ALESP, 25/09/2013

Boa tarde, nobres deputados e nobres cidadãos aqui presentes.

Eu sou Adriana Pedrosa Biscaia Tufaile, Prof. Dra. em Física, representante docente, membro da diretoria da nossa seção sindical, ADUSP. Sou professora da Escola de Artes Ciências e Humanidades da USP (conhecida como USP-Leste) desde 2007, dou aula em vários cursos, em particular no curso de Ciências da Natureza (que tem uma disciplina de Educação Ambiental) e no curso de Gestão Ambiental. Estou aqui com mais alguns representantes da comunidade eachiana: que é formada pelos alunos, funcionários, professores e usuários desta escola.

Histórico

Na sexta-feira, 6 de setembro, foram colocadas placas alertando para os riscos de saúde de um aterro de 2011 feito no coração da nossa escola, em lugar no qual a comunidade eachiana praticava esportes e crianças brincavam. Na segunda-feira seguinte, dia 9, alunas minhas do curso de Têxtil e Moda, durante a aula, me perguntaram o que os professores fariam em relação àquela situação. A minha resposta foi: “amanhã discutiremos isto em assembleia”. Foi nesta assembleia, dia 10, que os professores da escola decidiram entrar em greve. Nos dias seguintes, alunos e funcionários também entraram em greve. Somos da ordem de 5 mil pessoas em greve. Nossa greve é por motivos ambientais e de responsabilização. Queremos um lugar seguro e sadio de trabalho e queremos que os responsáveis por grave crime ambiental cometido na nossa escola sejam identificados e responsabilizados pelos ilícitos cometidos nos termos da lei, para servir de exemplo para a sociedade. Nossa escola está instalada numa área de proteção ambiental do Parque Ecológico do Tietê.

A comunidade eachiana tem conhecimento da existência de problemas ambientais já há alguns anos e tem cobrado e esperado até agora pacientemente pelas soluções por parte da administração da USP. Algumas medidas vinham sendo tomadas de forma vagarosa, mas o aterro ilegal de 2011 veio agravar a situação ambiental e a crise administrativa da EACH, pois foi a direção da EACH que ordenou este aterro, a revelia da reitoria. A direção da EACH vem vilipendiando nossa comunidade nos últimos três anos, em vários assuntos como por exemplo, tentativa de fraude em concurso público, tentativas de cortes de vagas nos cursos sem discussão prévia, assedio moral e perseguições e este aterro criminoso, só para citar alguns. Em relação às questões ambientais, cobrávamos desta direção soluções e informações, que nunca chegaram. 

Dissemos basta.

Esta greve é histórica, desconheço greve em universidade por motivos semelhantes. Nós viemos aqui na casa do povo paulista pedir ajuda aos nobres deputados e chamar a atenção da sociedade, pois o poder judiciário é  lento. Há inquéritos no MP há anos e ninguém foi responsabilizado ainda. O governador do estado e as autoridades do alto escalão da CETESB e da USP declaram publicamente que não há riscos à saúde na nossa escola, porém os documentos técnicos nos processos da CETESB e do MP dizem o contrário. Se realmente não houvesse riscos de periculosidade e insalubridade, a CETESB não faria um auto de infração, que pode levar a interdição da escola no próximo mês de outubro. O poder executivo não reconhece o problema, o poder judiciário é lento, viemos pedir ajuda ao poder legislativo para sanar esta ferida aberta na Universidade de São Paulo, universidade pública, orgulho do estado, financiada pelo cidadão que deveria servir de exemplo em relação ao respeito pelo meio ambiente, respeito pela saúde de sua comunidade e respeito pelas leis.

Nossos pedidos

Estamos aqui pedindo ajuda da sociedade para nossa causa. Ajudem-nos a exigir do Magnífico Reitor da USP, Prof. Rodas, que dê solução às nossas questões ambientais, de insalubridade e de periculosidade. Ajudem-nos a exigir todas as informações e documentos sobre o assunto, pois temos formação suficiente para ler relatórios e laudos e formamos nossa opinião em relação ao assunto. Ajudem-nos a exigir que o reitor afaste imediatamente o diretor e o vice-diretor da EACH para apurar suas responsabilidades, pois administram juntos nossa escola.

Caso tenhamos que voltar ao trabalho sem que nossas demandas tenham sido atendidas, será uma vergonha para a sociedade paulista, para o governo do estado e para a Universidade de São Paulo e estaremos ainda como muito medo em relação à nossa saúde. Independentemente do desfecho desta grave crise na USP, quando voltarmos ao trabalho e ao estudo, estaremos com a consciência tranquila, pois estamos fazendo nossa parte, de alertar a sociedade e exigir soluções. A EACH está em greve, mas esta dando uma lição de cidadania! Obrigada!

Atenciosamente,
Adriana

EXPRESSO ADUSP


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