A tropa de choque da Polícia Militar realizou na manhã de 12/11 a reintegração de posse da Reitoria da USP, ocupada desde 1º/10. Os estudantes que ocupavam o prédio retiraram-se antes da chegada da PM, porque foram avisados a tempo e decidiram não resistir. Contudo, dois estudantes, João Vítor Gonzaga Campos, de 27 anos, e Inauê Taiguara Monteiro de Almeida, ambos da FFLCH-USP, foram detidos pela PM, supostamente durante uma “tentativa de fuga”, e indiciados por danos e furto ao patrimônio público e formação de quadrilha, segundo o boletim de ocorrência (BO). Eles foram conduzidos ao 91º Distrito Policial e depois transferidos, em 13/11, para o Centro de Detenção Provisória de Osasco. Somente na noite de 13/11 é que seus advogados conseguiram a soltura, autorizada pela juíza Juliana Guelfi, do Departamento de Inquéritos Policiais.

Lideranças do movimento de ocupação afirmam categoricamente que João Vítor e Inauê não têm qualquer relação com o movimento. No momento em que foram presos, retornavam de uma festa na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humans (FFLCH), em direção à moradia estudantil. Tudo indica que a PM queria fazer prisões de qualquer modo.

O advogado Felipe Vono informou ao portal G1 que, “ao perguntarem por que estariam sendo detidos, os dois estudantes levaram chutes na canela, foram colocados dentro de um ônibus, onde foram deitados com a cabeça no chão e ouviram ‘uma série de humilhações’, além de levarem socos no estômago”. Enquanto estiveram encarcerados, não receberam refeições e tiveram seus cabelos raspados.

Na tentativa de obter uma posição da USP e liberar os rapazes, deputados estaduais tentaram contato com a Reitoria, sem êxito. O deputado Carlos Giannazi (PSOL) esteve no 93º DP, onde conseguiu conversar com eles na carceragem. “Constatei na conversa com o delegado que as acusações são absurdas. Estes alunos não faziam parte do acampamento, um deles é também funcionário da FAU [Faculdade de Arquitetura e Urbanismo], não teria como ficar lá, pois trabalha o dia inteiro. Foram escolhidos como bodes expiatórios”, declarou ao Informativo Adusp.

Giannazi pretende acionar a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, pois não conseguiu demover o delegado Celso Lahoz Garcia quanto ao relaxamento das prisões. “Argumentei muito, mas ele está convencido do BO que fez. Fiquei horrorizado. Disse a ele que está criminalizando ainda mais a situação, fortalecendo o autoritarismo do reitor e do governo estadual”.

Informativo nº 373

EXPRESSO ADUSP


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