Defesa da Universidade
“Curso de Obstetrícia rompe paradigmas tradicionais”

Daniel Garcia |
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Em audiência pública na Alesp, alunas de Obstetrícia protestam contra “Relatório Melfi” |
A partir desta edição, com a finalidade de tornar mais conhecidos os novos cursos da USP, e qualificar o debate a respeito deles, o Informativo Adusp publicará uma série de textos elaborados por docentes destes cursos. A nosso pedido, a professora Nádia Zanon Narchi, coordenadora do curso de obstetrícia da EACH, nos enviou o texto que segue.
Em 2005, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) inovou ao criar o Curso de Obstetrícia, cuja proposta é colaborar para o aumento do número de profissionais devidamente capacitados para a promoção da maternidade segura. Assim, obstetrizes formadas por esse curso poderão contribuir para diminuir os índices de mortalidade e morbidade materna e perinatal ainda elevados em nosso país.
Em muitas partes do mundo, obstetrizes prestam cuidados primários para as mulheres, existindo consideráveis variações sobre a organização dos serviços por elas prestados, o tipo de formação e o seu papel profissional. De forma geral, o modelo de atenção prestado por essas profissionais baseia-se na promoção da saúde da mulher, mais especialmente durante a gestação, parto e pós-parto, eventos normais, sobre os quais as mulheres devem ter controle e autonomia de decisões.
Diversos documentos da Organização Mundial da Saúde, do Fundo de Populações das Nações Unidas, da Organização dos Estados Americanos, da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, entre outros, destacam a importância da formação e inserção de obstetrizes ou de “parteiras diplomadas” nos sistemas de saúde.
Compromisso
Pesquisa recente (2004) realizada pela Universidade de Oxford mostrou que nenhum país conseguiu melhorar a saúde materna e perinatal sem investir na capacitação de obstetrizes devidamente qualificadas para trabalhar na atenção primária, o que inclui a assistência à mulher e família em locais como o domicílio, as unidades básicas de saúde, as casas de parto e os centros de parto normal intra-hospitalares.
Obstetrizes formadas pela Universidade de São Paulo têm formação geral voltada para o compromisso com a promoção da saúde, da cidadania, dos direitos sexuais e reprodutivos, e da busca de soluções de problemas contemporâneos, como, por exemplo, os altíssimos índices de partos operatórios (cesarianas) dos sistemas de saúde público e privado brasileiros.
Ao integrar dimensões biológicas, psicossociais e culturais no processo de cuidado e assistência às mulheres, suas famílias e comunidade, o curso se orienta por um modelo de atenção à saúde que prioriza as diretrizes do Sistema Único e da Humanização do Cuidado em Saúde. Neste sentido, o currículo do curso foi construído tomando o eixo das Ciências Humanas e Sociais e da Saúde como estruturante e não como um apêndice no processo de formação de profissionais de saúde, ou seja, há um rompimento importante de paradigmas em relação aos modelos tradicionais dos cursos da área.
Tem-se como perspectiva, levando em consideração a relevância técnica, política e social da formação de obstetrizes, que essa profissão torne-se respeitada, atraente e com ingresso garantido no sistema de saúde brasileiro.
Informativo n° 326
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