Ato e debate de 16/6 mobilizam comunidade da USP
 
Daniel Garcia

José Sérgio de Carvalho (FE) fala no debate da noite de 16/6

As atividades realizadas pela Adusp em 16/6, no anfiteatro da Geografia, conseguiram mobilizar um grande número de estudantes, funcionários e professores.

Pela manhã, no ato de protesto contra a truculência da PM no campus, as falas dos professores Antonio Candido, Marilena Chauí e Maria Victoria Benevides comoveram e entusiasmaram as mais de mil pessoas que se dirigiram à FFLCH para ouvi-los. Centenas não conseguiram entrar no auditório e tiveram de acompanhar o ato por um telão.

As falas foram curtas e contundentes. Marilena criticou a Reitora, por trazer “duas vezes a Polícia ao campus” e por haver enfeixado um poder excessivo nas suas mãos. E pediu ampla democracia na USP: “Não bastam diretas já. É preciso desestruturar essa estrutura vertical e centralizada”. Maria Victoria reiterou o poder da soberania popular e da política. Antonio Candido manifestou seu “protesto veemente” contra a força bruta da PM e pediu uma clara definição da Universidade, “em favor da luta contra a desigualdade e pela justiça social”.

No dia seguinte, a mídia noticiou com destaque o evento, sem chamá-lo, contudo, pelo devido nome: para o Estado de S. Paulo foi uma “aula”, para a Folha de S. Paulo um “debate”. O Estadão foi além no dia 18/6: criticou, em editorial, Antonio Candido e Marilena, interpretando a seu bel prazer (e distorcendo) as declarações do professor. “Para ele”, disse o jornal, “piquetes e ocupações pela força bruta são, no máximo, ‘exageros’ que ele aplaude e estimula”.

O debate “USP 75 anos: que Universidade queremos nos próximos 25?” teve lugar à noite e contou com a participação dos professores Francisco de Oliveira (FFLCH) e José Sérgio de Carvalho (FE). Novamente, o auditório ficou lotado e foi preciso recorrer ao telão.

“A direita tradicional não precisa de universidade pública, gratuita, laica e democrática, porque isso não foi feito para essa elite”, disse Francisco. “O problema da USP é que os poderes constituídos não souberam e não a fizeram democrática”.

Para ele, “as universidades públicas brasileiras são a melhor expressão de um esforço de 75 anos”, uma façanha. “Todos os Estados brasileiros possuem universidades públicas. Vamos jogar essa conquista na lata do lixo? Esta é a política de Serra e desta Reitora”.

O professor José Sérgio criticou a Univesp. Atacou o argumento, defendido em artigo pelo jornalista Gilberto Dimenstein, de que o ensino à distância pode sanar os problemas de qualidade da formação dos professores.

“A qualidade de formação está sujeita a uma enorme polissemia”, disse, lembrando que o termo sofre de “anemia semântica”, uma vez que até o movimento “Todos pela Educação” tem uma versão para o que é essa qualidade.

Para ele, a Univesp confunde a noção de formação com a noção de aprendizagem, que é mais simples. “A qualidade de formação não pode ser estimada a posteriori. A formação universitária não se reduz às atividades em aula”. O tipo de política sintetizado pela Univesp “não entende o professor como ser autônomo”.

Carvalho leu um documento da Pró-Reitoria de Graduação que define como deve ser a formação de professores da USP e cujas diretrizes são totalmente contraditórias com a Univesp.

 

Matéria publicada no Informativo nº 286

EXPRESSO ADUSP


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