Defesa da Universidade
Na reunião de 17/12, Conselho Universitário deve votar projeto de divisão da “Filô” e decorrente criação de dois institutos no campus de Ribeirão Preto
Instituto de Ciências, Tecnologia e Inovação (ICTI-RP), Instituto de Ciências da Vida (ICV) agrupando Biologia e Psicologia, e “nova” FFCLRP com Educação, Informação e Música seriam as unidades resultantes. Reestruturação reflete vontade majoritária do corpo docente da faculdade, mas enfrentará desafios como escassez de docentes e funcionários técnico-administrativos e carência de espaço físico
Na sua última reunião de 2019, agendada para 17/12, o Conselho Universitário da USP (Co) deverá debater e aprovar ou rejeitar uma proposta da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), a “Filô”, de reestruturação da unidade por meio da criação de duas outras: Instituto de Ciências, Tecnologia e Inovação de Ribeirão Preto (ICTI-RP), com foco na área de Ciências Exatas e Tecnológicas, e Instituto de Ciências da Vida (ICV), agrupando as áreas de Biologia e Psicologia. A FFCLRP resultante, ou “nova Filô”, ficaria somente com as áreas de Educação, Informação e Música.
A Congregação aprovou o projeto de reestruturação na sua reunião de 21/3/2019, com uma única abstenção. Ao mesmo tempo há indícios de que o processo vem sendo negociado pelo diretor Pietro Ciancaglini com o reitor Vahan Agopyan. De acordo com a “Proposta de Reestruturação da FFCLRP incluindo a criação de novas unidades de ensino e pesquisa”, de março de 2019, “uma pré-proposta foi aprovada” na reunião de 18/10/2018 da Congregação, “e entregue à Reitoria”.
A “Proposta de Reestruturação” informa, às p.16-17, que as novas unidades propostas “também podem [vir a] se reestruturar internamente”, em futuro muito próximo: “Iniciativas mais ousadas para estruturas internas [das futuras unidades] serão realizadas após a decisão futura do Co sobre o tema, dado que na última reunião de Dirigentes da USP, em fevereiro de 2019, decidiu-se pela criação de um grupo de trabalho para esse estudo” (destaques nossos). Como explicou ao Informativo Adusp a direção da Filô, o GT e o estudo citados não dizem respeito à reestruturação dessa unidade, mas sim a uma proposta em curso, por decisão da Reitoria, de ampla reorganização dos departamentos da USP.
A justificativa apresentada para a divisão da Filô é de que “devido ao seu crescimento expressivo em áreas acadêmicas tão distintas, diversas dificuldades administrativas, de gestão e acadêmicas têm impossibilitado o melhor desenvolvimento das atividades-fins de cada departamento e/ou curso, situação que, muitas vezes, torna-se um obstáculo no atendimento às demandas artísticas, culturais, educacionais e tecnológicas provenientes da sociedade. Soma-se a isso, a dificuldade de reconhecimento dentro da própria USP e no país da identidade real de cada núcleo didático e de pesquisa dos departamentos”.
Assim, o projeto “propõe a resolução e melhoria não apenas de problemas internos com otimizações administrativas e de atividades-fins, como também prevê um crescimento sistemático das subunidades da FFCLRP com vistas a ampliar, diversificar e adensar o atendimento de demandas e necessidades oriundas da sociedade” (conforme a “Proposta de Reestruturação”, p. 11).
De acordo com o projeto, o ICTI-RP será composto pelos três atuais departamentos da área de exatas: de Computação e Matemática, de Física e de Química. Além dos cursos já existentes, pretende-se criar, “no futuro próximo, cursos de engenharia (com a colaboração das demais faculdades do campus de Ribeirão Preto)” e mais cursos de pós-graduação. Outro objetivo seria “ampliar a proximidade com o Parque Tecnológico de Ribeirão Preto e Fatec-RP” (p. 11).
O ICV, por sua vez, será composto pelos departamentos de Biologia e de Psicologia da FFCLRP. “Além de aprimorar os cursos atuais e suas reestruturações, almeja-se criar no ICV novos cursos de especialização e de pós-graduação. Prosseguir-se-á com a implantação do Museu da Biodiversidade, fortalecendo a interação com a sociedade, e atendendo às demandas de cuidados em Saúde e Educação, sobretudo de Saúde Mental”, diz o projeto (“Proposta de Reestruturação”, p. 12).
