Assembleia de 9/11 critica truculência da Reitoria e convênio com a PM

“A USP há de ter, para o problema da segurança, respostas mais interessantes, sensíveis e inteligentes do que a polícia”. A declaração da professora Maria Luisa Schmidt (IP), primeira a se manifestar na assembleia da Adusp de 9/11, antecipou boa parte do que se discutiria naquela noite, na presença de jornalistas de mídia impressa e de TV e de muitos estudantes.

A assembleia aprovou a participação da Adusp no ato a ser realizado no dia seguinte pelos estudantes — tendo como eixos “Democracia na USP, já!”; “Segurança Sim, PM Não!”; “Contra a criminalização dos movimentos sociais!” — e a solicitação de audiências com o reitor e com o governador do Estado (vide deliberações ao final).

O professor Henrique Carneiro (FFLCH) propôs que, para além das respostas imediatas à crise, seja organizado, em 2012, seminário com a finalidade de abrir um debate público sobre três grandes questões: 1) segurança: os problemas com a PM, a militarização da administração pública; 2) a estrutura de poder da USP; 3) a política de drogas. Na visão do professor, a PM comporta-se no campus como uma “patrulha de costumes talibã”. Ele criticou os métodos de uma parcela do movimento estudantil, a seu ver equivocados, como o arrombamento de portas, exibido na TV.

Daniel Garcia
Docentes votam após debate, na presença de jornalistas

Também a professora Marina Melo e Silva (FFLCH), sem deixar de criticar a operação policial, protestou contra certas práticas, violentas, de setores dos estudantes. “Picharam várias portas e o corredor, na minha escreveram ‘PM’ no lugar do meu nome”, disse ela, questionando as finalidades desse tipo de ação.

Ilegalidades

“A ação de reintegração foi em si um ato político”, avaliou o professor Jorge Souto Maior (FD). “A solução deveria ser o diálogo”. Para ele, a operação da PM não se limitou a desocupar a Reitoria: “Foi uma demonstração de força e poder, para criminalização do movimento social com eliminação do diálogo”. No entanto, advertiu, o efeito foi diverso do pretendido: “A Universidade acordou”.

Os professores Otaviano Helene (IF) e Pablo Ortelado (EACH) consideraram muito grave a invasão do campus pela PM. “Foi fora de proporção”, afirmou Otaviano, que refutou o discurso do governador de intervenção em defesa da legalidade: “Nenhum reitor pensou em pedir reintegração de posse nos prédios ocupados pelas fundações”, disse, recebendo aplausos. Ele elencou inúmeras ilegalidades cometidas pela USP, e citou o caso do aluno Samuel de Souza, que acabou falecendo dentro do campus, em 2010, por falta de atendimento médico.

“Fomos fortemente agredidos”, declarou Pablo, para quem a apreensão dos três alunos que consumiam maconha “foi a gota d’água” num processo de militarização do cotidiano, com a realização até mesmo de batidas policiais na porta de bibliotecas das unidades. “A gente precisa dar uma resposta efetiva, do contrário vamos conviver com um cotidiano militarizado daqui para a frente. Este é o recado que nos foi dado em 2009 e agora”.

O professor Ciro Correia (IGc) chamou a atenção para o fato de que, ao contrário de 2009, desta vez a ação da PM não causou maior indignação entre os docentes e na sociedade. “A ocupação da Reitoria atrapalhou o movimento”, disse. E alertou: “O ato de amanhã (10/11) é crítico, não pode ter deslizes”.

 

Informativo n° 337

EXPRESSO ADUSP


    Se preferir, receba nosso Expresso pelo canal de whatsapp clicando aqui

    Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!