2ª Feira Estadual da Reforma Agrária em Campinas repete o sucesso do evento nacional realizado no Parque da Água Branca
Feira realizada em Campinas destacou importância de alimentação saudável como direito da população

Difundindo a ideia segundo a qual a Reforma Agrária oferece alimentos saudáveis para todos e todas, protegendo a natureza e promovendo justiça social, a 2ª Feira Estadual da Reforma Agrária “Neusa Paviato” ocorreu na Estação da Cultura, em Campinas, entre os dias 3 e 5 de outubro. O evento contou com estandes de produtos agroecológicos da reforma agrária de diferentes localidades do estado, mas também de outras regiões do país, com a “Culinária da Terra”, oferecendo pratos típicos paulistas, com mostras de artesanato, com apresentações artísticas, além de seminários e atos políticos.

A Adusp foi convidada pelos organizadores da Feira a participar das atividades e esteve representada por seu diretor regional de Piracicaba. Por outro lado, duas equipes do Programa Nacional de Formação em Assistência Técnica Rural para Assentamentos de Reforma Agrária (ProforEXT) sediadas no estado de São Paulo e vinculadas à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), integradas por recém-formados, estagiários e jovens dos assentamentos, participaram ativamente de atividades durante os três dias da Feira.

A atividade contou com forte participação da juventude. Na imagem, estande do ProforEXT

Sua atuação reforça o compromisso da universidade com a agricultura familiar, abordando temas como “políticas públicas para a juventude”. A propósito, os dois primeiros dias estiveram marcados pelas assembleias sobre os “Dilemas da Juventude: o que pensam os jovens do campo e da cidade” e “Dilemas da Humanidade no Século XXI: cuidar da vida e defender os bens comuns”.

O ato realizado no domingo, intitulado “Em defesa da reforma agrária, da alimentação saudável e do combate à fome”, é bastante emblemático do espírito que animou a realização da feira. Tratou-se de um evento com participação de representantes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Rede Livres e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), além de membros de cooperativas de agricultores familiares assentados e de cozinhas solidárias, visando anunciar o fornecimento direto de alimentos dos assentamentos para a população urbana em situação de insegurança alimentar.

Na ocasião dirigentes da Conab relataram o processo de sucateamento vivido por esta instituição pública sob o governo de Jair Bolsonaro, mas também sobre os esforços realizados no atual governo para recomposição das ações públicas de abastecimento, permitindo ampliar apoios à comercialização da agricultura familiar, especialmente em circuitos curtos agroalimentares. Desta maneira, a intenção é assegurar “comida de verdade, justiça social e combate às mudanças climáticas”, com promoção da reforma agrária.

Nos depoimentos ao longo do evento, foram ainda realçadas as ideias de salientar a centralidade feminina nas atividades da agricultura familiar e de fortalecer o fornecimento direto desta última para a alimentação escolar. A propósito, foi destacado que a lei 15.226/2025, publicada em 1o de outubro último, amplia o percentual mínimo de recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar destinados à aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural. A nova regra eleva o índice de 30% para 45% a partir de 1º de janeiro de 2026.

João Paulo Rodrigues, em nome do MST, apontou para prioridades do movimento para os próximos períodos: mobilizações visando a democratização do acesso à terra integrando a agenda ambiental no projeto camponês do movimento; fomento de geração de tecnologia adaptada aos desafios contemporâneos da agricultura familiar (especialmente em termos de bioinsumos, mecanização da atividade agrícola, agroindustrialização em redes produtivas e inteligência artificial); estímulo ao cooperativismo com reforço da ação coletiva; reforço das alianças entre produção e consumo ou campo e cidade. O dirigente do MST acredita que é com a intensificação da luta social que se pode alcançar os objetivos do “projeto de reforma agrária popular e agroecológica”.

EXPRESSO ADUSP


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