Condições de trabalho
Levantamento da Adusp sobre condições de trabalho de docentes na pandemia mostra sobrecarga, impactos nas atividades de pesquisa e extensão e preocupação com a retomada das aulas presenciais
Realizada em julho, a pesquisa foi respondida por 675 docentes de mais de 40 unidades da USP em todos os campi — 45,9% dos participantes consideram que têm mais atividades do que o normal e que estão com excesso de trabalho.
Quase metade dos docentes afirma estar com excesso de trabalho
Pouco mais da metade dos participantes — 50,7% — respondeu que esteve ou está responsável pelo cuidado de outras pessoas durante a pandemia (crianças, adolescentes, idosos, pessoas com doença ou portadoras de deficiência). A maioria — 88,1% — afirmou que não contraiu Covid-19, enquanto 1,9% responderam que estão ou estiveram com a doença; 2,2% tiveram casos na família ou moram com alguma pessoa que teve Covid-19; e para 1,2% dos que responderam houve caso de falecimento de familiar ou pessoa com a qual residiam. Em relação a ser considerado do grupo de risco para a doença, 55,9% responderam que não e 41,9% que sim.
Quanto à realização de atividades remotas, 91,3% ofereceram disciplinas a distância no primeiro semestre e 89,9% as oferecerão no segundo. No que se refere à determinação de trabalho por meio remoto, 73% responderam que concordam com a proposta, mas admitem que ela tem problemas. Para 50,7% (a pergunta permitia mais de uma resposta), esse era “o único meio de garantir a saúde e a continuidade do trabalho”.
No segmento dos que não concordam com a determinação, 11,9% acreditam que ela favorece a exclusão e 4,3% responderam que é preciso retornar às aulas presenciais com um plano que garanta a segurança.
Dois terços dos docentes (66,5%) responderam que estão desenvolvendo parcialmente suas atividades de gestão, ensino, pesquisa, cultura e extensão, enquanto 32% estão desenvolvendo plenamente e 1,5 % disseram que não estão desenvolvendo. Quase todos (98,5%) estão trabalhando de casa, enquanto 8,6% responderam que utilizam sala na USP (a pergunta admitia mais de uma resposta).
Quase a metade (45,9%) considera que tem mais atividades do que o normal e que está com excesso de trabalho. Para 37,3%, há dias mais estressantes e outros em que é possível coordenar as atividades, enquanto 13,9% responderam que coordenam bem o equilíbrio entre atividades, e 1,6% não consegue coordenar.
Fatores como barulho, presença de outras pessoas no espaço e falta de mobiliário adequado foram apontados como os principais problemas para a realização do trabalho.
Menos de 20% responderam ter recebido treinamento adequado para ensino remoto
As disciplinas de graduação ou de pós-graduação serão encerradas no calendário proposto pela unidade, de acordo com 79,5% das respostas, enquanto 15,2% responderam que não e 5,3% que talvez. O principal fator apontado no caso de o calendário não ser cumprido é a necessidade de realização de atividades práticas presenciais.
Na avaliação de um quinto dos docentes (19,1%), a participação dos alunos nas disciplinas fica próximo da metade (de 41% a 60% de presença). Em 30,4% dos casos a presença vai de 61% a 80% e, em 39,7%, de 81% a 100% da turma. Para 10,8% dos respondentes, a participação dos alunos é inferior a 40%.
O e-mail institucional é a principal forma de comunicação com os alunos, de acordo com 82,3% das respostas. A plataforma e-Disciplinas é utilizada por 63,6% e o contato por WhatsApp por 33,4%. Nesse item, que admitia mais de uma resposta, também foram citadas ferramentas como Google Classroom, Google Meet, Zoom e YouTube, entre outras.
A escolha pelas ferramentas se deu, de acordo com pouco mais da metade das respostas (51,6%), porque era o meio que o docente sabia utilizar. Outros 48,6% disseram que aprenderam a utilizar os recursos a partir de informações de colegas. Também foi citada como razão da escolha por 22,6% (a pergunta admitia mais de uma resposta) a indicação dos alunos. Apenas 18,9% responderam ter recebido treinamento adequado para utilizar as ferramentas quando as atividades passaram a ser não presenciais.
Quanto a participar de um curso de capacitação para o uso de tecnologias educacionais, 34,3% participariam de uma formação por até 2 horas; 23,2% de formação por até 4 horas e 27,1% de um curso de 16 horas; enquanto 15,5% não acham necessário participar desse tipo de curso.
Na avaliação de metade dos docentes (49,6%), não há solução a curto e médio prazo para que se recuperem as atividades docentes. Outros 17% acreditam que a situação é muito difícil, mas que após a pandemia tudo será resolvido, e 11% estão esperançosos de que após a pandemia tudo voltará à normalidade.
Numa escala de 1 a 5 quanto à adequação da atuação da USP durante a pandemia, 33% marcaram a opção 3; 28,3% a 4; e 13,3% a 5. Para um quarto das respostas, a atuação da USP foi inadequada (17,3% marcaram 2 e 8% optaram pelo 1).
“É a primeira vez que me perguntam como estou”, registrou uma docente
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