Cronologia da mais longa greve da história da USP
  • 27/5 Inicia-se a greve de docentes, funcionários técnico-administrativos e estudantes da USP, Unesp e Unicamp, após duas reuniões entre o Conselho de Reitores (Cruesp) e o Fórum das Seis terminarem com proposta de 0% de reajuste salarial para os servidores. No mesmo dia, audiência pública na Assembleia Legislativa (Alesp) aborda o financiamento das universidades, sem a presença de nenhum dos reitores, que haviam sido convidados.
  • 3/6 Realizado o primeiro grande ato unificado do Fórum das Seis em frente à Reitoria da Unesp, no Anhangabaú. O reitor da USP passa a dar declarações contundentes à mídia e diz que pretende flexibilizar o RDIDP.

  • 4/6 AG da Adusp aprova carta em repúdio a declarações do reitor, que foi lida para o vice-reitor V. Agopyan, após docentes ocuparem o saguão da Reitoria.
  • 10/6 Novo ato unificado é realizado, desta vez em frente à Reitoria da USP. O objetivo: exigir que o reitor leve posição favorável à negociação salarial para a reunião entre Cruesp e Fórum das Seis marcada para 13/6.
  • 12/6 Os reitores cancelam a reunião agendada para o dia seguinte entre Cruesp e Fórum das Seis.
  • 13/6 Em Ribeirão Preto, M.A. Zago reúne-se com estudantes e concorda em receber, separadamente, representações de funcionários e de docentes. Critica a greve e nega que os repasses de ICMS às universidades sofram com manobras contábeis do governo estadual; diz basear-se em artigo do secretário Andrea Calabi (Fazenda).
  • 18/6 Aula Pública na Praça da Sé: o tema abordado é “Direito à Educação e à Saúde”, a cargo de vários colegas, incluindo o professor Paulo Arantes (FFLCH).
  • 24/6 Fórum das Seis comparece a reunião da Comissão de Finan­ças, Orçamento e Planeja­men­to (CFOP) sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO 2015).
  • 25/6 Forte indignação dos docentes com novas declarações do reitor, agora concedidas à revista Veja (edição de 25/6/14), marca a sessão da AG realizada no auditório da FE. Por ampla maioria decide-se dar continuidade à greve.
  • 27/6 “Arraial da Greve” é realizado em frente à Reitoria da USP, com declamação de poesias, forró, quadrilha, quentão. A tentativa de entregar à administração a “chave da negociação” não dá certo: reitor, vice-reitor e chefe de gabinete não se encontram no prédio. Em Campinas, o reitor da Unicamp, Tadeu Jorge, em encontro com centenas de docentes da instituição, reconhece a legitimidade da greve e responsabiliza o reitor da USP pelo impasse nas negociações do Cruesp.
  •  

    1/7 Novo ato do Fórum das Seis em frente à Reitoria da Unesp pressiona pela abertura de negociações. A presidente do Cruesp concorda em conversar com uma comissão. Após a manifestação, professores, funcionários e estudantes vão à Alesp pedir mais verbas para as estaduais paulistas.

  • 3/7 Reunião de negociação entre Fórum das Seis e Cruesp termina com novo 0% de reajuste salarial. Reitores insistem que as “pautas específicas” sejam dis­cutidas isoladamente por cada universidade.
  • 4/7 LDO-2015 é aprovada na Alesp, sem incorporar nenhuma das emendas formuladas e apresentadas pelo Fórum das Seis.
  • 15/7 Nova sessão da AG no auditório da FE, com moral elevado e “casa cheia”. A greve é mantida por ampla maioria, com apenas quatro abstenções e nenhum voto em contrário.
  • 21/7 Coordenadoria da Administração Geral da USP (Codage) envia às unidades a Circular 12/2014, que orienta os diretores de unidade a cortar o ponto dos funcionários técnico-administrativos em greve, abrindo possibilidade de desconto dos dias parados. Adusp e Sintusp  fazem declaração conjunta em que denunciam atentado ao direito de greve.
  • 28/7 Diante do endurecimento da Reitoria, a AG da Adusp endossa declaração conjunta contra o corte de ponto. 
  • 30/7 Adusp reúne-se com M.A. Zago e V. Agopyan, “para tratar de padrões de diálogo político”, dada “a falta de interlocução compatível”. A reunião termi­na sem qualquer avanço.
  •  

    31/7 Unicamp concede abono de 21% aos professores, aplicado sobre o salário de julho. No mesmo dia, em assembleia da Adunicamp, a categoria encerra a greve. Os funcionários técnico-administrativos, porém, continuam parados.

