Defesa da Universidade
SIICUSP 2014: A autonomia do abandono
A realização do SIICUSP de 2014, “sob nova direção”, evidencia que o projeto em curso é, de fato, transformar a USP numa ilha de excelência, conforme “orientação” do sr. Schwartzman em entrevista à revista Época. Mas, talvez, a “nova direção” não tenha competência suficiente para estabelecer esse projeto.
Em março de 2014, em reunião da PRP com as Comissões de Pesquisa das unidades, ainda não havia definições sobre o evento, sob a alegação de que a nova equipe estaria se estruturando diante das novas atribuições. Nesse encontro ficou definido que o tema seria retomado em reunião do dia 11 de junho. Transferir a discussão do evento de março para junho, considerando que em anos anteriores o evento ocorria no mês de outubro, já sugere que alguns encaminhamentos não seriam, de fato, discutidos, mas, antes, decididos no âmbito da própria PRP, sem a participação efetiva das Comissões locais ou até mesmo da comissão organizadora do evento. A reunião prevista para 11 de junho foi cancelada sob a justificativa de que o edifício da Administração Central da Universidade estava “fechado”.
Em julho fomos surpreendidos com as novidades do SIICUSP 2014: novos prazos para inscrição e novo formato, que envolve duas etapas. A primeira fica sob responsabilidade de cada unidade. Isto é o que provavelmente a atual gestão da USP entende por “maior autonomia”: transferência de responsabilidades e dos custos correspondentes, às Unidades cujos recursos foram significativamente cortados neste ano. Como já em curso em outros níveis da educação pública, trata-se da “autonomia do abandono”. Nesta etapa, serão selecionados entre 10 e 15% dos participantes de cada Unidade da USP e entre 10% e 15% dos participantes externos à USP, para participar da 2a. Etapa, que acontecerá no campus Butantã, na forma de uma “Mostra Pública dos Destaques 2014. No ícone “programação” da página do evento, ao apresentar a 2ª etapa destaca-se a “participação de convidados internacionais”. Uma lógica pretensamente meritocrática, que já existia com a premiação de estudantes nas edições anteriores do SIICUSP, agora se apresenta já na assim chamada “1ª Etapa”. Enfatiza-se a perspectiva da exclusão, a lógica de que o “melhor” é para poucos. Como se a ciência não fosse o fruto de um trabalho árduo, persistente e coletivo, mas sim o produto de algumas mentes iluminadas que, por isso, merecem todo o destaque.
Finalmente, resta considerar que os gestores atuais que tanto defendem a excelência, cometem um equívoco que chega a ser risível: um evento com apresentações locais, por unidade, e “participação de convidados internacionais” apenas na segunda etapa não pode, de forma alguma, ser designado como “internacional”. Que assumam, então, o rebaixamento do SI(?)ICUSP, expresso na forma como ele acontecerá e no próprio nome dado ao evento, sem nenhum pudor: Mostra Pública dos Destaques 2014.
Ribeirão Preto, 22 de julho de 2014.
Comissão de Mobilização
Adusp Regional Ribeirão Preto
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