A USP divulgou em 15/9 a relação de chapas inscritas na disputa para a eleição de reitor(a) e vice-reitor(a) para a gestão 2014-2017 (veja em http://goo.gl/KvqAvr). Na eleição de turno único que ocorrerá em 20/12, os cerca de 2 mil membros do colégio eleitoral terão de escolher entre quatro duplas que disputam o pleito.

Hélio Nogueira da Cruz para reitor e Telma Zorn para vice compõem a chapa 1, “Diversidade e Excelência”; José Roberto Cardoso e José Franchini Ramires integram a chapa 2, “Rumo ao Futuro”; Marco Antonio Zago e Vahan Agopyan formam a chapa 3 “Participação e Excelência”; Wanderley Messias da Costa e Suely Vilela (ex-reitora, 2005-2009) constituem a chapa 4, “Mantendo o Rumo”. O programa de gestão das chapas está disponível no site da Secretaria Geral da USP (http://goo.gl/T9Wcrd).

Os candidatos foram convidados a apresentar suas propostas em uma série de apresentações denominada “Conversas com Candidatos a Reitor”, realizada de modo conjunto por quatro unidades da USP: Instituto Oceanográfico (IO, cujo auditório sediou a atividade), Instituto de Geociências (IGC), Instituto de Matemática e Estatística (IME) e Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG).

O primeiro candidato a falar, em 16/10, foi José Roberto Cardoso, diretor afastado da Escola Politécnica. Pró-reitor de pesquisa afastado do cargo, professor da Faculdade de Medicina, Marco Antonio Zago apresentou-se em 17/10.

“Orçamento furado”

Cardoso destacou, entre os eixos do programa, a criação de um fórum permanente para se discutir a diversidade (“principalmente sexual”); a necessidade de se rediscutir a Comissão da Verdade da USP, pois “não podemos ter uma Comissão da Verdade chapa-branca”; investimento em obras de infraestrutura para melhoria do ensino na graduação; atribuir à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão papel importante com relação à inclusão social (“quanto ao Inclusp, nunca tivemos nenhum parecer dessa Pró-Reitoria sobre o tema, um sociólogo para explicar a questão, nenhuma conversa aberta”); atenção aos aspectos econômicos da internacionalização e investimentos para ensino online.

Indagado sobre a gestão financeira da USP, Cardoso foi enfático e crítico: “O nosso orçamento está furado, esta é a realidade. Está 140% acima do estipulado. Existe uma reserva, mas não sabemos sobre ela. Nós temos R$ 1,5 bilhão [disponibilizados] para essas obras que estão em andamento. Depois do Metrô de São Paulo, a USP é a que mais gasta com obras. Precisamos abrir essa ‘Caixa de Pandora’. Precisamos ouvir as pessoas sobre isso. Como se pode construir prédios sem falar para ninguém?”. Sobre a política de benefícios concedidos a docentes e funcionários, advertiu: “Benefício é algo que uma vez que se atribui, não se consegue mais tirar. Precisamos ter uma gestão que faça reajustes, mas às claras”.

Ele defendeu uma posição “menos refratária” a parcerias da universidade com instituições privadas. Ainda estocou um de seus adversários na disputa, o vice-reitor afastado Hélio Nogueira: “Teremos uma Reitoria diferente. Uma Reitoria em que o reitor vai receber os dirigentes e o vice-reitor não será um apêndice como foi dessa vez. Precisamos mudar”, finalizou sob aplausos.

“Dupla compatível”

Zago prometeu que, se eleito, sua gestão será compartilhada entre reitor e vice-reitor: “Somos uma dupla compatível, já testada. Temos um perfil que é fortemente acadêmico, mas os dois também têm experiências de gestões fora da USP”. Destacou o fato de ter sido presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), enquanto Vahan presidiu o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). 

“Precisamos oferecer um ensino que atenda o interesse da sociedade e não apenas os nossos interesses”, disse. Pontuou os eixos de ação de sua possível gestão: melhora acentuada (“ou uma revolução”) da graduação; reforma administrativa para aumento da eficiência dos serviços internos; reforma da governança da universidade; democratização. 

Ele questionou a proposta de Estatuinte: “Vejo a Estatuinte como um método de trabalho pouco eficiente. Primeiro temos que nos preocupar com os problemas que temos hoje … Porque se entrarmos em uma Estatuinte ficaremos quatro anos discutindo. Queremos, eu e Vahan, entrar para depois de seis, oito meses, implantarmos mudanças”. 

Zago se mostrou a favor de uma universidade mais aberta à cidade: “Se a PM [Polícia Militar] não cumpre bem a sua função fora da universidade, também não cumprirá dentro. O problema maior é o uso de forças violentas para conter manifestações. Uma universidade que não tem discordância é um mosteiro. Queremos discordância, mas sem violência. Temos que admitir que força policial não serve para mediar isso. É preciso diálogo”. O professor ainda lembrou: “Há uma memória entre os mais velhos de que forças militares foram usadas para conter a oposição à Ditadura, como quando fomos invadidos pelo Exército. Essa época não existe mais. Porém, ainda há o desrespeito aos direitos humanos”. Nos dias 22/10 e 24/10, às 13h, estão previstas as apresentações de Wanderley Messias e Hélio Nogueira.

Informativo nº 371

EXPRESSO ADUSP


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