Campanha Salarial 2018
Ato de protesto das categorias diante da Reitoria marca início da greve de docentes e estudantes
foto: Daniel Garcia
Adusp, Sintusp e DCE realizaram, em frente ao prédio da Reitoria, um ato de protesto contra a proposta do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) de 1,5% de reajuste salarial, na mesma data em que o Conselho Universitário (Co) da USP reuniu-se extraordinariamente, convocado pelo reitor Vahan Agopyan, para discutir e votar essa proposta. O ato de 29/5 marcou, igualmente, o primeiro dia das greves deflagradas por docentes e por estudantes. Os funcionários técnico-administrativos, por sua vez, aprovaram indicativo de greve para o dia 5/6.
Todas as categorias rejeitam a proposta de reajuste salarial de apenas 1,5%, feita pelo Cruesp na negociação realizada em 17/5. O índice é contestado pelo Fórum das Seis, articulação das associações de docentes, sindicatos de funcionários técnico-administrativos e diretórios centrais dos estudantes das três universidades estaduais paulistas e do Centro Paula Souza (Ceeteps), que reivindica a reposição salarial de 12,66% para USP e Unicamp, e 16,04% para Unesp, necessária para cobrir as perdas sofridas desde 2015.
“Este ato marca um momento importante do nosso movimento contra a política das reitorias da USP, Unesp e Unicamp e do governo do Estado de São Paulo de sustentar a expansão das universidades paulistas ao custo do arrocho salarial de seus funcionários”, explicou o professor Rodrigo Ricupero, presidente da Adusp. “Depois de quatro anos da política de Zago de arrocho, o reitor Vahan quer manter esta mesma política em cima dos servidores”, disse.
Adotando uma tática criada por seu predecessor, o reitor Agopyan convocou uma reunião prévia com os diretores de unidades, realizada algumas horas antes da reunião do Co. O fato de que esta “reunião de dirigentes” e a sessão do Co aconteceram apesar do cancelamento das aulas de graduação da universidade foi criticado por diversos manifestantes. O cancelamento das aulas, decidido pela Reitoria em razão da greve nacional de caminhoneiros, não foi acompanhado da liberação dos funcionários, e coincidiu com o início da greve, fatos que acirraram as críticas. Outro agravante é que, segundo diretores do DCE, representantes discentes dos campi do interior tiveram dificuldades de chegar até a reunião no horário, devido às complicações decorrentes do movimento dos caminhoneiros.
“Proposta de 1,5% é um insulto”, diz coordenador do Fórum
“Ao mesmo tempo que a Reitoria cancela as aulas, ela mantém este Conselho que não tem legitimidade nenhuma para deliberar sobre o 1,5%. O que a Reitoria faz é uma jogada covarde de se eximir da responsabilidade de decidir o reajuste no Cruesp, jogando o assunto para cá”, afirmou o estudante David Paraguai, diretor do DCE. “A gente sabe que eles vão aprovar aqui, a portas fechadas, algo que deveria ter sido negociado com os funcionários, professores e estudantes, mas que não foi. Esta negociação foi negada”.
“Nossa posição será de deslegitimar este Co. Primeiro que não é o Co que tem que discutir reajuste de salário, quem discute isto são os trabalhadores com seu patrão. Além disso, diante da situação de caos deste país, desmarcaram a reunião da Copert [Comissão Permanente de Relações de Trabalho], mas mantiveram este Co!”, protestou Magno de Carvalho, diretor do Sintusp.
“Qualquer pessoa com o mínimo de bom senso é capaz de saber que a proposta de 1,5% é um insulto”, afirmou o professor João Chaves, coordenador do Fórum das Seis e presidente da Adunesp. “O desmonte das universidades públicas paulistas tem várias dimensões, uma delas é o salário, mas todos sabemos que não estamos aqui só pelo salário. O salário é apenas uma parte desse processo de destruição das universidades”, disse Chaves, destacando a política de austeridade financeira dos reitores e o congelamento de contratações de funcionários técnico-administrativos.
Diversos manifestantes relacionaram a mobilização por reajuste salarial das universidades paulistas com as greves de diversas categorias que estão acontecendo por todo país. “Para nós, o que se inicia agora não é só qualquer mobilização, pois se junta às mobilizações de professores, estudantes e funcionários técnico-administrativos de todo país. Neste o ano já tivemos greve em universidades estaduais do Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Paraná. O que está sendo imposto para as redes estaduais [de universidades] é o total sucateamento de toda a educação pública”, apontou Eblin Farage, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). “Temos que nos juntar aos professores da rede municipal de ensino, aos petroleiros que entrarão em greve e a todas as categorias em luta para parar este país e dizer não ao projeto nacional em curso”.
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