Quanto à FFCLRP, passaria a reunir somente o Departamento de Educação, Informação e Comunicação (Dedic) e o Departamento de Música (DM), os quais assumiriam “o desafio de dar continuidade à FFCLRP, preservando parcela de sua memória coletiva, enraizada na articulação e desenvolvimento de áreas acadêmico-científicas com identidades, projetos, objetivos e finalidades diferenciados, de forma a consolidar as estruturas dos dois departamentos, atualmente aquém das condições ideais, especialmente no que tange ao número de docentes e funcionários” (p. 12).
Na reunião de 21/3/19 da Congregação o professor Marcelo Marini Pereira de Souza, chefe do Dedic, manifestou a posição de seus colegas sobre a reestruturação, conforme registra a ata oficial: “entendem o momento como melancólico, por não concordarem com a separação da Faculdade”, porém, “em respeito à vontade dos outros departamentos e colegas, o departamento participou da elaboração do projeto, mesmo não tendo a anuência/concordância de todos os seus integrantes” (destaques nossos). Foi de Pereira a única abstenção registrada na votação da “Proposta de Reestruturação”. Hoje, no entanto, ele considera que as preocupações existentes naquele momento estão superadas, graças às "salvaguardas" negociadas no âmbito da Congregação (leia no próximo bloco).
Também lotado no Dedic, o professor titular José Marcelino de Rezende Pinto, diretor regional da Adusp, questiona o projeto de reestruturação: “A FFCLRP unida é mais forte e eficiente que as unidades que virão, muitas delas já nascendo com o desejo de vida curta em comum. Ou seja: no dia seguinte ao casamento já estão sonhando com o divórcio”.
Decisões da gestão compartilhada serão por consenso, garante chefe do Dedic
Procurado pelo Informativo Adusp para comentar a reestruturação, o chefe do Dedic aponta virtudes e problemas no projeto, mas se diz confiante no “modelo de partilha” concertado entre os diferentes setores da antiga unidade. Na sua opinião, as “salvaguardas” definidas consensualmente poderão garantir o necessário equilíbrio entre as três novas unidades.
“Na gestão compartilhada que virá, se aprovada a constituição de novas unidades, o coletivo da Filô — os departamentos que ficarão na Filô — faz questão de não sair dos espaços da atual Filô até resolverem os espaços específicos das novas unidades. Da mesma maneira os funcionários. Em suma, que não saia correndo todo mundo para lançar mão do espólio”, explica Pereira. “Também, que todas as decisões da gestão compartilhada sejam por consenso e não por votação. Atualmente tudo isso foi resolvido e está tudo documentado. Portanto, são pontos superados”.
O docente reconhece que a intenção de reestruturação na Filô é antiga. “Desde 1990 existem projetos de criação de institutos de Biologia, Ciências Exatas, Psicologia, Educação. Houve iniciativas também em 1998, 2010 e 2012 com propostas de institutos autônomos. Todas foram infrutíferas por diversas razões. Contudo, a partir dessas experiências passadas, notadamente pelo insuficiente envolvimento de toda a comunidade de docentes, funcionários não docentes e corpo discente nas propostas pretéritas, em 2016/2017 – início da gestão da atual diretoria – houve a constituição de uma Comissão Permanente de Institucionalização da FFCLRP, composta por integrantes (docentes, funcionários não docentes e representação do corpo discente nos respectivos colegiados) de todos os departamentos e da administração central da Filô”.
De acordo com Pereira, os estudos “eram apresentados em plenário na Comissão, que se reunia periodicamente, e todas as propostas encaminhadas aos departamentos para debates e contribuições posteriores na Comissão Permanente, no CTA e na Congregação”. Acrescenta: “O desenho das novas unidades foi realizado de maneira participativa e em consenso, a partir das necessidades apresentadas pelas áreas de Exatas, da Biologia e da Psicologia, que estavam dispostas a criar unidades independentes”.
“O Departamento de Educação, Informação e Comunicação (Dedic) e o Departamento de Música (DM) se posicionaram contrários à separação, mas respeitando o desejo dos demais em constituírem novas unidades”, o que os levou, diz, a contribuirem com o projeto, participando das reuniões, redação de documentos etc. “Portanto, sim, o projeto de institucionalização é uma expectativa da maioria da Filô e foi discutido de maneira ampla por mais de dois anos. A separação da Filô é uma unanimidade? Não, não é. Há pessoas que não são favoráveis à separação dos departamentos e criação de novas Unidades”.