  • 4/8 Após a liberação da folha de pagamentos, o desconto nos salários é confirmado.
  • 7/8 Sessão da Assembleia Geral (AG) Permanente da Adusp lota o Auditório da História: é a maior realizada pela categoria desde o início da greve. A entrada da EE na greve, mobilização no IB, fortes assembleias setoriais na FSP e na FAU empolgam a AG, que recebe com grande emoção e alegria a notícia da libertação de Fábio Hideki Hirano e de Rafael Lusvarghi, presos ilegalmente por semanas. A AG delibera pela continuidade da greve, com três abstenções e um único voto contrário, e aprova a doação de cerca de mil cestas básicas para os funcionários prejudicados com a medida da Reitoria. Em resposta ao confisco dos salários, funcionários e estudantes trancam os três portões da USP.
  • 8/8 Aula magna da professora Marilena Chauí (FFLCH) sobre a Universidade Operacional, no auditório da FAU.
  • 12/8 Adusp reúne-se na História com cerca de 60 membros de 13 congregações, com a finalidade de discutir o real quadro financeiro da USP. 
  • 13/8 Fórum das Seis participa de audiência da CFOP da Alesp e apresenta suas reivindicações quanto ao financiamento das universidades estaduais: imediata interrupção dos descontos relativos à Habitação; repasse imediato de 0,7% da QPE do ICMS a ser depositada até outubro de 2014; acréscimo correspondente a esses 0,7% aos 9,57% constantes na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2015; e a elevação do repasse, na LDO-2016, para 10% do total do produto do ICMS. Um manifesto contra o corte de ponto dos funcionários é lançado no Auditório da História.
  • 14/8 Ato unificado sai do Portão 1 da USP e segue até o Palácio dos Bandeirantes. Milhares de pessoas participam da manifestação. Fórum das Seis apresenta a representantes da Casa Civil as propostas discutidas na véspera na Alesp. No mesmo dia, vaza na Folha de S. Paulo documento da Reitoria sobre um “plano de recuperação” da USP, que inclui um plano de demissões voluntárias, transferência do Hospital Universitário (HU) e do Hospital de Anomalias Craniofaciais de Bauru (HRAC) para a Secretaria Estadual da Saúde, redu­ção da jornada com redução de salários e outras medidas.
  • 15/8 Em reunião com diretores de unidades, M.A. Zago apresenta seu pacote de medidas “saneadoras”.
  • 18/8 Nova sessão da AG decide manter a greve, sem votos contrários e com apenas duas abstenções.
  • 19/8 Reitoria da USP protocola no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) ação declaratória de abusividade do direito de greve, exclusivamente contra o Sintusp.
  • 20/8 TRT-2 indefere o pedido da USP, no mesmo dia em que novo “trancaço” dos portões da universidade ocorre e é duramente reprimido pela Tropa de Choque da Polícia Militar.
  • 22/8 Começam a surgir manifestações de unidades e instâncias da USP contra o pacote de medidas da Reitoria, caso da Congregação da FCF, direção da FM e Conselho de Graduação.
  • 26/8 Reunião do Co no IPT, tumultuada e comandada com mão de ferro por M.A. Zago, é realizada para aprovar o pacote da Reitoria. A mobilização em defesa do HU faz com que a votação sobre a desvinculação do hospital seja adiada por 30 dias. Contudo, Co aprova “a toque de caixa” e sem considerar o quórum qualificado de 2/3 dos membros (77) a desvinculação do HRAC (por 63 x 27, 16 abstenções).
  • 28/8 M.A. Zago e V. Agopyan recebem, na Fuvest, comissão da Adusp. Os docentes, em cumprimento a decisão da AG de 18/8, buscam dialogar com a Reitoria para que reveja o confisco dos salários de funcionários. A reunião é frustrante, mas produz um desmentido do reitor: “Fui mal interpretado! Eu nunca disse que o RDIDP é uma jabuticaba brasileira [sic], eu tenho apreço pelo RDIDP, mas precisa ver onde ele é de fato necessário”. No mesmo dia, a AG da Adusp decide fortalecer uma série de atividades, entre as quais o ato “SOS USP” e iniciativas contra a aprovação do Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV).
