No 21/2, quarta-feira de Cinzas, a jovem Maria Cícera dos Santos Portela, auxiliar de cozinha de uma lanchonete na Faculdade de Educação da USP, foi assassinada por um soldado da Polícia Militar, na varanda de sua casa, na favela São Remo, localizada ao lado do Hospital Universitário. Supostamente, a PM buscava dispersar uma festa de carnaval, onde crianças arremessavam ovos umas nas outras, e o PM José Álvaro Pereira da Silva teria atingido a jovem acidentalmente, quando atirava para o alto. A mãe de Maria Cícera, porém, afirma que a PM se recusou a prestar socorro.

Segundo sua diretora, professora Sonia Penin, a Faculdade de Educação foi tomada pelo “sentimento de perda, de vazio”, pois “Maria Cícera preenchia um espaço muito grande no nosso cotidiano, era muito receptiva, muito simpática”. A professora destacou “o choque de isso acontecer nas nossas proximidades, apesar de sabermos que acontece sempre, em todo o Brasil, nas periferias”.

Após consultar outros professores, a diretora emitiu uma nota pública, na qual lamenta a morte da jovem e condena a violência policial: “É inaceitável que sua morte fique relegada aos faits divers do cotidiano e que a ação violenta da polícia seja legitimada com a soltura imediata do policial mediante uma fiança de R$ 300. Até quando pessoas caídas, mortas por balas perdidas, continuarão a fazer parte da paisagem de regiões pobres? Até quando um aparato policial incompetente e despreparado continuará legitimado por um Estado ausente diante da violência e do abandono de regiões pobres do país?”

 

Matéria publicada no Informativo nº 231

EXPRESSO ADUSP


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