Armando Corbani

corbani_m“Há possibilidade de aumento real para a categoria e trabalharei nessa direção”

O professor Armando Corbani, pró-reitor de Pós-Graduação, considera defasados os vencimentos dos docentes da USP: “Os salários docentes merecem uma recomposição e entendo que já no início de mandato devem-se ter tratativas dentro do Cruesp para que se resolva tal situação”. Quanto ao Gatilho, acena com o rápido pagamento, em que se dê preferência aos aposentados, depois aos próximos da aposentadoria etc

1. Estatuinte

Não vejo como uma estatuinte poderia resolver o problema da atual falta de participação efetiva dos alunos, dos funcionários e até dos docentes de forma geral nas comissões estatutárias e colegiados da universidade. Precisamos sim é de maior engajamento institucional.

2. Composição dos colegiados e indicação de diretores e Reitor

A composição atual dos colegiados poderia ser ampliada em sua representação contemplando os vários segmentos da universidade. Como exemplo, deveria haver participação de funcionários na composição dos Conselhos Departamentais. Muitos deles são técnicos experientes e têm um olhar diferenciado sobre as necessidades departamentais. Quanto à indicação de diretores das unidades acredito que se deva assumir a indicação da unidade considerando o docente mais votado. Para reitor uma boa medida seria caminharmos aos limites da LDB, ampliando as representações. Decisões sobre um só turno ou outras formas devem ser discutidas pela comunidade e colegiados representativos.

3. Ação do gatilho

A ação desse gatilho deve ser resolvida o mais rapidamente possível. O que for acertado deve ter o pagamento realizado, dentro do comprometimento orçamentário da universidade, mas por justiça talvez se possa iniciar com os já aposentados, os mais próximos da aposentadoria, assim por diante.

4. Polícia Militar no campus

As questões internas da universidade devem ser tratadas em seu próprio ambiente. Sou contra a violência venha de onde vier. Nosso convívio deve ser de crítica com diálogo permanente. Demandas mais ou menos veementes, e mesmo conflitos, acontecem na universidade e podem alterar sua normalidade institucional. É preciso criar instrumentos institucionais para o diálogo constante, para a discussão política e a negociação, que acompanhem essas demandas não apenas nos momentos críticos.

5. Reforma da carreira

A proposta em discussão nas unidades para implementação de critérios e formas de promoção me parece um avanço com relação a pleitos antigos dos docentes. Dependendo dessas respostas das unidades a proposta pode ser aprimorada. O compromisso fundamental de uma gestão universitária deve ser o de valorizar seus recursos humanos, que constituem sua célula-mater. Para garantir o bom funcionamento institucional, as carreiras de docentes e funcionários técnico-administrativos devem ser aprimoradas e a progressão funcional deve privilegiar o mérito acadêmico e atividades-fim da Universidade. A valorização do tempo integral, em especial no nível inicial da carreira docente, e salários compatíveis, devem ser objeto de discussão em curto prazo.

6. Salários

Os salários docentes merecem uma recomposição e entendo que já no início de mandato devem-se ter tratativas dentro do Cruesp para que se resolva tal situação. Há possibilidade de aumento real para a categoria e trabalharei nessa direção. Além de salários, o bom exercício funcional deve estar acompanhado de saúde e qualidade de vida. Com vistas a esse objetivo, há necessidade de ampliação e revisão dos serviços de atendimento médico, entre outros, a fim de que cumpram seu papel de dar mais segurança à comunidade universitária. Grupos de trabalho específicos para essa finalidade serão constituídos.

7. Graduação, Pós-Graduação, Capes e Qualis

Os cursos de graduação merecem atenção especial, compatibilizando-se a excelência na formação e o atendimento às exigências da sociedade contemporânea, que requer jovens com conhecimento abrangente e sensíveis às rápidas mudanças. Deve-se buscar a flexibilização equilibrada da estrutura curricular dos cursos, respeitando as especificidades de cada área e observando duas premissas fundamentais: a complementaridade na formação dos alunos e a acreditação internacional dos cursos. Nossos cursos de Licenciatura têm se organizado harmonicamente entre as distintas áreas de conhecimento e sua crescente importância é indiscutível, considerando-se o projeto nacional de formação e qualificação de professores para o ensino fundamental e médio. A avaliação dos cursos de graduação deve ser feita de forma continuada, com ampliação do programa experimental em andamento na Pró-Reitoria de Graduação, valorizando-a como instrumento de gestão. Também é preciso deliberar sobre o engajamento institucional da USP no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) já em discussão.

