ESALQ está sem “bandejão” desde 1/8 e estudantes protestam contra irresponsabilidade da administração

foto: APG

Restaurante foi terceirizado em 2016 para empresa que a justiça acaba de declarar inidônea, por envolvimento com escândalo da Merenda Escolar

Os estudantes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) estão enfrentando o fechamento de seu restaurante universitário, que encerrou suas atividades após o fim do contrato com a empresa terceirizada Eu Alimento em 1/8. Conhecido localmente como Rucas, o restaurante servia cerca de 1.200 pessoas por dia e está terceirizado desde 2016. Em resposta à situação, no dia 10/8 os estudantes organizaram um dia de mobilização em defesa do restaurante com atos e debates sobre terceirização e os cortes na Educação.

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Segundo nota divulgada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e pelos centros acadêmicos da Esalq, o prefeito do campus Fernando Seixas, em reunião com os estudantes, esclareceu que a empresa Eu Alimento não renovou seu contrato por estar incapacitada de prestar serviços a órgãos públicos após uma decisão judicial de 23/7. De acordo com a nota estudantil, a empresa está sendo investigada pela Polícia Federal no caso de corrupção que envolve o serviço de merenda das escolas públicas de São Paulo. “Não ficou claro para nós por quê a demora do dia 23 ao dia 31 para nos informar do fechamento, até então temporário, do Rucas”, afirmam os alunos.

A Prefeitura do campus ainda pediu aos centros acadêmicos, conforme relato destes, que listassem estudantes que precisem receber marmitas, as quais seriam pagas emergencialmente pela USP e fornecidas durante três semanas. Os centros acadêmicos, entretanto, recusaram-se, argumentando que não lhes cabe decidir quem merece, ou não, o direito às refeições.

Há, ainda, a possibilidade de uma “licitação relâmpago” para contratar uma empresa que realize o serviço depois da Semana da Pátria, o que é difícil porque, em vista da terceirização, a USP só possui o prédio enquanto estrutura para o restaurante, e a empresa a ser contratada emergencialmente teria que procurar funcionários e comprar mesas, cadeiras, fornos e fogões que estariam em uso por poucos meses. Todavia, o prefeito do campus informou ao Informativo Adusp, via telefone, que quatro empresas já demonstraram interesse na licitação recém-aberta, que deve ser encerrada até dia 17/8. O prefeito, entretanto, preferiu ainda não confirmar a volta do Rucas após a Semana da Pátria.

Mobilização dos estudantes

“Na semana passada, ocorreu algo que se tornou explosivo, porque professores, estudantes e toda a comunidade da Esalq receberam a notícia de que o restaurante universitário não estaria em funcionamento. A interrupção deste serviço de alimentação que atende 1.200 alunos por dia levou a uma mobilização muito grande. Assim, na sexta-feira [dia 10/8] houve paralisação dos alunos, que promoveram uma série de eventos para discutir o problema” descreveu o professor Paulo Moruzzi Marques, da Esalq.

“Agora, a grande questão se refere a esta escolha pela terceirização do serviço público, em particular do restaurante universitário. O que constatamos foram os limites desta terceirização, na medida em que o serviço se tornou instável e incerto. Esse discurso de uma maior eficácia com a terceirização, de um serviço melhor, não se comprovou”, afirmou o professor.

Em sua nota, os Centros Acadêmicos da Esalq e o DCE apontaram a falta de equipamentos no restaurante como uma das mazelas da terceirização, assim como precarização do trabalho dos funcionários. “Temos uma empresa que presta um serviço, com alta rotatividade de funcionários (mais de 10 nutricionistas nesses dois anos), baixa qualidade de produção (evidenciada até pela diminuição de pessoas comendo diariamente no Rucas), que fica presa à burocracia e acaba por criar esses momentos de hiato na prestação dos serviços”, afirmaram os estudantes.

EXPRESSO ADUSP


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