Para Waldyr Jorge, PIDV causou “perda  de quadros qualificados” e foi “equívoco”

Ao conceder entrevista à reportagem do Informativo Adusp, em 6/4, durante a qual explicou as providências que vem tomando — negociações com as secretarias municipal e estadual da Saúde; troca do serviço privado de ambulâncias pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU, federal); e tratativas com a Reitoria para contratações de emergência — o professor Waldyr Jorge, superintendente do Hospital Universitário (HU), admitiu que o Programa de Incentivo à Demissão Voluntária causou graves problemas ao hospital: “Veio o PIDV. Não fui consultado. Estamos sofrendo uma perda de quadros importantes, altamente qualificados. Por isso solicitei uma avaliação de cada departamento, e não sei por que razão tornou-se pública”. 

Daniel Garcia
Professor Waldyr Jorge, Superintendente do HU

O Informativo Adusp ponderou ao professor que, sendo ele pessoa da confiança do reitor a ponto de exercer simultaneamente três importantes cargos (direção da Faculdade de Odontologia e superintendências de Assistência Social e do HU), não se compreendia que não tivesse sido consultado ou que não fizesse chegar ao reitor seu inconformismo com o PIDV. “Ele [o reitor] nunca propôs uma discussão comigo sobre questões financeiras da USP”, respondeu, sem dar à frase qualquer conotação contestatória ou de queixa. 

Foi lembrado ao superintendente que o PIDV foi objeto de deliberação do Conselho Universitário (Co), no qual ele tem assento na condição de diretor da FO, e que portanto provavelmente teve oportunidade de se manifestar sobre a proposta. À indagação de como votou na ocasião em que o PIDV foi submetido à apreciação do Co (em 2/9/14), Waldyr Jorge precisou responder que endossou a proposta do reitor: “Eu tive que votar favoravelmente”. A explicação para isso estaria na situação de crise financeira descrita pela Reitoria e pela Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP).

Ao final da conversa, quando se despedia dos repórteres, ele deixou escapar, em tom de desabafo, uma crítica mais contundente, ao falar genericamente em “equívocos” que teriam sido cometidos. Instado a explicar se o PIDV estaria entre tais equívocos, o superintendente respondeu: “PIDV, a questão do dinheiro [teto salarial]. Foi feito de maneira muito rápida. Dói na gente”. 

Congestionamento

“Já tivemos reuniões na Codage, DRH. Estamos tratando desse assunto”, disse Waldyr Jorge quando questionado sobre eventuais contratações de emergência no HU, reivindicadas pelos movimentos sociais do Butantã e pelo Sindicato dos Médicos (Simesp). Estamos discutindo as necessidades prementes na área crítica do hospital. Soluções paliativas, temporárias, para pelo menos manter a qualidade”.

O superintendente do HU disse ao Informativo Adusp que a questão da redução de plantões foi resolvida mediante gerenciamento, e procurou minimizar as preocupações expressas no relatório assinado pelo chefe técnico do Departamento Médico, Marcelo Borba, e pelo diretor clínico, José Pinhata Otoch, segundo o qual “a implantação do novo teto salarial e o início do PIDV no final de fevereiro deste ano causam um grande impacto na estrutura do Departamento Médico deste hospital, atingindo tanto o ensino quanto a assistência aos doentes atendidos”. O documento cita a redução de atendimentos na Pediatria e na Neonatologia e a interrupção de alguns serviços. A isso, respondeu Waldyr Jorge: “Os serviços vão voltar a ser oferecidos, não houve prejuízo. O relatório não está fechado, não é um relatório final”. 

O superintendente afirmou que a porta de entrada do HU está congestionada: “Estamos atendendo pacientes do estirão da Zona Leste até o estirão da Zona Sul. O hospital não pode se negar a atender, não posso incorrer em omissão de socorro”. Em função dessa sobrecarga, explicou que está tentando repactuar com a Secretaria Estadual da Saúde (SES) e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) a participação do HU e de ambas no conjunto de atendimentos que o hospital vem sendo obrigado a fazer. 

“O perfil do hospital é o atendimento secundário e não o atendimento primário, exceto no tocante ao Distrito Butantã e à comunidade USP. Os outros atores, unidades, pronto-socorros têm que cumprir a parte deles. Queremos repactuar referência contra referência”, comentou. Waldyr Jorge quer mais rapidez da SMS na implantação da Unidade Básica de Saúde Integral na comunidade São Remo, na quadra da Sabesp: “O reitor assinou permissão de uso em novembro [de 2014], mas não conseguiram instalar. Estou cobrando”.

“Autoestima fragilizada”

Por outro lado, ele tinha reunião agendada com a SES em 7/4, para tentar resolver o problema representado pelo afluxo de moradores de municípios vizinhos que procuram ser atendidos no HU. Uma parte do que o professor chama de “estrangulamento do atendimento” é atribuída a pacientes oriundos de cidades como Taboão da Serra, Embu, Osasco, Barueri, Cotia e outras. 

Outra providência que Waldyr Jorge valoriza está relacionada à entrada do SAMU, que acaba de inaugurar uma base ao lado do Clube da Universidade, destinada a atender a comunidade USP, e que vai substituir as ambulâncias privadas que atendiam o HU: “É uma parceria importantíssima, que vai permitir um salto de qualidade”. 

Ele disse ter realizado “incontáveis reuniões” com a equipe do HU. “Eles estão com a autoestima fragilizada. A proposta de desvinculação teve um alto custo [psicológico]. Estou tentando restabelecer uma relação com o corpo clínico, os funcionários e a enfermagem”.

EXPRESSO ADUSP


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