Deu entrada na Assembléia Legislativa (Alesp) o Projeto de Lei Complementar nº 56, de 2008 (Diário Oficial do Estado de 21/11, Poder Legislativo, p. 43-52), que institui “Plano Geral de Cargos, Vencimentos e Salários” para cerca de 55 mil servidores de algumas secretarias e autarquias e da Procuradoria Geral do Estado, que trabalham nas chamadas “atividades meio”. O projeto foi proposto pelo Executivo, que solicitou tramitação em regime de urgência.

O PLC 56/08 não nos atinge diretamente, mas é muito preocupante, basta ler a “Exposição de Motivos”, cuja tônica é de aprofundamento da reforma do Estado dos anos 1990, sendo suas diretrizes: privatização, terceirização e “publicização” (transferência das responsabilidades do Estado com educação, saúde etc. para o “setor público não-estatal” – ver Revista Adusp nº 41, de 2007). Ou seja, avança na construção da “administração pública gerencial”, tendo como “pilares básicos”: tornar algumas funções mais abrangentes e generalistas, evolução funcional por “mérito/competências”, remuneração condicionada a “resultados”, extinção de cargos/funções não condizentes com o “novo” Estado.

A própria “Exposição” encarrega-se de ilustrar o “enxugamento” de cargos e funções-atividades (classes) hoje existentes: 1) 25 classes de nível elementar seriam reduzidas a uma: “Auxiliar de Serviços Gerais”; 2) 56 classes de nível intermediário seriam reduzidas a três: oficiais “Administrativo, Operacional e Sociocultural”; 3) 33 classes de nível universitário seriam reduzidas a três: analistas “Administrativo, de Tecnologia e Sociocultural”; 4) 96 classes em comissão seriam reduzidas a 46, “mantidas as nomenclaturas atreladas a unidades organizacionais”.

Vale dizer, ao contrário da lógica fragmentária imposta, desde sempre, pelo capitalismo, em especial no que diz respeito à formação educacional e à estruturação das funções laborais, tenta-se agora instituir tanto uma nomenclatura genérica quanto um perfil profissional flexível, que tornaria os servidores públicos das “atividades meio” tão somente em efetivos “coringas” à disposição dos arautos da “administração gerencial”.

Uma vez introduzida tal “maldade”, os próximos a serem atingidos seremos nós ou parte de nós. Resta saber se concordamos com isso…

 

Matéria publicada no Informativo nº 273

EXPRESSO ADUSP


    Se preferir, receba nosso Expresso pelo canal de whatsapp clicando aqui

    Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!