Professores falam do V Congresso

Funcionários e estudantes propõem plenárias

O Sintusp já realizou duas assembléias sobre o tema (em 26/03 e 16/04). Em 16/04, deliberaram que uma plenária de delegados das três categorias deve definir a forma de organização do V Congresso, o que inclui a definição do número de delegados por setor, do formato e da pauta do V Congresso. Uma terceira assembléia dos funcionários discutirá congresso e campanha salarial em 28/04.

Os estudantes realizaram suas primeiras assembléias de campi na semana de 14 a 18/04. Na Assembléia do campus Butantã (16/04), os estudantes decidiram pela realização de uma plenária não deliberativa dos três setores, por um número de delegados paritário (mínimo de 300 por categoria), e por paralisação em 07/05 para debater o V Congresso e comemorar um ano da ocupação da reitoria. Em 24/04, os estudantes realizam uma assembléia geral.

Professores, funcionários e estudantes estão se preparando para construir o V Congresso por meio de assembléias e participação na Comissão de Organização.

Nesse contexto, quais são as expectativas dos docentes? A professora Heloísa Borsari, do Instituto de Matemática e Estatística (IME), vê no V Congresso uma possibilidade para a comunidade acadêmica avaliar o que aconteceu na USP nos últimos vinte anos e pensar nas perspectivas futuras.

“Não temos mais tempo [no cotidiano] para discutir os rumos da universidade, do ensino e da pesquisa aqui produzidos ou se esta estrutura favorece ou prejudica o cumprimento das atividades-fins da universidade. No entanto, creio que é também nosso papel fazer essa reflexão e contribuir assim, para a construção de uma universidade melhor”, diz Heloísa.

“É preciso realmente chamar muito a atenção para o V Congresso, porque é da maior importância que haja uma discussão mais ampla e mais coletiva sobre o que está acontecendo na USP e nas universidades de uma maneira geral”, diz o professor Manoel Oriosvaldo de Moura, da Faculdade de Educação. Segundo ele, o congresso deverá fazer uma análise de conjuntura, para embasar as discussões do papel da USP, e é importante que haja um documento neste sentido.

Mudanças

A possibilidade de conseguir mudanças na USP através do V Congresso é vista por Benedito Honório Machado, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), como uma chance de se evitar crises: “Se a universidade não for alterada por um modelo mais democrático, ela corre o risco de viver periodicamente situações como a do ano passado [ocupação da Reitoria]”.

Machado cita duas mudanças prioritárias: a primeira diz respeito à carreira docente e a segunda ao quórum para mudanças estatutárias no CO.

“O número de alunos em sala de aula aumentou consideravelmente e em muitos casos trouxe prejuízos à qualidade do ensino; o próprio ensino de graduação tem sido pouco valorizado; as exigências quanto à produtividade são cada vez maiores e dela dependem os financiamentos para pesquisa; as comissões de que participamos se multiplicam e os colegiados têm suas atribuições cada vez mais reduzidas”, comenta Heloísa.

Para Manoel Oriosvaldo de Moura, o congresso deve ser propositivo, ou seja, “deve produzir elementos para que, nas instâncias normais da universidade, se tomem decisões e se implementem ações para executá-las”. Essas decisões a serem tomadas por instâncias como o Conselho Universitário poderão respeitar ou ignorar as propostas do V Congresso, o que dependerá, segundo o professor, da força política da comunidade acadêmica.

Organização

Machado levanta outro fator para que as propostas congressuais possam ser acatadas pelas instâncias decisórias: o congresso precisará focar algumas questões. “Se não tivermos um elenco de algumas propostas principais, através das quais as diferentes categorias possam se unir para pressionar o Conselho Universitário, ou seja, se tivermos relações infinitas de tópicos e propostas, corremos alto risco de não serem implementadas”, adverte.

O professor da FMRP acha que ainda não há uma boa preparação da comunidade acadêmica para o V Congresso. “Se não nos mobilizarmos corremos o risco de não mudar absolutamente nada. Temos o grande desafio de mobilizar o corpo docente para que se engaje nessa atividade, que é muito importante”.

“O V Congresso está precisando de divulgação nas unidades: cartazes, folders. Está faltando agitação, e sem agitação vai ser muito difícil de mobilizar. Os professores já são pouco mobilizados, não porque não queiram, mas porque têm uma quantidade grande de trabalho”, comenta Oriosvaldo. Além disso, acha importante que as categorias estejam mobilizadas também após o congresso, para exigir que suas resoluções sejam postas em prática.

 

Matéria publicada no Informativo nº 256

EXPRESSO ADUSP


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