Defesa da Universidade
Encontro em defesa do HU aprova ação judicial contra o reitor da USP
Coletivo Butantã na Luta vai procurar a Defensoria Pública para acionar Vahan Agopyan por não ter utilizado no hospital, em 2018, verba de R$ 48 milhões aprovada pela Assembleia Legislativa. O movimento terá uma reunião com a Superintendência do Hospital Universitário nesta semana e prepara um ato público para o próximo dia 28/8
O 4o Encontro Popular em Defesa do Hospital Universitário (HU) da USP, organizado pelo Coletivo Butantã na Luta, referendou a proposta de que o movimento entre com uma ação por improbidade administrativa contra o reitor da USP, Vahan Agopyan, por desvio de finalidade. A ação, que deve ser encaminhada pela Defensoria Pública ao Ministério Público de São Paulo, terá como causa a não aplicação no HU da verba de R$ 48 milhões dos royalties do petróleo incluída no Orçamento de 2018 pela Assembleia Legislativa (Alesp). Em vez de aplicar os recursos no hospital, a Reitoria utilizou-os em despesas previdenciárias. “Não vamos deixar isso barato”, diz Lester do Amaral Junior, da coordenação do Butantã na Luta.
Além de referendar a proposta da ação, o encontro — que reuniu cerca de 90 pessoas na fria manhã deste domingo (4/8) na Escola Municipal Amorim Lima — aprovou a realização de um ato público em defesa da reestruturação do HU no próximo dia 28/8. A manifestação vai se concentrar às 17 horas na entrada do Centro de Saúde Escola do Butantã, partindo em caminhada pela avenida Vital Brasil.
De acordo com Amaral, a mobilização será mantida independentemente dos resultados da reunião para a qual a coordenação do movimento foi convidada pela Superintendência do HU. A reunião, que terá a participação de representantes da Adusp, do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) e dos estudantes, será realizada nesta quinta (8/8), às 10 horas.
Entre outras ações pontuais, o encontro popular também aprovou a redação de uma carta em defesa dos hospitais universitários brasileiros que está sendo distribuída na 16a Conferência Nacional de Saúde, que se realiza até quarta-feira (7/8) em Brasília.
“Projeto de privatização na USP continua a todo vapor”, diz vice da Adusp
Presente ao encontro, a professora Michele Schultz Ramos, vice-presidenta da Adusp, reafirmou o apoio irrestrito da entidade ao movimento e lembrou que o atual reitor “não é exatamente novo na gestão da universidade”: Agopyan “era o vice na gestão de Marco Antonio Zago, o reitor que iniciou o processo de desmonte do HU”, disse.
“Então, apesar de o atual reitor ser uma pessoa mais cordial, mais diplomática, o projeto de privatização na USP continua a todo vapor, assim como em outros órgãos públicos”, apontou. Há muito tempo, prosseguiu a docente, a entidade vem denunciando o subfinanciamento da universidade, o que está diretamente relacionado à precarização do trabalho e à adoção das recentes medidas que permitem o “compartilhamento” de equipamentos, materiais e laboratórios da USP com empresas privadas. João Zanetic, docente sênior do Instituto de Física (IF) da USP e ex-presidente da Adusp, e Lighia Matsushigue, docente colaboradora do IF, também participaram do encontro.
Moradora da região desde 1964 e uma das oradoras da reunião, a servidora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP Zilma Lúcia da Silva relatou que praticamente viu o HU ser construído. A servidora fazia seus tratamentos e acompanhamentos no hospital — mas, como o HU passou a ser “referenciado” e só atende os casos encaminhados por outras unidades de saúde, Zilma ficou sem a assistência com que contava. “É com muita tristeza que vejo o que aconteceu no HU”, lamentou.
Movimento quer contratação por concurso público
A organização da triagem médica no pronto-socorro, com a retomada do atendimento à população, é um dos seis pontos do projeto de reestruturação do HU defendido pelo Coletivo Butantã na Luta. “Já que a USP não apresenta a sua proposta, nós vamos batalhar pela nossa”, diz Lester do Amaral Junior.
Os outros itens são: reativação dos 250 leitos do hospital (hoje são 150, parcialmente ativados); uso efetivo das oito salas cirúrgicas (por falta de profissionais, atualmente apenas três são utilizadas); contratação imediata de trezentos profissionais por concurso público, com a utilização da verba de R$ 40 milhões destinada pela Alesp em 2019; contratação de médicos para assegurar a recuperação da formação multitemática nos sete cursos e dez carreiras da saúde da USP; e integração efetiva com o sistema de saúde do Butantã para assegurar o direcionamento ao HU dos encaminhamentos feitos por outras unidades da região.
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