Democracia na USP
Eleição na FFLCH mostra necessidade de mudar procedimentos anacrônicos
Na última semana de agosto, aconteceu a eleição de diretor e vice-diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), uma das unidades da USP onde existe a tradição de que uma consulta à comunidade preceda a votação pelo colégio eleitoral. Houve duas chapas inscritas: a dos professores Osvaldo Coggiola e Tânia Macedo e a dos professores Maria Arminda do Nascimento Arruda e Paulo Martins.
Durante o primeiro semestre, a FFLCH tinha sido cenário de situações tensas, que incluíram a ocupação e bloqueio de prédios, das quais a comunidade conseguiu sair mediante soluções negociadas. Nesse contexto, a significativa participação de votantes no processo eleitoral revelou um anseio de diálogo e de ampliação dos espaços de decisão democrática. Os debates e a campanha se desenvolveram em um contexto de respeito e envolvimento, sendo uma das suas expressões a existência de manifestos de apoio às chapas, assinados, cada um, por aproximadamente 120 docentes.
A consulta eletrônica contou com uma participação sem precedentes, praticamente triplicando a da eleição anterior. Votaram 48% do total dos funcionários técnico-administrativos. Entre os professores, a quantidade de votantes também se aproximou da metade enquanto, entre os estudantes, setor que sempre registra um interesse menor, o índice ficou em torno de 10%, praticamente a mesma proporção que se nota nas eleições do DCE.
Tripla vitória
Na consulta, a chapa dos professores Coggiola e Macedo ganhou nas três categorias: por 159 a 153 na categoria docente, por 837 a 206 entre estudantes e por 117 a 31 entre funcionários técnico-administrativos.
A vitória nos três setores, a única que se registra na história recente da Faculdade, seria confirmada qualquer que fosse a proporcionalidade utilizada, por mais restritivo que fosse o peso dos votos de estudantes e funcionários. No entanto, no colégio eleitoral, essa chapa perdeu por três votos, 106 a 103, sendo ganhadora a chapa da professora Maria Arminda do Nascimento Arruda e do professor Paulo Martins.
A contradição entre uma consulta que dá maioria para uma chapa nos três setores e um colégio eleitoral no qual a outra chapa é a vencedora expõe de modo nítido que o sistema de eleição indireta, bem como a proporcionalidade vigente para a representação nos colegiados estão tão esgotados que podem afastar-se inclusive do resultado obtido entre professores em uma consulta de amplíssima participação. Urge implementar, em toda a Universidade, uma composição mais democrática dos colegiados, além de estabelecer em todas as unidades procedimentos de consulta para uma participação mais ativa da comunidade local.
Informativo nº 424
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- Reitoria pretende reeditar Estatuto do Docente, para subordinar CERT à Comissão Permanente de Avaliação; instituir nova instância avaliatória do regime probatório, a “CoED”; e ampliar de 6 para 18 o repertório de perfis docentes
- Confira aqui a nova vitória da Adusp no TJ-SP contra a tese da Reitoria de “prescrição” da ação da URV, e outros andamentos recentes do caso
- A continuidade do desmonte do HU¹
- Contratada sem licitação em 2022 por R$ 309 milhões, para gerir HC de Bauru (ex-HRAC) por cinco anos, a Faepa já recebeu total de R$ 592 milhões graças a nove aditamentos
- “Fui aprovado por unanimidade, mas meu nome está sendo veiculado de forma negativa, como se eu tivesse interferido na constituição da banca”, diz prefeito do câmpus de Piracicaba, que repele acusação de favorecimento em concurso de titular