No dia 15/5, funcionários e professores do Instituto de Biociências (IB-USP), com apoio do Sindi­cato dos Trabalhadores (Sintusp) e da Adusp, realizaram ato em frente ao local onde se reunia o Conselho do Departamento de Zoologia, para exigir o fim das perseguições ao funcionário Marcelo Cardagi, que trabalha nessa unidade de ensino há 33 anos — isto é, desde 1981. Devido a um problema de saúde, ele teve de se afastar para tratamento, mas foi punido com duas advertências e teve descontado um dia de salário.

Marcelo é responsável pela preparação de aulas de disciplinas de graduação de departamento, bem como algumas de extensão e pós-graduação. O chefe do Departamento, professor Pedro Gnaspini Neto, apresentou um relatório ao Conselho sobre os problemas causados pela ausência de Marcelo, com a finalidade de obter a punição do funcionário. Uma das advertências dadas a Marcelo diz respeito à sua ausência por 53 dias (dos quais 26 em gozo de licença-prêmio), para tratar de um agravamento da gota, doença reumatológica, que provoca fortes dores nas mãos e joelhos.

Contudo, Gnaspini Neto omitiu o fato de que Marcelo havia se afastado por determinação de um médico do Hospital Universitário (HU) para se tratar, em 10/3, e de que havia informado ao próprio chefe do Departamento por e-mail, no mesmo dia, seu estado de saúde.

Ao falar ao Informativo Adusp sobre o caso, Marcelo conta que o professor  deixou de informar ao Conselho do Departamento “que eu estava doente, com lesões que podem ser constatadas por qualquer pessoa e que foram mostradas por mim a ele”. “Entrei com recurso no Conselho do Departamento e estou aguardando resposta”.

Readaptação

De acordo com o funcionário, o Serviço de Medicina do Trabalho da USP (Sesmt) está preparando sua readaptação na função: “O trabalho que exerço exige preparo fisico e carregar peso. O prédio onde realizo praticamente todo meu trabalho não tem elevador há dois anos, e a biblioteca fica no terceiro andar. Neste período carreguei todo o material didático, livros usados nas aulas e todos os objetos nos prazos, até quando tive que parar! Os médicos dizem que não tenho mais condições de continuar trabalhando dessa forma”.

A outra advertência feita ao funcionário está associada a supostos problemas em um relatório de trabalho de sua autoria: “Este relatório, das atividades que realizei durante o segundo semestre de 2013, entregue por mim em 15/12, foi usado agora para criticar meu desempenho e me desqualificar, para me punir neste momento”, diz.

A mobilização de solidariedade surtiu efeito: já na reunião de 15/5, o Conselho do Departamento recuou nas punições, retirando a advertência por não comparecimento ao trabalho e o desconto de um dia de salário. “A outra advertência foi retirada da pauta para aguardar o resultado da minha perícia no Sesmt e outros, para ser analisada na próxima reunião do Conselho”.

Marcelo pretende consultar os advogados do Sintusp sobre a possibilidade de entrar com uma ação judicial pedindo reparação de danos. Também considera importante iniciar uma campanha contra o assédio moral nos locais de trabalho da USP.

Atuação política

Na opinião de Marcelo, o assédio moral tem como principal motivo a sua atuação política dentro do IB. “Sempre atuei como representante dos funcionários nos órgão colegiados da Universidade e no Sindicato. Atualmente estou representando os funcionários no Conselho Técnico-Administrativo do IB e no Conselho de Base do Sintusp”, relata.

“Minha atuação como representante dos funcionários, inclusive durante as greves, tem levado alguns dirigentes a confundir as coisas e tentar resolver as diferenças políticas usando meu trabalho para me atacar e me desqualificar”. Desde a vitoriosa greve de 2000, ele tem sofrido punições sistemáticas.

“No primeiro semestre de 2013 o chefe do Departamento afastou um dos técnicos que trabalhava junto comigo e executava as mesmas atividades e função”, prossegue Marcelo. “Este técnico foi colocado em disponibilidade com a vaga e, com isso, o Departamento de Zoologia perdeu o experiente profissional, que levou anos para ser treinado para a função. O Departamento não conseguiu repor a vaga, nem o funcionário e isso causou acúmulo de trabalho”.

O professor Pedro Gnaspini Neto foi procurado pelo Informativo Adusp para comentar as declarações de Marcelo Cardagi, mas não entrou em contato até o fechamento desta edição.

Informativo nº 382

EXPRESSO ADUSP


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