Segurança
Expectativa marca substituição de coronéis por antropóloga Ana Pastore na segurança da USP
A Associação dos Servidores do Sistema de Segurança da USP (ASE-USP) está otimista com a nomeação da docente com formação em antropologia, Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, como nova superintendente de Prevenção e Proteção. “A Guarda Universitária está ressurgindo, mostraremos a todos que acreditaram em nós gratidão e orgulho, estamos com muita disposição em compor com a nova gestão os trabalhos relacionados à segurança preventiva das pessoas de um modo geral, bem como a segurança do patrimônio USP”, afirmou a ASE-USP ao Informativo Adusp.
Marco Santos / USP Imagens |
Professora Ana Lúcia Pastore |
No início do ano, um grupo de guardas universitários se mobilizou para que três coronéis reformados da Polícia Militar deixassem os cargos de direção da Superintendência de Prevenção e Proteção, onde estavam desde sua nomeação pelo então reitor J.G. Rodas, em 2012. A GU conseguiu apoio das entidades representativas — Adusp, Sintusp e DCE — e até mesmo do vice-reitor Vahan Agopyan.
A mobilização e o apoio recebido pelos guardas, principalmente por partir também da Reitoria, desagradaram os coronéis. Em 15/4, a exoneração do coronel Luis de Castro Jr. da Superintendência e a nomeação, para o mesmo cargo, da professora Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer foram publicadas no Diário Oficial do Estado de São Paulo. Castro Jr. tornou-se assessor do reitor (Informativo Adusp 380). Ele e os outros dois coronéis estariam de férias.
A expectativa é de que haja mudanças tanto na estrutura organizativa da GU quanto no plano de segurança colocado em prática nos campi da USP. Inicialmente, a nova superintendente está se dedicando a escutar os funcionários e agentes de segurança. “Eu espero que seja a marca dessa nova gestão uma comunicação muito dialógica e aberta, entre vários setores da Superintendência”, declara a antropóloga ao Informativo Adusp. “A ideia é exatamente que a Superintendência, em vez de funcionar de forma tão centralizada como vinha funcionando, venha a médio prazo a ter um colegiado que represente os vários setores e que tenha poder de deliberação”.
Autoritarismo
A gestão dos coronéis foi marcada pelo forte autoritarismo, o que acirrou o ânimo dos agentes, que estavam sendo submetidos a uma organização em moldes hierárquicos semelhantes aos da própria PM. A ASE-USP manifesta “grande expectativa” em relação à nova superintendente: “Uma pequena parte dos funcionários já teve a oportunidade de conhecê-la e manifestaram a relevância de reestruturar primeiramente nossa casa”.
Outra das reivindicações da GU — a criação de um grupo de trabalho sobre segurança, aberto à participação de toda a comunidade e com a colaboração de professores da área de direitos humanos — também já está sendo colocada em prática pela nova gestão da Superintendência. Segundo a professora, “o grupo tem por missão trazer informações para que a discussão sobre segurança, a prevenção e a proteção, seja rica”, tendo de envolver, por exemplo, “questões ligadas à homofobia, ao racismo, que acabam levando ao problema de convivência”.
“Em segurança, a polícia tem que ser uma parceira, mas não a protagonista”, responde Ana Lúcia quando questionada sobre a relação da USP com a PM e sobre o convênio firmado com a Secretaria de Segurança Pública (SSP). “Foi nomeada uma docente para que a abordagem da violência alcance toda a gama de questões envolvidas, todos os saberes da Universidade”, diz, enfatizando as preocupações relacionadas ao convívio dos membros da comunidade universitária. Afirma que o diálogo com a PM será mantido: “Esse convênio entra também no rol das coisas a serem discutidas. Na prática ele não está funcionando”.
Informativo nº 381
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