Alimentação
Na USP de Ribeirão Preto, a partir de 19/2 estudantes da graduação e pós vão ficar sem bandejão por tempo indeterminado
07/02/2020 07h25
Prefeitura do Campus anunciou que contrato com a empresa terceirizada que prepara as refeições se encerra nessa data, sem perspectiva de renovação. “É assustadora a maneira como a maior universidade de pesquisa da América Latina trata seus jovens pesquisadores em formação”, diz APG da USP de Ribeirão Preto, e DCE-Livre convoca protesto: “Bandejão é permanência! Os estudantes precisam comer!”
O Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre) “Alexandre Vannucchi Leme” está convocando os estudantes da USP de Ribeirão Preto a participarem de manifestação na quarta-feira 19/2, ao meio-dia, em frente ao Restaurante Universitário (RU), conhecido como Bandejão. Razão da mobilização: conforme comunicado emitido pela própria Prefeitura daquele campus (PUSP-RP), o contrato firmado em 2017 com a empresa terceirizada que prepara as refeições servidas no Bandejão de Ribeirão Preto terminará no dia 19/2 e não será prorrogado, não havendo previsão de quando uma nova empresa assumirá o serviço.
Ainda de acordo com a PUSP-RP, o contrato poderia ter sido prorrogado por mais um ano, porém a empresa, embora tenha sido consultada a respeito, “somente na penúltima semana de dezembro declarou que não tinha interesse na prorrogação, alegando necessidade de reestruturação interna, visando ao equilíbrio econômico dos seus negócios”.
Alega ainda a PUSP-RP que, além das tratativas com a empresa para que aceitasse a prorrogação de contrato, buscou “possíveis alternativas” com a Procuradoria Geral da USP e a Vice-Reitoria. “Mas, esgotadas todas as possibilidades legais, lamentavelmente o contrato será encerrado em 19/2/2020”. A data coincide com a Calourada.
Por fim, explica o comunicado oficial que está sendo providenciado um novo edital para a contratação dos serviços do Bandejão, e que, “até que a licitação seja concluída, estamos verificando diversas possibilidades de suprir a demanda dos alunos com grande vulnerabilidade social (bolsistas com Perfil P1)”. Bolsista P1, segundo o Serviço de Assistência Social (SAS, antiga Coseas), é o aluno com alta necessidade de apoio para assegurar condições de permanência na Universidade, segundo sua classificação no Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE).
O comunicado da PUSP-RP e as informações que prestou em reunião com as entidades estudantis geraram forte reação. “É estarrecedor que não haja nenhuma assistência aos estudantes, além dos que obtiveram Perfil 1 no Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil – PAPFE, que serão extremamente prejudicados com tal medida”, declarou em nota o DCE-Livre. “O Restaurante Universitário é essencial à permanência na desgastante vida acadêmica dos estudantes! Bandejão é permanência! Os estudantes precisam comer!”.
Após relatar as informações prestadas pela PUSP-RP na reunião, a Associação de Pós-Graduandos da USP de Ribeirão Preto resumiu assim a situação: “A Prefeitura diz que até o momento não tem solução. Caso a licitação finalize sem interessados, a gestão apresentou as seguintes opções: entrega de marmitas ou cestas básicas, somente para bolsistas com Perfil 1”. No entender da associação, estas propostas “não consideram o número de alunos que utilizam o RU diariamente, desde o café da manhã ao jantar”.
Segundo os pós-graduandos, em 2018 foram servidas mais de 511 mil refeições (almoço e jantar) e mais de 39 mil cafés da manhã, conforme relatório da própria PUSP-RP. O não funcionamento do RU, prossegue a nota da associação, “impacta diretamente a sobrevivência dos estudantes de pós-graduação deste campus, pois a maioria realiza jornadas laborais de pesquisa de 40 horas semanais (ou mais), expostos a riscos laboratoriais, sem direito a auxílio insalubridade, plano de saúde, seguro de vida, férias, transporte, e agora possivelmente sem acesso à alimentação subsidiada pela instituição”. Conclui a nota da APG da USP de Ribeirão Preto: “É assustadora a maneira como a maior universidade de pesquisa da América Latina trata seus jovens pesquisadores em formação”.
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