No dia 26 de fevereiro de 2018, por volta das 8:30 da manhã, liguei para a Prefeitura da USP (tel.3091-4222). 

“Prefeitura da USP, bom dia”, atendeu ao telefone um funcionário.

“Bom dia. Os portões da USP estão abertos hoje?”, perguntei.

“Sim, estão abertos. Os portões não abrem somente nos domingos e feriados,” respondeu o funcionário.

“Mas hoje é ponto facultativo. Em dezembro entre Natal e Ano Novo houve quase uma semana inteira de ponto facultativo, e os portões estavam fechados. Qual é a regra?”, indaguei.

“Depende das agências bancárias. No ponto facultativo, se as agências funcionam, os portões abrem, caso contrário são fechados. As regras são definidas pela Reitoria da USP,” explicou o funcionário.

Agradeci e me despedi. “A USP abre para servir aos bancos e não o contrário?”, perguntei a mim mesmo, perplexo.

Muitos dos que trabalham na USP necessitam acesso ao local de trabalho em todos os horários. Os portões fechados dificultam este acesso. No meu caso, o fechamento dos portões me obriga fazer um detour de mais de uma dezena de quilômetros, obrigando-me a desperdiçar mais de uma hora de trânsito por ruas congestionadas na viagem de ida e volta e gastos de combustível. Muitas vezes esse detour inviabiliza a viagem, prejudicando a realização de trabalhos, causando a perda de insumos caros (hélio líquido, por exemplo), aumentando gastos operacionais e tornando o trabalho menos eficiente.

Há mais de uma década venho fazendo esforços para gerar uma sensibilidade da administração da USP a este problema, e ter o acesso facilitado para trabalhar. Já escrevi ao ombudsman há muitos anos, não recebi resposta. No Instituto de Física, já levantei o problema aos diretores das últimas quatro administrações, mas nunca recebi uma resposta.

Já fui visitante na Inglaterra (Oxford), Holanda (Nijmegen e Eindhoven), Estados Unidos (Boston), França (Grenoble), Alemanha (Dortmund). Em todos estes locais me foi facilitado o acesso ao local de trabalho em qualquer hora do dia e qualquer dia do ano. 

Causa perplexidade a dificuldade que há para se ter acesso ao local de trabalho aqui. Não consigo compreender como a administração pode facilitar o acesso ao campus para eventos esportivos ou interesses bancários, mas não facilita o acesso de quem trabalha ou estuda na Universidade. Mas deveria, pois é o trabalho o gerador de conhecimento que é própria razão de existência da Universidade, assim como é crucial para elevar a posição da USP no ranking das Universidades.

Andre Bohomoletz Henriques, professor do IF

 

EXPRESSO ADUSP


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