Pereira acredita que haverá um realinhamento de unidades e departamentos em função de áreas e objetivos comuns, independentemente de formações primárias dos participantes. Assim, a área ambiental, por exemplo, tenderia a abrigar profissionais de diversas formações, mas com objeto comum, em uma unidade ou departamento. “Entendo que este realinhamento propiciará maior interação entre os profissionais, laboratórios e grupos de ensino, pesquisa e extensão. Um departamento ‘ambiental’ constaria de arquitetos, geólogos, geógrafos, engenheiros, advogados, dentre outros, todos sob um mesmo teto”.
Sob este ponto de vista, prossegue ele, “a institucionalização da Filô está favorecendo ao atendimento da especificidade”, mesmo sem propiciar, neste momento, o “trânsito interdepartamental” dos profissionais e pesquisadores. “Acredito que será um segundo momento, de acordo com as atitudes na USP. Ao menos deveria ser, apesar da rigidez na mobilidade profissional nas universidades de maneira geral”.
“Filô apresenta enorme defasagem no número de docentes”
O chefe do Dedic apresenta mais argumentos favoráveis à faculdade que resultaria da reestruturação: “Eu não entendo que existirá uma ‘nova Filô’. É a Filô. Ponto. Os integrantes que propuseram as novas unidades resolveram seguir ‘carreira solo’, pelos motivos já expostos. Assim, a Filô continuará com as áreas de Ciências da Informação, Biblioteconomia, Música e Educação. Claro que ela será menor que a atual, que é constituída de sete departamentos. Contudo, a Filô que permanecerá apresenta um potencial de crescimento a partir de objetivos comuns”.
Em reuniões recentes, exemplificou Pereira, o coletivo da Filô vislumbrou projetos para fortalecer a formação dos alunos com um reforço em propedêutica, como Filosofia e Sociologia. “Portanto, existem muitas perspectivas para o desenvolvimento em pesquisa, ensino e extensão da Filô no quadro atual e futuramente com as eventuais propostas de inclusão de novas áreas do conhecimento. Mas isso o tempo determinará”.
Na sua avaliação, os gráficos que elaborou com dados do Anuário da USP mostram que “em 2018 a Filô, se fosse uma unidade reestruturada, estaria acima da média na USP e no Campus de Ribeirão Preto”. “Agora, essa reestruturação ocorre em um momento delicado para os departamentos remanescentes da Filô, pois existem carências de espaço físico, funcionários e docentes, mesmo que sejam independentes do processo de institucionalização. Entendo até que a nova estrutura poderá favorecer o equacionamento destas questões, pois haverá um ‘foco’ maior, sem dispersar em diversos departamentos e demandas. Contudo, somente a prática dirá, pois poderá existir um enfraquecimento político da Filô e isso poderá influir negativamente nos novos pleitos”.
Ele reconhece que a situação atual é preocupante no que se refere ao tamanho do corpo docente, pois a Filô “apresenta uma enorme defasagem no número de docentes” e precisa “repor as perdas com urgência para evitar mais prejuízos nas suas atividades”. Não é só: “Adicionalmente, a USP precisa construir as instalações do Dedic, que foi compromisso assumido na sua constituição em 2009/2010. Afinal, os espaços físicos atuais são insuficientes para atender às demandas, além de serem muito fragmentados no Campus de Ribeirão Preto, propiciando uma enorme perda de eficiência. Já o Departamento de Música está adequadamente instalado, mas carece de um ajuste no número de docentes para seu funcionamento”.
Conclui: “Não é o melhor momento para a reestruturação, estamos cheios de encrencas. Mas, pessoalmente, creio que para a Filô que fica não é um ‘mau negócio’, embora saia mais fraca que a Filô anterior. Eu particularmente estou otimista”.
Doutoranda questiona apresentação de slides e "discurso de persuasão"
A doutoranda Yuna Lelis Beleza Lopez, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) da FFCLRP, critica a falta de transparência do projeto de reestruturação. Yuna e outros colegas participaram, no dia 21/11, de uma reunião com o diretor, Pietro Ciancaglini, e o vice-diretor, Marcelo Mulato, que convidaram os estudantes para uma apresentação do projeto. A pedido do Informativo Adusp, a doutoranda relatou esse encontro e elencou suas divergências.
