Ato por Moïse neste sábado no MASP questiona racismo e xenofobia

 

Continua repercutindo intensamente o assassinato do jovem congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, ocorrido no dia 24/1 num quiosque de praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Moïse foi espancado a pauladas por três homens quando reivindicava o pagamento por serviços prestados ao quiosque. Clientes e passantes testemunharam as agressões, sem intervir. Neste sábado (5/2) haverá manifestações de protesto contra o crime em diferentes pontos do país e do exterior. Em São Paulo a manifestação ocorrerá no MASP, às 10 horas.
 
A escola de samba Portela foi uma das instituições que repudiaram o episódio. Em nota, a Portela disse entender que “o papel de uma escola de samba não pode ser apenas fomentar a cultura e promover entretenimento”, pois cabe às agremiações carnavalescas “ajudar na expansão da cidadania, especialmente para quem vive em suas comunidades imediatas”. Lembra que um enredo “não pode ser apenas um mote para a produção de alegorias e fantasias, pois é fundamental passar uma mensagem que, além da relevância cultural, inspire, por exemplo, a descoberta da própria identidade”, e exemplifica: ao “escolher um enredo sobre os Baobás, reforçamos nossas raízes africanas, redescobrindo os caminhos que nos trouxeram até aqui”.
 
A nota aponta os vínculos entre o migrante congolês, a sociedade carioca e a escola de samba. “Moïse Kabagambe era africano. Moïse Kabagambe era morador de Madureira. Moïse Kabagambe foi estudante do Colégio Estadual Compositor Maneceia José de Andrade, que leva o nome de um dos nossos baluartes”. Por essas razões, completa, a Portela entende ser necessário unir sua voz “ao grito uníssono que repudia os atos violentos que levaram ao brutal assassinato deste jovem”.
 
Outra nota de repúdio foi assinada por entidades sociais e grupos de São Paulo e do Rio de Janeiro: Coletivo Direitos da Pessoa Idosa (CDPI), Agentes de Pastoral Negros (APN), Aliança Pró-Saúde da População Negra, Frente de Evangélicos pelo Estado de Direitos, Rede de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa (RDPI), Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), Comissão Justiça e Paz de São Paulo, OAB Seccional Rio de Janeiro e outras 15 organizações e coletivos.
 
“Nós, representantes dos coletivos que lutam pelo Direito das Pessoas Idosas e cientes do racismo estrutural presente na sociedade brasileira que bloqueia o direito à vida longeva para as pessoas negras, nos solidarizamos à família do Moïse, jovem congolês brutalmente assassinado no Rio de Janeiro, dia 24 de janeiro. Repudiamos a xenofobia, o racismo e a exploração da classe trabalhadora presentes na sociedade brasileira”, diz o documento.
 
A Diretoria da Adusp se soma a estas e inúmeras outras manifestações de indignação frente ao torpe assassinato de Moïse e para que se faça justiça no caso, e se fará representar no ato do MASP. O ponto de encontro da Adusp será o Conjunto Nacional.
 

EXPRESSO ADUSP


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