Conjuntura Política
Andes-SN condena ações de apologia ao nazismo nas universidades; após episódio em colação de grau, Reitoria da UFRGS registra ocorrência na Polícia Federal
A Diretoria do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Nível Superior (Andes-SN) publicou nesta quarta-feira (19/2) nota em repúdio à “tentativa de manifestação de cunho nazista” durante cerimônia de formatura dos cursos de Engenharia de Minas, Engenharia de Materiais e Engenharia Metalúrgica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ocorrida na última terça-feira (18/2).
Na ocasião, um formando compareceu ao Salão de Atos da universidade, onde se realizou a cerimônia, com uma suástica pintada no rosto. A administração da UFRGS foi comunicada, e o vice-reitor Pedro Costa e o coordenador de Segurança, Mozarte Simões da Costa Junior, foram até a sala em que os estudantes se preparavam para a formatura. Ambos comunicaram que o aluno estava proibido de participar da colação de grau com a suástica no rosto.
O estudante então apagou a suástica, manteve os outros símbolos que trazia pintados no rosto, não relacionados ao nazismo, e participou da cerimônia.
“Este ato não deve ser tratado isoladamente. O aumento de células neonazistas no Brasil é divulgado há anos e o seu avanço nas instituições de ensino exige tratamento firme por parte das administrações centrais das IES, Institutos e Cefets, assim como repúdio total das comunidades acadêmicas. A reorganização da extrema direita no contexto internacional, da mesma forma, exige que estejamos atentas e atentos para barrar o seu avanço no país”, diz a nota do Andes-SN.
O sindicato nacional lembra que “fazer apologia ao nazismo é crime previsto no Código Penal Brasileiro”. “A permanência de divulgadores(as) entusiastas do nazismo nos espaços das instituições de ensino não pode ser relativizada, nem permitida sob nenhuma justificativa. Conclamamos as e os docentes a repudiar essas ações de forma radical e a se somarem na luta para que isso não ocorra mais. Não passarão!”, conclui a nota da entidade.
DCE quer cassação do diploma
Nesta quarta-feira, o vice-reitor e o coordenador de Segurança da UFRGS registraram ocorrência na Superintendência da Polícia Federal em Porto Alegre, seguindo orientação da Procuradoria Federal na universidade.
Em nota publicada na quarta-feira, a UFRGS informou que a Reitoria se reunirá nesta sexta-feira (21/2) com a procuradora-chefe na universidade, Márcia Debona, “para definição das medidas administrativas” cabíveis no caso.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRGS encaminhou ofício à Reitoria requerendo a cassação do diploma do estudante. O DCE convocou um ato na manhã da próxima segunda-feira (24/2), em frente à Faculdade de Educação (Faced), no câmpus central, com o tema “Por uma UFRGS antifascista!”.
Em relação ao ofício da entidade, a Reitoria informou que “vai aguardar os desdobramentos das ações acima informadas”.
“Novamente, a UFRGS ressalta que não tolera ataques aos direitos humanos nem manifestações de ódio nos seus espaços e que sempre irá reagir com veemência diante de episódios inadmissíveis como o que ocorreu nos momentos que antecederam a solenidade de colação de grau do último dia 18, no Salão de Atos”, diz a nota da Reitoria.
Na noite da terça-feira, a universidade publicou comunicado no qual relata os acontecimentos e diz que o estudante alegou que a pintura no rosto não era uma suástica, mas um símbolo hindu. “Ele foi, então, advertido que se não apagasse a suástica, além de não poder colar grau, seria encaminhado para a Polícia Federal para registro de ocorrência e para que a PF avaliasse se era ou não um símbolo nazista o que ele ostentava”, diz a nota.
A UFRGS informou também que a decisão de “dar prosseguimento à cerimônia dentro da possível normalidade diante deste inadmissível episódio deve-se à consideração aos demais formandos, seus familiares e convidados que estavam reunidos em um momento de celebração”.
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