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ENCARTE: USP se rende ao ensino à distância?
Nos últimos dias de mandato do governador José Serra, foram tomadas duas medidas que aceleram a implantação do ensino à distância no Estado de São Paulo e na USP. Em 23/3, o reitor Grandino Rodas firmou acordo com a Secretaria de Ensino Superior para a criação do primeiro curso de graduação à distância da universidade, de Licenciatura em Ciências, além de um curso de especialização em “Ética, Valores e Saúde na Escola”. Em 29/3, José Serra lançou o Programa Rede São Paulo de Formação Docente (Redefor), que oferece cursos de especialização à distância para professores da rede estadual de ensino, em convênio com as três estaduais paulistas.
O curso de Licenciatura em Ciências, primeiro da USP no âmbito do programa Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), havia sido adiado em junho de 2009 — em meio a greve que tinha o fim do projeto como item de pauta — devido a uma discordância entre os professores responsáveis pelo projeto na universidade e a Secretaria de Ensino Superior.
O curso é destinado a professores do ensino básico e seu início está previsto para 2011, com duração de oito semestres. Terá polos nos campi de São Paulo, São Carlos, Piracicaba e Ribeirão Preto, com 52% da carga horária composta por atividades à distância. Serão inicialmente 360 vagas, divididas em turmas de 90 alunos, tendo cada uma três orientadores de disciplina.
A Redefor oferecerá cursos de pós-graduação lato sensu à distância para 30 mil professores da rede pública do Estado até 2012. Serão 16 cursos com duração de 360 horas (entre 12 e 14 meses), que contam pontos para o programa de bonificação por desempenho, adotado pelo governo estadual em lugar de uma política de valorização salarial unificada para toda a categoria.
A USP ministrará cursos para docentes em ciências, biologia e sociologia, além de especializações em gestão da escola para diretores, em gestão do currículo para professores-coordenadores e em gestão da rede pública para supervisores de ensino. A universidade oferecerá 4.060 vagas na etapa 2010-2011 e outras 8.140 vagas na fase 2011-2012.
Na avaliação do professor César Minto, da Faculdade de Educação, é preciso diferenciar as duas iniciativas — Univesp e Redefor. Apontando o inciso I do 3º artigo do decreto que institui a Redefor (“Os cursos (…) deverão propiciar aos profissionais da educação as seguintes habilidades: I – conhecimentos e competências pedagógicas e didáticas suficientes para absorver novos currículos, incluindo sua implementação e avaliação”), Minto critica o fato de as especializações aparentemente serem um treinamento para a aplicação de currículos previamente estabelecidos pelo governo.
Quanto à Univesp, o professor da FE critica o caráter de barateamento da graduação: “A USP gasta cerca de R$ 10 mil/ano por aluno. Os dados que temos da Univesp apontam um custo de R$ 3 mil por aluno durante todo o curso. Portanto, parece ser uma alternativa de barateamento que não se preocupa com a qualidade do ensino oferecido”.
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