Tais procedimentos permitirão um diagnóstico do desempenho formativo dos cursos oferecidos pela Universidade, além de estreitar nossas relações com os organismos educacionais municipais, estaduais e federais visando oferecer nossa contribuição na condução de políticas públicas para o setor. Além disso, como um grande centro formador, a USP deve contar com sua editora Edusp no estabelecimento de ações institucionais para produção de material didático em escala compatível com a dimensão e a qualidade desta nossa Universidade, estimulando com apoio logístico a produção desses materiais pelos docentes. Ainda na questão da melhoria da qualidade de ensino, instituiremos um projeto institucional dedicado à obtenção e alocação de recursos para recuperação, aprimoramento e modernização de laboratórios didáticos, salas de aula, e bibliotecas, visando inclusive a sua adequação a novas tecnologias. A experiência internacional na graduação também deve ser estimulada, uma vez que possibilita uma ampliação do horizonte cultural dos estudantes. O programa de Inclusão Social da USP, Inclusp, desenvolvido já a partir do processo seletivo para nossos cursos de graduação tem se mostrado efetivo, tendo os estudantes beneficiados por esse Programa, apresentado os mesmos índices acadêmicos dos demais. Nesta condição, os programas de inclusão e de permanência estudantil, combinando valorização da escola pública com critérios socioeconômicos, serão ampliados, mantendo a qualidade acadêmica e avaliação constante como referência. No momento, cabe à Universidade realizar uma reflexão sobre sua dimensão e estrutura atuais e os meios necessários que permitam responder à demanda por novos cursos e ampliação de vagas, mantendo o comprometimento com a qualidade. Vale ressaltar que a relação alunos/docente na USP é equivalente à de universidades de classe mundial com nível de excelência.

A pós-graduação da USP é referência nacional e, nos últimos anos, iniciou sua projeção internacional. Desde os seus primórdios, tem contribuído efetivamente para a transferência de conhecimento e o desenvolvimento socioeconômico do país, formando mestres e doutores em todas as áreas do conhecimento e nucleando grupos de pesquisa em todo o território nacional. Reúne mais de 22.000 estudantes, equilibrados em mestrandos e doutorandos, distribuídos em 228 programas e cerca de 5.500 orientadores. O empenho de toda a comunidade acadêmica de nossa Universidade para melhoria da qualidade e eficiência dos programas, associado ao acompanhamento eficaz da Comissão Permanente de Avaliação da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, apresentaram excelente resultado, sendo que atingimos 70% dos programas com conceito Capes 5. Diminuiu-se significativamente o número de programas com menor desempenho, segundo a recente avaliação realizada pela Capes, e houve um aumento expressivo do número de programas melhor avaliados. Visando ao contínuo aperfeiçoamento da pós-graduação, será intensificado o apoio institucional aos programas em fase de consolidação, bem como a condução de ações centrais e locais que garantam a sustentabilidade e a evolução de programas avaliados como excelentes. A interdisciplinaridade deve ser incentivada e incrementada tanto no âmbito dos programas interunidades como nos demais programas de pós-graduação, visando ao desenvolvimento de projetos na fronteira do conhecimento que, cada vez mais, apresentam caráter inter e multidisciplinar. Recentemente, foi aprovado um novo regimento para a pós-graduação da USP, cuja elaboração contou com a participação efetiva de toda a comunidade, propiciando uma oportunidade para reflexão ampla e aprofundada sobre o aprimoramento da qualidade da nossa pós-graduação, tornando-a mais moderna, descentralizada, desburocratizada, informatizada e flexível, transferindo autonomia aos programas para seu efetivo gerenciamento. Ações voltadas para projetar os programas de pós-graduação da USP no cenário internacional serão intensificadas e aprimoradas. Além do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino (PAE), é importante criar novas oportunidades para que os estudantes de pós-graduação, principalmente os de doutorado, participem das atividades didáticas na graduação. Há que se considerar que a maior parte dos egressos da pós-graduação irá atuar em instituições de ensino, e, portanto é relevante uma preparação mais eficaz para atividades profissionais futuras de docência. Da mesma forma, estimularemos discussões sobre políticas de aproveitamento dos nossos mestres e doutores nos setores industriais e de serviços.

8. Orçamento

A transparência dos recursos orçamentários da universidade deve ser integral. Nos dá mais visibilidade como bem público, prestando contas à sociedade que nos confere os recursos. A própria transparência interna dos recursos orçamentários deve ser considerada para que se amplie a discussão sobre o orçamento.

 

Matéria publicada no Informativo nº 293

EXPRESSO ADUSP


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