O ano galopa. E, tal como havíamos sugerido no editorial da edição anterior, 2013 será mesmo de embates e de fortes emoções. Não poderíamos, por isso, deixar de convidar os  colegas a comparecerem à assembleia do próximo dia 21/3, na qual trataremos de temas diversos, mas todos muito importantes neste momento histórico, tanto no que diz respeito ao país quanto no tocante à USP.

A discussão das cotas com recorte social e racial é um exemplo. O programa formulado pelo governo Alckmin, o Pimesp, padece de todos os vícios, a começar pela invenção de um college que é uma confissão de culpa, sem falar na carona concedida ao ensino “semipresencial” que tanto encanta os interessados em rebaixar o investimento em edu­cação. Porém, a julgar por algumas vozes que já se colocaram no debate, há quem o rejeite não por essas compreensíveis razões (como o faz a Frente Pró-Cotas de SP), mas porque vê nas cotas uma insuportável ameaça ao “mérito” e à “qualidade do ensino” (leia a reportagem). 

Outro ponto relevante do debate nacional, com forte injunção na USP, é a questão da luta por memória, verdade e justiça. Se esta universidade perdeu quarenta e sete de seus alunos e docentes, trucidados pela Ditadura Militar; se dezenas de seus docentes foram cassados ou aposentados compulsoriamente; se centenas ou milhares de seus estudantes foram perseguidos e presos, então nada mais urgente do que criar-se a Comissão da Verdade da própria instituição. Objetivo do Fórum Aberto pela Democratização da USP, do qual a Adusp faz parte, e que parece mais próximo depois das últimas reuniões com o grupo de trabalho designado pelo reitor.

Campanha salarial é outro assunto da assembleia, pois estamos às vésperas da data-base, precisamente quando a política de finanças e a política salarial do Cruesp mostram segredos e descaminhos até então insuspeitos, apesar de toda a tradição de sigilo dos reitores… O Fórum das Seis reivindicará  um reajuste que reponha a inflação do período e  inclua a reposição parcial de perdas históricas. A se fiar por notícia publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo de 23/2/13, USP, Unesp e Unicamp teriam em caixa nada menos do que R$ 6 bilhões, em números redondos: nada mal, para quem acenava com a possibilidade de buscar dinheiro com a iniciativa privada, como fez recentemente o reitor Rodas. Mas que parte dessa reserva financeira será destinada ao reajuste da data-base? A resposta dependerá, e muito, da capacidade de mobilização da categoria.

Quando falamos de descaminhos, nos referimos à confusão  que se verifica hoje na política salarial do Cruesp. Nada menos do que quatro portarias sobre salários foram editadas desde 2010, todas tratando não de reajuste, mas de “reestruturação salarial da carreira”, constituindo cada uma delas um remendo da anterior. Tentamos explicar aqui a Resolução 2/2013 do Cruesp, que concede aos Professores Titulares aumento de 3,41%, mas chega ao disparate de autorizar os reitores a colocá-la em vigor quando bem entenderem, “por conve­ni­ência e oportunidade adminis­trativa”.

O estado caótico da política salarial está relacionado à introdução da nova carreira, ou seja, da progressão horizontal. Note-se, porém, que a pior faceta da nova carreira não reside aí, mas no processo de avaliação. Aprofundar a discussão da progressão horizontal na assembleia de 21/3, bem como avaliar a primeira rodada do processo, são tarefas que se colocam para a Adusp diante do grande número de injustiças e distorções já identificadas até agora.

Como se vê, são muitas as frentes de luta, e nesta edição o leitor encontrará material para informar-se e tomar posição a respeito de quase todas. A vida prossegue, a luta também!

 

Informativo nº 358

EXPRESSO ADUSP


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