte da Reitoria, “o anúncio do novo sistema de iluminação, de alguma maneira, foi um ganho, já que era uma das reivindicações da greve” (ele refere-se à duplicação do número de lâmpadas do campus Butantã, que serão 7 mil ao todo).

Artur Hatamura, diretor do Centro Acadêmico de Engenharia de Produção da EP, questiona a greve: “O único mérito da greve foi criar um ambiente de debates, estimulando discussões inclusive entre alunos normalmente não politizados. No entanto, o movimento não se preocupou em justificar-se perante a sociedade, o que fez com que a mídia e a sociedade em geral se voltassem contra os alunos da USP”.

“O ideal para resolver o problema de segurança seria um conjunto de mudanças como melhor iluminação, poda mais frequente das árvores, melhor treinamento da Guarda Universitária. Enquanto essas mudanças não são feitas, consideramos que a Polícia no campus seja uma medida provisória válida, desde que não reprima manifestações políticas e estudantis e se dedique à prevenção de crimes”.

Hatamura disse esperar que em 2012 o movimento “respeite os alunos que decidirem não entrar em greve, não cerceando o direito destes alunos de assistir às aulas”.

 

Informativo n° 339

EXPRESSO ADUSP


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