“Nós, alunos da Educação (graduação e pós-graduação), nos organizamos para comparecer: estávamos em sete alunas e cerca de vinte de outros cursos. Os professores Pietro e Marcelo apresentaram muito rapidamente slides com dados estatísticos sobre a FFCLRP com um discurso de que, com a reestruturação, os institutos ainda estariam ‘bem’ perante os outros cursos do campus tendo em vista alunos matriculados, docentes etc. Obviamente que os dados foram demonstrados a fim de apresentar os benefícios da divisão. O tempo nos slides foi relativamente curto, ao passo que não era possível anotar”.
Yuna chama atenção para os custos da reestruturação, que a seu ver são subestimados pela direção da Filô. “De modo geral, o discurso foi em torno da ‘inovação’ desse processo de reestruturação, em que a proposta se dá pelo ‘princípio da economicidade’, ‘gestão compartilhada’ e ‘reduzíssimo custo’. Nota-se que, neste último, os professores já modificaram a palavra, pois antes a fala era pautada pelo ‘custo zero’. Em outro momento houve um questionamento acerca dessa garantia de ‘custo zero’ — surreal — na reestruturação. Nesse sentido, o discurso dos interessados na divisão foi aprimorado”.
No seu entender, o projeto sinaliza um papel mais auspicioso para os futuros institutos, enquanto relega a segundo plano a “nova Filô”. “Como a Educação já é uma área historicamente secundarizada, no meu entendimento, nos apegamos aos detalhes de alguns discursos por entendermos que o não dito também diz muito! No momento em que o professor Pietro apresentou os institutos, no de Ciências, Tecnologia e Inovação e no de Ciências da Vida, havia uma meta na identidade acadêmica nacional e internacional (como foco em cada área do conhecimento). Quando apresentou o da futura FFCLRP, não havia o termo ‘identidade acadêmica’ e apenas eram informados os cursos que comporão a faculdade. Isso nos causou estranhamento e, ao indagarmos o professor, ele disse que foi falha na escrita…”
Outra questão delicada seria a do financiamento das novas unidades: “Houve mal estar entre os alunos [da Educação], pois os dos dois outros institutos são favoráveis porque sabem que, na divisão da verba, terão mais benefícios. Quando indagamos acerca da base de cálculo do valor por aluno, ou de quanto ficaria para cada instituto, os professores alegaram que a base era complexa, que eles ‘não sabiam’ explicar e que ficássemos tranquilos que seria uma divisão ‘justa’”. Em seguida, Yuna questiona: “O que é justo?”.
Ainda segundo a doutoranda, diretor e vice-diretor garantiram que, no caso de aprovação do projeto de reestruturação pelo Co no dia 17/12, o prédio central da Filô seria compartilhado, assim como as verbas, e a divisão de funcionários seria igual para as três unidades. “Disseram que haverá contratação de docentes, que era para ficarmos despreocupados em relação a isso, no entanto sabe-se que essa promessa de contratação será para o campus, e não para a FFCLRP”, e “salientaram que seria interessante ter-se três diretores ao invés de um, pois as chances de disputa serão ‘melhores’. Enfim, foram respostas bem genéricas e sem abertura para aprofundamento”.
A leitura que Yuna faz da apresentação é que diretor e vice-diretor “queriam apoio dos alunos na votação do Co que ocorrerá no dia 17/12, no sentido de que nada pode sair errado nesta data!”. Prossegue explicando o raciocínio: “Foi um discurso de persuasão para que nós, alunos, nos sintamos seguros com a reestruturação. O que eles não esperavam é que alunos da Educação fossem em número significativo para essa reunião do dia 21/11 e os colocássemos contra a parede. Seria ingênuo pensar que nossos questionamentos mudariam o curso da reestruturação. Porém ficou claro que estamos atentos às condições dessa divisão e que acompanharemos todo o processo”.
“Ocorrerá a consolidação dos departamentos existentes”, diz Diretoria
A direção da unidade acredita que, uma vez realizada a reestruturação, “ocorrerá a consolidação dos departamentos existentes”, como declarou ao Informativo Adusp. “Será possível um crescimento estruturado para cada unidade e isso está claro nos três Projetos Acadêmicos apresentados. Neles há uma clara adoção de objetivos, metas e ações em comum, ganhando muito mais robustez e coerência dentro de suas respectivas áreas de atuação”.
