Defesa do Ensino Público
Entidades realizam ato unificado em defesa da educação e da ciência na USP
Organizações de docentes, alunos e funcionários promoveram aula pública na FFLCH que abordou os ataques ao ensino superior e ao financiamento da pesquisa, como os cortes de bolsas de pós-graduação
A Adusp, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), o Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre) “Alexandre Vannucchi Leme” e a Associação dos Pós-Graduandos (APG-USP Capital) organizaram nesta quarta-feira (2/10) um ato unificado no auditório da História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. A atividade fez parte da mobilização nacional em defesa da educação e da ciência.
O principal orador do encontro foi o professor Otaviano Helene, do Instituto de Física (IF) da USP e ex-presidente da Adusp. Helene apontou algumas das inverdades sobre as quais se sustentam políticas públicas educacionais no Brasil, como a afirmação de que o custo de um aluno das universidades privadas seria mais baixo do que nas públicas.
O professor ressaltou o fato de que na maior parte do mundo o ensino superior é público e gratuito. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 75% das matrículas estão nas universidades públicas. No Brasil, esse é o percentual de estudantes das instituições privadas. Em São Paulo, o número é ainda maior, ultrapassando os 80%. Isso ocorre não porque faltem recursos ao Estado mais rico do país, mas porque “o governo se afasta da oferta de ensino público para abrir espaço para o setor privado”, disse Helene.
Os representantes das entidades que organizaram o ato citaram os vários ataques que a educação pública vem sofrendo especialmente a partir da posse do governo Bolsonaro, como o corte das bolsas de pós-graduação e as medidas privatistas anunciadas no programa “Future-se”, do Ministério da Educação. Em São Paulo, está em andamento desde o primeiro semestre uma CPI que investiga “irregularidades” na gestão das universidades públicas estaduais. “Essa CPI é uma inquisição”, afirmou Juliana Godoy, coordenadora-geral do DCE-Livre.
“A resistência dá um trabalho tremendo, mas é necessária. Temos que fazer da universidade um locus da resistência”, defendeu por sua vez Caiãn Receputi, da APG-USP Capital.
O presidente da Adusp, professor Rodrigo Ricupero, lembrou que a USP também é palco da ênfase crescente no discurso empreendedor e inovacionista e que os professores são cada vez mais cobrados e avaliados por índices de produtividade e pelos recursos que consigam trazer à universidade por meio de parcerias e convênios.
Ricupero lembrou que os desafios da defesa da universidade, da educação pública e da ciência estão interligados e que é preciso organizar a resistência. “Em alguns momentos, como o #15M e o #30M, nós acertamos, mas acabamos perdendo esse impulso. Para fazer essa luta é preciso ter um diálogo pela base, e não por cima”, afirmou, apontando a necessidade de seguir organizando atos unificados entre todos os setores da universidade.
Outras atividades também foram realizadas na mobilização em defesa da educação e da ciência. Uma delas foi a “Universidade na Rua”, organizada pelo DCE-Livre e pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito, na Praça do Patriarca, no Centro de São Paulo. Os alunos apresentaram vários trabalhos e iniciativas da USP e também distribuíram panfletos aos cidadãos.
Nesta quinta (3/10), as entidades participam de ato público na Avenida Paulista. O ponto de encontro será na Praça do Ciclista, às 15h.
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