  • 1/9 TRT-2 considera o corte de ponto ilegal, determina o pagamento dos salários descontados “em 48 horas”, e proíbe confisco do salário de agosto.
  • 2/9 Realizado com grande sucesso, na Praça do Relógio, o ato “SOS USP”, que mescla teatro, música e política e demonstra ampliação do arco de apoios ao movimen­to. No mesmo dia ocorre uma nova reunião do Co (desta vez no IPEN), que aprova o PIDV (por 71 x 30, quatro abstenções) e a proposta de reajuste salarial de 5,2% em duas parcelas (a serem pagas em novembro e fevereiro, respectivamente, sobre os salários de outubro e janeiro), a ser encaminhada ao Cruesp (75 x 15, duas abstenções).
  • 3/9 Após meses sem negociações, reunião entre o Cruesp e o Fórum das Seis aprova reajuste de 5,2%, a ser pago em duas parcelas de 2,57%, uma em outubro e outra em janeiro (referentes respectivamente aos salários de setembro e dezembro). Manifestantes das três estaduais paulistas realizam ato às portas da sede do Cruesp, fortemente guardada pela PM.
  • 5/9 Nova sessão da AG decide manter a greve. Indica ao Fórum das Seis que reivindique ao Cruesp a isonomia na reposição salarial referente aos períodos maio­-a­gos­to e setem­bro-novembro de 2014, seja na forma de abono de 28,6% para todos (docentes e funcionários técnico-administrativos), seja na forma de índice salarial. Folha de S. Paulo publica declaração de Andrea Calabi (Fazenda) sobre medidas de Zago: “Me inclui fora dessa!”
  • 9/9 Nova rodada de negociação é realizada entre Cruesp e Fórum das Seis, o qual reivindica a concessão de abono de 28,6%, com base no que foi proposto pelo TRT-2 para compensar as perdas inflacionárias sofridas pelas categorias desde a data-base, em maio. Os reitores remetem a questão para negociações em separado por cada uma das universidades. M. A. Zago anuncia que levará o assunto ao Co.
  • 10/9 José Tadeu Jorge, reitor da Unicamp, comparece a uma Audiência Pública na Alesp para falar da crise financeira das universidades. Informa que o Cruesp havia protocolado carta na Alesp e no governo na qual reivindica 9,907% da quota-parte do ICMS para as universidades estaduais paulistas. A Unicamp decide complementar o abono já concedido aos docentes (de 21% para 28,6%) e estende o benefício aos funcionários. A Unesp também concede o abono.
  • 11/9 Pela manhã, pressionados por funcionários da USP, governador Geraldo Alckmin e secretário David Uip (Saúde) rechaçam proposta de incorporação do HU. À tarde, durante encontro com uma comissão ampla no Palácio dos Bandeirantes, Alckmin é enfático: “Nem HU nem HRAC serão assumidos pelo Estado”. No mesmo dia, AG da Adusp delibera pela continuidade da greve, para conquistar o abono, indicando eventual suspensão da greve em 22/9.
  • 16/9 Reunião do Co no IPEN aprova concessão de abono de 28,6% para professores e funcionários (por 64 x 33, duas abstenções).
  • 17/9 Após repetidas ausências, M.A. Zago finalmente comparece à Comissão de Educação e Cultura da Alesp, onde escuta uma saraivada de críticas dos parlamentares e lideranças sindicais presentes, mas responde a poucas perguntas e questio­na­mentos. Por diversas vezes o público lhe dá as costas. Nesse mesmo dia, Reitoria e Sintusp entram em acordo em reunião de conciliação no TRT-2 na qual a USP se vê obrigada a desistir da postura de “reposição integral” das horas paradas dos funcionários.
  • 18/9 Reunidos em sessão da AG, os docentes da USP, após avaliação dos amplos ganhos conquistados pelo movimento, deci­dem encerrar a greve a partir de 22/9.
  • 19/9 Os funcionários técnico-administrativos da USP aprovam a proposta final saída do TRT-2 e decidem suspender a greve a partir de 22/9.

Informativo nº 390

 
 

EXPRESSO ADUSP


    Se preferir, receba nosso Expresso pelo canal de whatsapp clicando aqui

    Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!