Encerraram-se em 14/5 as eleições para a direção nacional do Andes-SN. O resultado oficial será divulgado em 20/5. O professor Ciro T. Correia, que presidiu a Adusp entre 2001 e 2003 e encabeça a chapa única “Por uma Andes-SN autônoma, democrática e de luta!”, avalia que o grande desafio da próxima gestão da Andes é “mobilizar a categoria” e “conseguir a participação nas instâncias de deliberação”. Segundo o professor, projetos do governo federal como Reuni, Prouni e educação à distância são “bobagens com as quais o governo tenta fazer de conta que está querendo resolver o problema da educação”. Leia abaixo a entrevista:

Quais os principais desafios a serem enfrentados pela próxima gestão do Andes?

O grande desafio é mobilizar a categoria e estabelecer um mecanismo de comunicação, de interlocução e de ação conjunta. No momento, você tem uma desmobilização muito grande, por vários fatores: cooptação de grande parte do movimento social pelo governo, exploração muito grande da classe trabalhadora em geral e sobrecarga de trabalho nas instituições universitárias. Um outro desafio é conseguir a participação da categoria nas instâncias de deliberação e com isso acumular mais forças para o duro embate que a gente já vem fazendo com o governo em três campos: aumento do financiamento do ensino em geral e do ensino superior em particular; recuperação salarial da categoria de todos os setores do ensino superior; e melhoria das condições de trabalho nas instituições.

Como se pretende lidar com os projetos do governo federal?

De modo mais abrangente, Reuni, Prouni, educação à distância, flexibilização de ensino, são todos bobagens com as quais o governo tenta fazer de conta que está querendo resolver o problema da educação. Esse governo claramente abandonou o compromisso político com o qual ele foi eleito, de derrubar o veto do governo anterior à ampliação do financiamento da educação de cerca de 3% para 7% do PIB, como aprovado pelo Congresso Nacional no Plano Nacional da Educação. A educação recebe, em todos os níveis, R$ 60 bilhões por ano, e o pagamento de juros para banqueiro é da ordem de R$ 240 bilhões. A hora em que o governo opta por não mudar a situação do financiamento, opta por não mudar a realidade do setor educacional. Numa postura cínica e perversa, como ele sabe que a sociedade entende que a educação é importante, ele bombardeia a comunidade acadêmica e a sociedade com uma série de programas supostamente para melhorar a situação da educação e empurra o problema com a barriga. Nós vamos combater essas políticas, batendo na tecla de que é necessário aumentar significativamente o volume de recursos e dar autonomia de gestão administrativa e financeira para as instituições do ensino superior.

Qual será a atuação frente às fundações privadas?

O Andes tem feito aquilo que a gente começou a fazer de um modo mais sistemático na Adusp:  levantar os dados das fundações e demonstrar que elas não são aquilo que dizem ser para o grande público. Não são entidades nem filantrópicas nem de apoio, são entidades que têm fins lucrativos, que têm interesses específicos e que infelizmente atuam na universidade pública em benefício próprio. Embora a gente denuncie isso há décadas, nem o governo federal nem o estadual têm tomado as devidas providências para acabar com esse tipo de vínculo ilegal, ilegítimo, irregular. Essa situação foi se tornando tão grave que têm ocorrido escândalos. Nesse momento, é fundamental denunciar que, na hora em que o escândalo vêm a público, os agentes tomam medidas no sentido de parecer que estão dando uma solução para o problema, mas mantêm o status quo. Nós vamos continuar militando no campo jurídico e político e no debate interno na universidade.

 

Matéria publicada no Informativo n° 259

EXPRESSO ADUSP


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