Por “desobediência”, Polícia Militar prende Marcelo Pablito, diretor do Sintusp, depois liberado pelo 93º Distrito Policial

Marcello Santos, conhecido como Pablito, funcionário do Bandejão Central e diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), foi preso pela Polícia Militar por volta das 9 horas desta quinta-feira, 26/4, quando deixava a Comunidade São Remo para entrar na Cidade Universitária do Butantã. Conduzido ao 93o Distrito Policial (DP) sob as acusações de “desobediência” e “injúria”, ele prestou depoimento e foi liberado. A prisão mobilizou a direção do Sintusp e os advogados da entidade, que se dirigiram ao 93o DP para obter a soltura do dirigente.

No Boletim de Ocorrência (BO) 1.493/2018, os policiais militares alegam que realizavam “operação de combate à criminalidade” e que, ao receber “ordem de parada”, para que mostrasse “o conteúdo da bolsa que trazia consigo”, Pablito “negou-se a obedecer à equipe policial, dizendo a todo tempo ser funcionário da Universidade de São Paulo e que estava atrasado para o trabalho”. O BO deixa claro que a prisão foi desnecessária: “Após muita insistência, conseguiram realizar a abordagem e revista, nada de ilícito sendo encontrado com Marcello. Contudo, em razão da reiterada negativa de cumprir com as ordens dos policiais, a equipe decidiu apresentá-lo nesta Distrital em razão da desobediência”.

“Hoje, dia 26 de abril, dia de paralisação e luta na USP, o companheiro Marcello Pablito, diretor do Sintusp, membro da Secretaria de Negras e Negros e Combate ao Racismo, foi mais uma vez arbitrariamente abordado, sofrendo ofensas racistas e ameaçado na entrada da Comunidade São Remo para a USP”, afirma nota da direção do Sintusp. “Esse tipo de ação tem sido recorrente nas saídas de pedestres da São Remo, por onde passam centenas de trabalhadores efetivos e terceirizados, estudantes e moradores, e mostra que a real função da PM no campus é reprimir trabalhadores, estudantes e a população e preservar o caráter elitista e racista da USP”.

“Racismo da PM a serviço da Reitoria”

O episódio lembra o que ocorreu no mesmo local, em 14/6/2017, quando Zelito Souza dos Santos, funcionário do Centro de Práticas Esportivas (CEPE-USP) e ex-diretor do Sintusp, foi preso por policiais militares em circunstância semelhantes. O portão dista pouco mais de 100 metros das sedes da Adusp e do Sintusp (confira aqui).

“No ano passado, outro ativista da categoria, ex-diretor e também membro da Secretaria de Negras e Negros do Sintusp, também foi arbitrariamente abordado e levado à delegacia na mesma entrada de pedestres da Comunidade São Remo, enquanto ia almoçar. Mais uma mostra do autoritarismo e racismo da PM a serviço da Reitoria”, registra a nota do Sintusp.

“Não é coincidência”, continua a nota, que a prisão de Pablito tenha ocorrido no dia em que os trabalhadores marcaram uma paralisação para lutar por suas demandas, contra o arrocho salarial, contra o desmonte da USP e do Hospital Universitário e demais ataques da Reitoria, “que faz da PM seu braço armado para reprimir os estudantes e trabalhadores”.

“A PM, a mando dos governos e dos patrões, todos os dias avança contra a juventude negra, contra os mais pobres, seja dentro ou fora da USP”, assinala a nota. “Fora PM do campus! Basta de repressão aos trabalhadores!”. O Sintusp exige, ainda, o encerramento do inquérito policial, e responsabiliza a Reitoria pela integridade física dos ativistas da categoria.

 

EXPRESSO ADUSP


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