Além disso, alega a direção, “a reestruturação poderá mostrar mais claramente para a Reitoria os anseios da Nova FFCLRP, hoje diluídos/abafados no universo dos sete departamentos e dez cursos de graduação”. Seguem, na íntegra, as perguntas encaminhadas à direção da FFCLRP e as respectivas respostas conjuntas dos professores Pietro Ciancaglini, diretor, e Marcelo Mulato, vice-diretor.
Informativo Adusp. Caso aprovada a reestruturação, surgirão três novas unidades, nenhuma das quais terá estatura institucional sequer assemelhada à atual Filô. Por outro lado, o desenho das novas unidades não as exime de conflitos internos, tendo em vista o histórico da Filô. Que ganhos o Sr. acredita que a reestruturação trará para a USP e para os atuais departamentos da FFCLRP?
Diretoria: “A proposta tem um foco na obtenção de identidades acadêmicas (nacional e internacional) de áreas (Exatas, Biológicas e Humanas/Artes), mantendo a interdisciplinaridade, integração, sinergia e colaboração, atualmente departamental, para no futuro interunidades. Efetivamente, ocorrerá a consolidação dos departamentos existentes, propondo uma futura maior articulação com todas as Unidades da USP. Será possível um crescimento estruturado para cada Unidade e isso está claro nos três Projetos Acadêmicos apresentados. Neles há uma clara adoção de objetivos, metas e ações em comum, ganhando muito mais robustez e coerência dentro de suas respectivas áreas de atuação. As novas Unidades detalham claramente suas missões e suas visões, gerando novas metas e estratégias. Destacamos aqui que a proposta acadêmica apresentada tem um grande avanço de qualidade para os alunos e que efetivamente poderá proporcionar aos docentes das respectivas Unidades um claro ideal a ser buscado. (Ver os diferentes ganhos acadêmicos e para a sociedade detalhados nos respectivos projetos.) Além dos ganhos acadêmicos, estão associados os ganhos de eficiência e inovação na proposta que trará serviços compartilhados, aos moldes do DRH, que já vem funcionando há mais de dois anos, com muito êxito. Isso poderá ser implementado também em outras unidades trazendo economia para aplicações em outras áreas essenciais, sem perda de qualidade de atendimento, tanto ao aluno quanto aos docentes”.
Informativo Adusp. O próprio projeto de reestruturação admite que o Dedic e o DM, que constituirão sozinhos a nova Filô, atualmente encontram-se “aquém das condições ideais, especialmente no que tange ao número de docentes e funcionários” (p. 12). Não é temerário criar uma unidade nessas condições, especialmente sabendo-se que o DM conta com apenas 13 docentes efetivos?
Diretoria: “Hoje, a composição da Nova Filô conta com 46 docentes e, em breve, contará com mais dois docentes, cujos concursos estão em andamento, totalizando 48 docentes, sendo 14 no DM e 34 no Dedic. Cabe ressaltar que o DM foi absorvido pela FFCLRP em 2010 (como departamento isolado da ECA com 15 docentes) e, imediatamente, após essa incorporação, um docente solicitou exoneração e outro quis permanecer na ECA, mantendo 13 docentes. Como é de conhecimento de todos, a USP entrou em um momento crítico com comprometimentos de folha de pagamento (acima de 100%) e a Diretoria da FFCLRP-USP, bem como a Reitoria, envidaram esforços para resolver esse problema. Entretanto, o fluxo de docentes do DM é grande e, nestes últimos sete anos, 3 docentes se desligaram por motivos diversos, porém outros 3 docentes foram contratados, permanecendo assim o número nominal de docentes do DM. Similar situação de perdas (aposentadorias e exonerações) de docentes ocorreram nos demais departamentos, neste mesmo período, e apesar do esforço desta gestão e da Reitoria as reposições ocorrem em uma velocidade mais lenta.
Esclarecemos que a Nova Filô, com a formação citada acima, será ainda maior que duas Unidades criadas do ‘zero’, em 2010, no Campus de Ribeirão Preto e que funcionam de forma adequada, desde sua implantação, mesmo que ainda não contem com a quantidade de docentes indicada no projeto original.
