EACH
Aterro na EACH foi clandestino e ex-diretor J. J. Boueri é principal responsável, diz CPI
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre áreas contaminadas, instalada em abril/14 pela Câmara Municipal de São Paulo, entregou em 24/2/15 seu relatório final, que cita fatos relacionados à Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) entre outros que dizem respeito a solos gravemente contaminados na capital paulista. O relatório aponta a necessidade da retirada do solo contaminado do chamado campus Leste da USP e responsabiliza o ex-diretor da EACH, José Jorge Boueri Filho, pelo aterro criminoso realizado ali entre 2010 e 2011.
Foram depositados 109 mil m³ de terra de origem desconhecida durante um ano e meio. A justificativa apresentada em 16/2/11 pelo então diretor Boueri durante reunião da Congregação da EACH era de que a terra seria usada para “regularização topográfica”, como consta no relatório da CPI. Porém, não houve nenhuma análise da terra, nem autorização da Cetesb. Edson Leite, vice-diretor da gestão Boueri, afirmou que para efetuar o depósito de terra seria necessária a autorização da Prefeitura do campus, da Superintendência do Espaço Físico e da Superintendência de Gestão Ambiental, mas alegou que desconhecia todo o procedimento, só tomando conhecimento do assunto durante reunião da Congregação, não sabendo dizer se houve ou não autorização dos órgãos da universidade.
Mensagens encaminhadas por e-mail para Boueri, por sua assistente na direção, a professora Rita de Cassia Giraldi, alertavam para o perigo de se depositar terra desconhecida em área de proteção ambiental, como é o caso da EACH, situada dentro do Parque Ecológico do Tietê. Na época, ela chegou a encaminhar ao diretor a legislação pertinente ao tema.
“Parceria”
Um funcionário da EACH relatou à CPI que o empresário em terraplanagem Valter Pereira da Silva teria procurado Boueri para saber se, além das terras da calha do Tietê e entulhos do Carandiru, também poderia depositar na EACH terra proveniente do Templo de Salomão, obra da Igreja Universal. Boueri teria autorizado o aterro, em troca do qual a empresa Ratão, de Silva, realizaria a limpeza do mato do campus. A “parceria” teria sido aprovada na reunião da Congregação de 16/2/11, segundo ata citada no relatório da CPI.
O reitor afirmou à CPI que a terra teria sido depositada por ordem de Boueri. “O que ocorre é que a Universidade de São Paulo determinou e está em curso um procedimento administrativo disciplinar, ao qual está submetido o professor Boueri, ex-diretor e o professor Edson Leite, ex-vice-diretor”, declarou M. A. Zago na sessão de 12/8/14 da CPI.
A CPI decidiu encaminhar o relatório ao Ministério Público do Estado (MPE-SP), recomendando à Promotoria de Meio Ambiente “a retirada do solo contaminado depositado clandestinamente na USP Leste”, e à Promotoria da Cidadania que apure a responsabilidade de Boueri “no processo de aterro clandestino”.
Procurada pelo Informativo Adusp para informar o desfecho do procedimento disciplinar aberto contra Boueri, a Reitoria informou simplesmente que, como a Procuradoria Geral acaba de mudar-se para o prédio da Reitoria, não é possível saber sobre o andamento do processo! Ou seja, quase cinco anos após o crime ambiental, a Universidade continua sem respostas da Reitoria.
Informativo nº 397
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- Novo modelo proposto pelo MEC redireciona e elitiza a pós-graduação nacional, “formando para o mercado e não para a docência e pesquisa”, adverte GT do Andes-SN
- Sem dar detalhes, Carlotti Jr. anuncia início de estudos para nova etapa da progressão docente; na última reunião do ano, Co aprova orçamento de R$ 9,15 bilhões para 2025
- Em carta ao reitor, professor aposentado Sérgio Toledo (84 anos), da Faculdade de Medicina, pede acordo na ação referente à URV e “imediato pagamento dos valores”
- Processo disciplinar que ameaça expulsar cinco estudantes da USP terá oitivas de testemunhas de defesa e de acusação nos dias 13 e 14 de novembro
- Diretor da Faculdade de Direito afasta docente investigado por supostos abusos sexuais; jurista contesta medida