A GREVE CONTINUA!

Atualizada em 17/6/14

Avesso ao diálogo, alheio até às instâncias acadêmicas, Zago rompe com as promessas de campanha e provoca indignação

Na sessão da Assembleia Geral da Adusp de 16/6, realizada no Auditório da Faculdade de Educação, os docentes aprovaram a manutenção da greve, sem votos contrários e com três abstenções. Foi aprovada também uma visita à Assembleia Legislativa (Alesp) em 24/6, quando a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO-2015) será discutida na Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento (CFOP), bem como a realização de um ato público diante da Reitoria da USP em 27/6, sexta-feira.

Daniel Garcia

A maioria dos representantes de unidades presentes trouxe informes favoráveis à continuidade da greve. A Congregação do Instituto de Psicologia repudiou a postura da Reitoria e aprovou moção pedindo a reabertura das negociações. Na FFLCH, onde o diretor dificultara o pleito de uma reunião extraordinária da Congregação, rejeitando manifestações suficientes por e-mail, já foram colhidas assinaturas no papel em número necessário para a realização da reunião pretendida.

Daniel Garcia

A assembleia tratou dos próximos passos da mobilização, levando em conta o entendimento do Fórum das Seis de que as categorias das três universidades estaduais paulistas devem dar peso à aula pública marcada para 18/6, quarta-feira, na Praça da Sé, na capital. Considerou importante também a presença de um número significativo de pessoas na reunião da CFOP da Assembleia Legislativa em 24/6, terça-feira, às 14h30.

“Temos que aumentar a pressão na Assembleia Legislativa, os nossos colegas que trabalham com os números já deixaram muito claro isso. Apesar da possibilidade de que tenhamos algum reajuste, nós temos uma situação séria nas três universidades estaduais paulistas: daí a importância de buscar mais recursos na LDO-2015”, disse César Minto, coordenador do Fórum das Seis. “Estamos em um momento específico e oportuno: exatamente quando se define a LDO”.

“Dividir e imperar”

Também cogitou-se pressionar o governador Geraldo Alckmin como um dos próximos passos da mobilização. O professor Ocimar Alavarse (FE) comentou a respeito: “O Alckmin já está aqui, ele nega recursos que os reitores não pedem, esse é o nosso problema! Se é verdade que não podemos encontrar recursos agora para dar algum reajuste, as universidades estaduais paulistas necessitam imperiosamente de mais recursos. E quem os nega? O governador. Nós temos que exercer essa pressão”.

Muitos presentes expressaram uma dupla preocupação: por um lado, com a necessidade de abrir negociações, face à intransigência do Cruesp; por outro lado, com relação à capacidade de mobilização daqui para a frente, tendo em vista a Copa do Mundo e a aproximação do período de férias.

A recente carta do reitor (15/6) aos estudantes, que se somou a acontecimentos anteriores, como as deploráveis declarações que prestou ao jornal O Estado de S. Paulo (especialmente sobre o financiamento e sobre o RDIDP) e o cancelamento da reunião do Conselho Universitário (Co) de 11/6, agravou a revolta dos docentes. “Parece que o mote agora é divide et impera, do Império Romano. Separa as categorias, ele sequer menciona a greve dos estudantes, e quer dizer a eles ‘vocês não fazem parte dessa luta’, que é uma luta por salário”, destacou a professor Elisabetta Santoro (FFLCH).

“Nós ficamos falando ‘O reitor se nega a negociar, isso aí é um banho de água fria’, mas isso é uma ilegalidade! É isso que nós precisamos destacar. Ele tem a obrigação jurídica e legal de negociar com a categoria em greve. É o que está previsto na lei 7.783, que se aplica tanto aos trabalhadores em geral quanto àqueles que são estatutários”, sustentou o professor Jorge Souto Maior (FD).

“Ele [Zago] manda uma carta aberta aos alunos onde afirma que está sendo questionada a institucionalidade da USP porque seria ele que a representaria. Nós temos que fazer uma luta política mostrando que a defesa da Universidade pública se estende inclusive a isso, porque quem está destruindo a institucionalidade da USP e das universidades paulistas são o Cruesp e o reitor Zago, em particular, que ignorou a Assembleia Legislativa, que suspendeu o Co, que ignora as entidades representativas e que ignora inclusive as congregações. Ele está ignorando tudo para se impor como um Luís XVI”, denunciou Osvaldo Coggiola (FFLCH). “Temos que convencer essas pessoas [Zago e os dois outros reitores] que as nossas contas estão certas e as deles estão erradas, mas [nas circunstâncias atuais, sem negociação] não temos condições, não de convencê-los, mas sequer de nos dirigirmos a eles”.

Encerrada a reunião, um numeroso grupo de docentes se dirigiu à sede da Adusp, para uma animada e produtiva reunião do Comitê de Mobilização que se prolongou até meia-noite. 

 

EXPRESSO ADUSP


    Se preferir, receba nosso Expresso pelo canal de whatsapp clicando aqui

    Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!