Democracia na USP
Democratização da USP na ordem do dia
2005: estudantes paramentados como "cardeais" satirizam sucessão reitoral |
Nesta terça-feira, 25/8, nos reuniremos em Assembléia tendo como um dos temas de discussão a democratização da Universidade de São Paulo. O movimento do primeiro semestre pôs a nu, mais uma vez, o extremo autoritarismo a que estamos submetidos. Durante a greve, negociação e disposição ao diálogo não foram a tônica do comportamento da Reitora. Ao contrário: respaldada por decisão do Conselho Universitário (Co) tomada em 2008, chamou ao campus a Polícia Militar, para reprimir o movimento. Todos conhecemos o resultado: um 9/6 que jamais será esquecido, com a Tropa de Choque transformando o campus em uma praça de guerra, colocando em risco a segurança de estudantes, funcionários e professores.
Como consequência, o debate sobre democratização e sobre estrutura de poder na USP extrapolou os muros da universidade, passando a fazer parte da pauta da “grande imprensa” e, mais recentemente, das plataformas de candidatos a Reitor. O movimento docente há muito vem pautando, com destaque, a questão da democratização da estrutura de poder na USP.
Na década de 80 foram realizados encontros entre estudantes, funcionários e docentes, para discutir as condições de trabalho, estudo, acesso e estrutura de poder na Universidade. Em 1981 e 1985, as entidades representativas das três categorias organizaram processos de eleição direta para Reitor, durante os quais o debate sobre a democratização da USP se intensificou. Em 1987, o III Congresso da USP, organizado novamente pelas entidades, reuniu delegados das três categorias, que elaboraram um anteprojeto de Estatuto da USP. As propostas nele contidas foram encaminhadas ao Co durante o processo de reforma do Estatuto ocorrida em 1988, constituindo-se em referência para a atuação das bancadas docente e discente, que apresentaram emendas a praticamente todos os artigos do anteprojeto de Estatuto da Comissão de Sistematização então constituída (vale lembrar: na época não havia representação de funcionários no Co).
Sucessão
Já na década de 90, a cada processo de sucessão na Reitoria a discussão sobre democratização reacendia, e a intervenção da Adusp nesses processos assumia diferentes formas: em alguns, promovemos consulta direta à comunidade, precedidas de debates públicos e publicação do programa dos candidatos; em outros, nos limitamos a divulgar as respostas dos candidatos a questões colocadas pelo movimento.
Em todos esses momentos, sempre deixamos clara nossa posição de que eleger o Reitor diretamente era, sim, importante, mas que isso não bastaria para democratizar a Universidade. Apesar de se constituir num processo nada democrático e ilegítimo, a sucessão reitoral na USP se constitui em momento privilegiado para aprofundar e ampliar o debate sobre os diferentes projetos de Universidade e as diferentes perspectivas quanto ao seu Estatuto. É com esse norte que pretendemos organizar nossa intervenção.
Viveremos neste semestre mais um processo de sucessão do Reitor e, uma vez mais, convidamos os colegas a envolverem-se com os debates que serão promovidos em torno do tema. Em nossa Assembléia, estará em discussão que forma assumirá nossa intervenção esse ano. Para defini-la, a participação de todos é imprescindível.
Matéria publicada no Informativo nº 290
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