Duas estudantes da USP foram agredidas por agentes da Guarda Universitária na madrugada de 18/4. O fato ocorreu após os guardas tentarem intervir em uma confraternização que ocorria na sede da Associação de Moradores do Crusp (AmorCrusp). No mesmo dia, mais cedo, dois policiais militares armados haviam intimidado participantes da mesma festa.

Após o episódio, estudantes e funcionários reivindicam a destituição de Ronaldo Elias Pena, responsável pela Divisão Técnica de Operações e Vigilância da Coordenadoria do Campus da Capital (Cocesp).

Aline Camoles e Sylvia Sabrina Santander, moradoras do Crusp, registraram boletim de ocorrência no 51º Distrito Policial (Rio Pequeno). De acordo com o relato das vítimas no BO, ambas encontravam-se próximo ao restaurante “quando foram abordadas por alguns guardas universitários”, e na sequência “sem motivos aparentes o averiguado [sic] agrediu com quatro ombradas a vítima Aline e deu-lhe uma chave de braço”. Após Sylvia gritar para o guarda “aqui você não vai bater em mulher”, “o averiguado agrediu Sylvia com um tapa e um soco no rosto”.

Protesto

O episódio de violência ocorreu diante de diversas testemunhas, duas das quais confirmaram a agressão no BO. Na ocasião, vários moradores do Crusp desceram de seus apartamentos para protestar contra a truculência dos guardas.

Segundo Ronaldo Pena, não há registro da agressão. “A Guarda foi solicitada para atender uma ocorrência no Crusp, onde segundo informações existia uma pessoa sendo agredida e muitas reclamações de moradores sobre uma festa não autorizada. Ao chegarem ao local foram hostilizados por membros da festa obrigando-os a sair do local”, afirma. “Nenhuma aluna nos procurou para relatar o ocorrido, registrar e apurar o caso”.

Quanto à presença de PMs, Pena diz que eles responderam a chamado de moradores do Crusp incomodados com o barulho provocado pela festa. “Cabe à Polícia Militar segundo a Constituição Federal policiar a sociedade nos Estados da federação. Eles foram chamados e atenderam uma ocorrência”, diz.

No dia 29/4 foi realizado um protesto em frente à Reitoria, organizado por estudantes e funcionários, que teve como um dos pontos de pauta a saída de Ronaldo Pena e a expulsão dos agentes agressores. Em 23/4, o professor João Zanetic, presidente da Adusp, protocolou ofício na Reitoria solicitando uma audiência com o reitor Grandino Rodas para tratar da denúncia de agressão e da presença de PMs no campus. Até o fechamento desta edição a Adusp não obteve resposta.

Histórico

A Guarda Universitária ostenta um histórico problemático. Em 2/11/1997, dois membros da Guarda surpreenderam um grupo de meninos, moradores da Favela San Remo, que nadavam na Raia Olímpica. Um dos guardas surrou os meninos com uma vara de bambu. O menino Daniel Araújo, que correu, foi perseguido pelo outro guarda, motociclista. Daniel não voltou para casa: no dia seguinte, seu corpo apareceu boiando na Raia. A Reitoria nunca divulgou os relatórios de duas comissões formadas para apurar o caso, que, no âmbito judicial, foi arquivado em primeira instância (Informativo Adusp 41, outubro de 1998).

A Guarda também exorbitou quando deteve estudantes da FAU que pintaram uma convocatória no asfalto do campus, e os conduziu à 93ª Delegacia de Polícia, onde passaram a noite em uma cela, sendo posteriormente processados (Informativo Adusp 231e 290), e em diversos outros incidentes com alunos ou com pessoas que entram no campus e são consideradas “suspeitas” (vide, por exemplo, Informativo Adusp 205).

Além disso, o envolvimento da Guarda em atividades de repressão ao movimento sindical é notório, havendo relatos de que seus agentes espionam a movimentação de docentes e trabalhadores durante as greves e protestos.

 

Informativo nº 305

EXPRESSO ADUSP


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