A comunidade da EACH, com apoio da Adusp e de outras entidades, realizou em 14/2, na Escola de Aplicação, o Seminário “Contaminação Ambiental e Saúde, o caso da USP Leste”, que contou com a participação da Gerência em Vigilância Ambiental da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) e do Centro de Referência da Saúde do Trabalhador-Leste (CRST), ambos pertencentes à Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

Uma das mesas, que teve como expositor convidado o professor Carlos Mendonça, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG-USP), tratou das questões ambientais da EACH. Mendonça apresentou seu estudo “Acumulações de biogás em sedimentos quaternários da bacia sedimentar de São Paulo: importância para a prevenção de desastres”, e defendeu a necessidade de se realizar a drenagem do metano presente em bolsões localizados em formações sedimentares situadas numa faixa que varia entre 4 m e 10 m de profundidade. O trabalho de exaustão desse gás que vem sendo realizado na EACH limita-se a concentrações próximas da superfície.

O professor Evandro Moretto (EACH), no estudo “Condições Ambientais da EACH”, apresentou uma detalhada retrospectiva das pesquisas e intervenções realizadas no campus leste. A conclusão aponta que a viabilidade ambiental da escola “está condicionada às exigências da Licença de Operação” estipuladas pela Cetesb e envolve tanto a gestão do risco de explosão (monitoramento e exaustão de metano) quanto a gestão do risco de contaminação, que inclui avaliação de risco ambiental, plano de reabilitação e análise de custo-benefício.

Coube à professora Adriana Tufaile (EACH) explanar sobre a mobilização da comunidade que resultou na greve de 2013, na saída do diretor Jorge Boueri, na criação de colegiados com a participação das categorias (GT e Comissão Ambiental) e na consulta oficial paritária para escolha da nova direção.

Saúde em jogo

Outra mesa, composta pela equipe da Covisa, abordou a questão dos contaminantes químicos e dos riscos à saúde humana. Estela Maria Bonini,  enfermeira sanitarista, discorreu sobre as interações entre saúde e meio ambiente e os marcos legais de construção do Sistema Único de Saúde e da proteção frente a riscos ambientais, enfatizando a importância da prevenção. Para ela, é preciso introduzir no debate o conceito de “injustiça ambiental”, utilizado pela Fiocruz em vários estudos.

Mirta Alcira Ferro Rodrigues Silva, médica sanitarista, falou sobre os indicadores de risco para a saúde de populações expostas a substâncias químicas: efeitos carcinogênicos, efeitos não carcinogênicos, susceptibilidade das populações etc., bem como sobre avaliações de risco de adoecimento, protocolos de atendimento e estudos epidemiológicos.

Ao final houve um amplo debate entre a plateia e os expositores. Algumas pessoas questionaram a própria escolha do campus, situado em áreas de proteção ambiental e, por outro lado, utilizado como depósito de sedimentos dragados do rio Tietê e de lixo industrial.

“A recuperação de áreas degradadas é viável”, defendeu o professor Mendonça. “Houve problemas parecidos na Irlanda e em Nova Jersey, que passaram por processos industriais severos”, disse. O professor Moretto acredita que a remediação dos problemas ambientais do campus leste demandará cerca de um ano. “Eu também quero voltar para a EACH, defendo a unidade lá, mas com muita responsabilidade”.

Vinicius Boim, do CRST, propôs o “acolhimento imediato de todos os trabalhadores da USP Leste com problemas de saúde” e destacou que não se pode “escamotear os impactos para a saúde humana” da contaminação existente no campus. Nelson Figueira Jr., também da Covisa, destacou a necessidade de se obter uma avaliação de risco à saúde humana (que não se confunde com os estudos ambientais), pois “grupos diversos se expuseram” a substâncias contaminantes.

Foi denunciado que os funcionários terceirizados que permanecem no campus leste (vigilan­tes e operários) trabalham em situação de grande precariedade, sem equipamentos de proteção e precisando se cotizar para comprar água. Também se falou dos riscos para os moradores dos bairros do entorno: “Que linha imaginária diz que a creche do Keralux não está sendo afetada por tudo isso?”, indagou a professora Bete Franco.

Informativo nº 376

EXPRESSO ADUSP


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