Calourada unificada 2013 protesta contra MPE

A mesa de abertura da Calourada Unificada 2013, que ocorreu na tarde de 28/2 e contou com debates e oficinas na FFLCH, teve como principal propósito contextualizar para os estudantes ingressantes a atual conjuntura político-administrativa da universidade. À noite, um ato-debate contra a denúncia, feita pela promotora de justiça Eliana Passarelli, do Ministério Público Estadual (MPE-SP), de 72 pessoas que ocuparam a Reitoria em novembro de 2011, fechou o dia de recepção aos calouros.

Na mesa de abertura da Calourada, a estudante Giulia Tadini, diretora do DCE-Livre Alexandre Vannucchi Leme, e o professor-aposentado João Zanetic (Instituto de Física), fizeram as falas de boas-vindas. O professor Paulo Arantes (FFLCH) não compareceu devido a um contratempo. Primeiro a falar, Zanetic elencou pontos que, para ele, devem nortear a luta dos estudantes considerando a conjuntura atual: a construção de uma Estatuinte paritária, o combate à ameaça de prisão de estudantes e funcionários e a “desconstrução” do Pimesp. “É importante que nada [relacionado aos acontecimentos recentes na USP informados pela mídia] seja tomado como natural. Não aceitem o que já se tornou habitual, procurem um remédio, procurem uma saída, procurem mudança, porque como está, está muito mal”, finalizou.

A representante do DCE lembrou aos calouros a alcunha de “xerifão” da USP que uma revista semanal, conhecida por sua posições editoriais conservadoras, conferiu ao reitor Grandino Rodas. “Espero que nós possamos fazer da USP não um exemplo negativo para as outras universidades, mas um exemplo positivo no que se refere à gestão democrática de uma universidade pública”, desejou Giulia.

Tribunal”

No fim do dia, o ato-debate contou com a participação do ex-deputado federal Plínio de Arruda Sampaio. Ele manifestou solidariedade aos estudantes denunciados pelo MPE: “Se tiver necessidade de defesa oral no tribunal, eu vou ao tribunal. Se tiver necessidade eu vou também auxiliar os advogados de vocês na defesa”, garantiu sob aplausos dos estudantes.

Também se manifestaram os professores Vladimir Safatle (FFLCH), Jorge Souto Maior (FD), Elisabetta Santoro (representando a Adusp), Oswaldo Coggiola (representando o Andes-SN) e os deputados estaduais Adriano Diogo (PT) e Carlos Gianazzi (PSOL).

“A democratização da universidade é uma condição absolutamente necessária para que ela possa preencher de maneira adequada as suas funções”, disse Safatle. Ele também criticou e contextualizou para os calouros uma realidade obscura na universidade: o financiamento de pesquisas acadêmicas por empresas privadas. “Nós professores esperamos muito dessa geração, que é uma das gerações mais aguerridas, mais interessadas e mais politizadas que esse país já teve nos últimos 30 anos”, finalizou.

Pedro Serrano, do DCE, mencionou o quadragésimo aniversário do assassinato de Alexandre Vannucchi Leme, estudante do Instituto de Geociências da USP preso e torturado pela Ditadura Militar. “Três anos depois [da morte do aluno em 1973], quando o DCE foi refundado, em 1976, depois de ter sido fechado durante a Ditadura, os estudantes homenagearam Alexandre e batizaram a entidade com o seu nome”, registrou o diretor do DCE.

Elisabetta Santoro abordou o processo de sucessão do reitor, componente importante da estrutura de poder da USP: “Vale dizer que, ao ser indicado, Rodas comprometeu-se a mudar o Estatuto da universidade no sentido de democratizar o processo de escolha do reitor. Afirmava que em um ano e meio, a partir da sua posse, já teria sido aprovada a mudança estatutária referente à eleição do reitor. Até agora, nada aconteceu efetivamente”.

 

EXPRESSO ADUSP


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