No dia 13/4, ocorreu uma nova reunião para discutir a crise na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), desta vez com a participação de docentes, estudantes e um funcionário. Foi distribuído um dossiê de análise do chamado “relatório Melfi”, preparado pelos alunos, que convocaram e organizaram a reunião. Convidada, a Adusp se fez representar pelos professores João Zanetic, seu presidente, e Marcelo Freire, representante da EACH no Conselho de Representantes da entidade.

Realizada poucos dias após a derrubada do relatório Melfi pela Comissão de Graduação (CG), a reunião foi aberta com o elogio de vários professores à combatividade dos alunos da EACH. “Vocês dão de dez a zero nos docentes”, enfatizou uma professora. “Têm mais clareza dos problemas da escola pública do que os docentes”, acrescentou. Ela criticou os colegas que se manifestaram favoravelmente ao corte de vagas na EACH, os quais, na sua opinião, submeteram-se a ingerências externas. “Não somos um coletivo ainda, mas precisamos unir forças para avançar!”, concluiu.

Outro professor destacou tanto a pertinência da crítica dos alunos ao relatório Melfi quanto a marcha que fizeram em defesa da unidade. Ele também lamentou a postura dos docentes que concordaram com o corte de vagas, “que se intimidaram”. A seu ver, o que há de positivo no documento do “GT Melfi” é que ele abriu o diálogo na EACH, expresso na criação do Grupo de Apoio Pedagógico (GAP) pela CG.

O presidente da Adusp também elogiou a resistência dos estudantes e a elaboração do dossiê analítico sobre o relatório Melfi. Traçou um paralelo entre o significado que a EACH teria para a construção de um novo campus da USP, e aquele que a antiga Faculdade de Filosofia teve no campus da zona oeste, setenta anos antes.

Repressão

“Há uma intensa repressão ao movimento estudantil da EACH”, afirmou Maiara, representante do DCE. Ela reconheceu que a crise fez com que o diretório voltasse sua atenção para a unidade. Lembrou que os colegiados da USP não cumprem sequer a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, no que toca à participação dos diferentes segmentos. “É preciso avançar, pois a causa não está ganha. Tem ainda a Congregação no dia 27/4”, afirmou. Nessa data está prevista uma paralisação discente.

Falando em seguida, o representante de um centro acadêmico comentou que o relatório Melfi tem, além do aspecto técnico, uma finalidade política vinculada ao modelo de universidade defendido pela Reitoria: “Essa iniciativa foi um balão de ensaio para a USP. Tem a ver com a demissão de funcionários e a compra de prédios”. Ainda segundo o estudante, a derrota do documento representou uma resposta à altura: “Tivemos uma vitória parcial na CG. O GAP é paritário. Temos que lutar por uma EACH democrática e com estrutura de poder paritária”, concluiu.

A questão da grade de cursos da EACH também foi objeto de debate. “Temos que ter cursos novos no padrão da Cidade Universitária: medicina, direito, engenharia”, defendeu um professor. Posição contrária foi sustentada por uma professora: “Temos que pensar cursos novos com a cara da EACH, por exemplo, de Biologia Humana”. Essa mesma docente rebateu a posição de colegas que, em conversas, lamentaram que seus respectivos cursos não tenham reduzido vagas.

 

Informativo n° 324

EXPRESSO ADUSP


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