Afinal, o que se faz nas universidades públicas?

As universidades são formadas por um conjunto de Escolas Superiores, Faculdades ou Institutos de Ensino, de diferentes campos de conhecimento. Em cada uma dessas unidades se desenvolvem atividades de ensino de jovens que estão dando continuidade ao ensino médio, formando profissionais altamente qualificados para o mercado de trabalho e também dos que, já tendo terminado o ensino superior, querem seguir a carreira de pesquisadores. Em cada uma delas também são desenvolvidas pesquisas – às vezes em laboratórios, às vezes com documentos, outras junto a pessoas e comunidades e, ainda, são prestados serviços à comunidade, em ações que são chamadas de extensão universitária. É importante lembrar que hoje em dia no Brasil, 99% da pesquisa científica de todo o país é realizada em instituições públicas, em especial nas universidades e, das 20 universidades que mais produzem ciência, 15 são federais e 5 estaduais.
A Universidade Pública é necessária ao Desenvolvimento do Brasil.

Quem paga pelas universidades públicas?

Eu, você e todos nós. No Estado de São Paulo, as três universidades estaduais (USP, Unesp e Unicamp), além das escolas técnicas (ETECs e FATECs) do Centro Paula Souza, são mantidas com 9,57% do ICMS (quota-parte do estado). Já as universidades federais são mantidas com parte dos recursos de impostos federais e destinados à educação, geridos pelo Ministério da Educação. Ou seja: parte de nossos impostos é investida nas universidades e institutos de pesquisa e por isso oferecer seus cursos de forma gratuita aos estudantes.
Defender a Universidade Pública é defender o Direito à Educação.

Só gente rica estuda nas universidades públicas?

Não hoje! Durante muito tempo, o ensino superior era só para quem podia estudar e tinha condições de ficar sem trabalhar até obter o diploma (pois as universidades públicas ficavam apenas em cidades centrais e muitos cursos eram integrais), e entre estes aqueles alunos de outras classes sociais que se mostrassem excelentes durante a escola básica e obtinham algum suporte para os estudos. Mas nos últimos vinte anos tem sido feito um enorme esforço de garantir que pessoas de diferentes origens sociais cheguem ao ensino superior: foram surgindo cursinhos populares de preparação para o vestibular; formas de isentar estudantes com menores condições econômicas do pagamento das inscrições; aumento de cursos noturnos; foram criadas universidades no interior dos estados quase todas adotaram um sistema de seleção que permite a todo jovem que tenha um bom desempenho no ENEM tentar uma vaga em diferentes regiões do país; ampliou-se a condição de permanência estudantil por meio de bolsas e diferentes auxílios; e, também, adotaram cotas sociais e/ou raciais. Isso mudou muito o perfil dos estudantes: hoje, nas universidades federais, 2 em cada 3 estudantes vêm de famílias com renda média de 1,5 salário mínimo (em 2018, conforme dados da Andifes); nas universidades estaduais paulistas, a porcentagem de estudantes que vem de escolas públicas é em torno de 50% e isso têm aumentado ano a ano.
Defender a Universidade Pública é defender que mais gente chegue ao Ensino Superior, combatendo as desigualdades.

Mas se tanta gente paga pelas universidades, só quem estuda nelas é que se beneficia?

Não. A formação de bons profissionais, em especial em áreas em que dificilmente as faculdades e universidades particulares ofereceriam cursos por não ter muito retorno econômico, é algo que impacta a sociedade de modo geral. Mas as universidades ainda realizam ações como contribuir para esclarecer a população, em entrevistas em jornal, TV, blogs; oferecem formação continuada de professores das redes públicas (estados e municípios), bem como produzem materiais a serem utilizados pelas escolas; oferecem serviços em seus hospitais-escola (como os Hospitais Universitários e, no caso de São Paulo, o Hospital das Clínicas, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, o Hospital São Paulo, o HU no Butantã e o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais em Bauru, entre muitos outros), bem como serviços de atendimento odontológico; mantêm Colégios de Aplicação;algumas universidades mantêm museus e podem também abrigar espetáculos de teatro e música, com atividades abertas ao público geral;  uma vez que outros colegas pesquisadores avaliam como corretos os resultados de uma pesquisa, ela pode resultar em vacinas, novas formas de tratamento de doenças que não são olhadas por empresas e laboratórios farmacêuticos… É até difícil calcular a contribuição das universidades públicas para o país e a população, porque aí se desenvolvem não apenas as pesquisas de alto impacto imediato, mas também a chamada pesquisa básica, fundamental para garantir o avanço dos conhecimentos, técnicas e tecnologias e não nos deixar condenados a "importar" esses saberes.
Defender a Universidade Pública é defender Pesquisa de qualidade.

São Paulo, 15 de maio de 2019.

EXPRESSO ADUSP


    Se preferir, receba nosso Expresso pelo canal de whatsapp clicando aqui

    Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!