Atualmente o DM conta com 9 funcionários (2 básicos, 5 técnicos e 2 [de nível] superior), enquanto o Dedic conta com 16 funcionários (4 básicos, 5 técnicos e 7 [de nível] superior). Isso resulta em uma proporção de (25/46) = 1,84 docente/funcionário, muito acima da média de outros departamentos da própria FFCLRP, bem como de Unidades da USP. Considerando que a proposta não altera em nada a estrutura departamental, o serviço e o atendimento ao docente e discente serão mantidos.
Finalmente, a reestruturação poderá mostrar mais claramente para a Reitoria os anseios da Nova FFCLRP, hoje diluídos/abafados no universo dos sete departamentos e dez cursos de graduação”.
Informativo Adusp. Segundo o projeto de reestruturação, as atividades de limpeza, vigilância e jardinagem serão supridas por servidores terceirizados, “tal qual ocorre quase que totalmente na atualidade, além dos serviços de veículos/motoristas, cuja utilização via pool dentro do Campus de Ribeirão Preto já é uma realidade em fase de implantação” (p. 16). Essa não é uma perspectiva rebaixada de futuro?
Diretoria: “As três Unidades terão condições de funcionamento fisicamente independentes, adquiridas ao longo da história da edificação da FFCLRP, além do que, não será duplicada nenhuma das atividades ‘meio’. Existe um diferencial em nosso projeto que é a otimização e compartilhamento de serviços das atividades. Isso poderá ser usado como modelo/piloto a ser seguido por outras Unidades para a eficiência do uso de verba pública. Não serão duplicados espaços (Serviço de Graduação, Pós-Graduação, Compra, Tesouraria, Expediente, Patrimônio, Informática, Audiovisual, Manutenção, Veículos e outros), os quais atenderão as três Unidades (geridas por um Conselho dos três novos Diretores) trazendo eficiência e economicidade. Serão criadas onze novas posições com gratificações que resultarão na valorização e motivação do funcionário. Neste momento de transição seremos um modelo de gestão que, com êxito, poderá ser aplicado com outras Unidades, trazendo ainda mais eficiência e economia para a USP investir em atividades prioritárias.
A questão da terceirização de limpeza e segurança já é uma realidade em todas as unidades da USP há muito tempo, no projeto apresentado não muda nada o que já é realizado hoje, e a questão do compartilhamento e uso otimizado não deve ser encarado como rebaixamento, e sim, otimização de uso de verba pública, sem perda de qualidade”.
Informativo Adusp. O projeto de reestruturação tem sido conduzido à margem da comunidade da Filô, sem comunicação ou consulta ao conjunto do corpo docente e aos alunos e funcionários. Por outro lado, uma instância que não existe no Estatuto da USP, a chamada “Reunião de Dirigentes”, criou em fevereiro último um GT para tratar do assunto, conforme indicado no projeto de reestruturação (p. 16-17). Isso não é contraditório?
Diretoria: “O Projeto de Reestruturação da FFCLRP foi conduzido por uma Comissão constituída por membros de nossa Faculdade, desde o início de nossa gestão. Uma primeira Comissão foi instalada em 31 de março de 2017 e outras sucessivas, até a montagem do projeto, entregue em março de 2019 ao Magnífico Reitor. O Projeto de Reestruturação da FFCLRP está no nosso plano de metas e no Projeto Acadêmico. Na verdade, é um anseio de mais de 35 anos, com várias tentativas já realizadas e projetos já entregues na Reitoria, e que não tiveram sucesso. O processo de montagem do projeto contou com a participação de docentes, funcionários e alunos, portanto de toda comunidade da Filô que puderam agregar os respectivos anseios. Sempre foi apresentado em várias reuniões e todas as decisões foram no âmbito departamental e colegiado (Conselhos, CTA, e Congregação), ressaltando que em todas as etapas, houve aprovação por unanimidade dos membros presentes.
Na página 16-17 do referido Projeto, esclarecemos que o GT citado por Vossa Senhoria se refere a um Grupo de Trabalho, em nível de Reitoria, que está tratando a questão departamental da USP e este texto refere-se: em caso deste GT apresentar um estudo de readequação de número de docentes por departamento e esta alteração for aprovada pelo Conselho Universitário, a FFCLRP e as Novas Unidades se adequarão às regras. Em outras palavras, este Projeto de Reestruturação da FFCLRP não está se adiantando ou propondo mudanças na esfera departamental.
Ratificamos ainda, que o estudo deste projeto foi realizado em conjunto com docentes, funcionários e alunos da FFCLRP, por meio de várias comissões na Unidade até a sua conclusão”.
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