Sarau Adusp homenageia Rimbaud

Os amantes da poesia deleitaram-se com o Sarau organizado pela Adusp em 24/3. A convite da entidade, o grupo Ó de Casa prestou homenagem a Rimbaud.

O Sarau foi aberto pelo professor Marcos Silva, da FFLCH. “Esta atividade gira em torno de um livro que eu publiquei no ano passado, Rimbaud etc. História e Poesia. Esse livro eu escrevi muito lentamente, comecei em 2001, acabei em 2009 e ele saiu em 2011. É um conjunto de textos que tem como centro a poesia de Rimbaud e seus contemporâneos, e mais dois textos que se articulam com esse universo”, explicou o docente.

Fotos: Daniel Garcia

O encontro teve início com a declamação do texto “A escrava que não é Isaura; fragmento”, de Mário de Andrade: “E Adão viu Javé tirar-lhe da costela um ser que os homens se obstinam em proclamar a coisa mais perfeita da criação: Eva. Invejoso e macaco, o primeiro homem resolveu criar também. Mas como não soubesse ainda cirurgia para uma operação tão interna, quanto extraordinária, tirou da língua um outro ser. Era também o primeiro plágio: uma mulher. Humana. Cósmica. Bela. E para exemplo das gerações futuras…”.

A apresentação do Ó de Casa mesclou música, poesia e teatro, encantando os presentes. Muitas referências se entrecruzaram, pois, como disse Marcos Silva, buscou-se reforçar o diálogo entre culturas. Canções de Chico Buarque foram vertidas para o francês. Outras, famosas na voz de Edith Piaf, puderam ser ouvidas em português.

Depois de uma versão em português para a famosa “Habanera”, de Georges Bizet, foi a vez do poema “Mi’a Boemia”, de Rimbaud: “Eu me ia, os punhos nos bolsos virados. Meu paletó também se tornava ideal. Vinha sobre o céu, Musa. Te era leal. U-la-lá, o esplendor dos amores sonhados” … “As estrelas, no céu, ciciavam o seu naco. E eu ouvia, sentado à beira do caminho, nas noites de setembro, em que sentia o vinho gotejante na testa. Róseo, vigor, são. E no meio do negror fantástico, como lira, esticava, esticava o elástico do calçado ferido… Um pé no coração!”

O Sarau encerrou-se em ritmo de Carnaval e depois passou-se aos comes e bebes.

Informativo Adusp 342