Hora de democratizar a eleição de Reitor(a)!

Votação democrática que a Adusp promoverá em 14 e 15/10 lança as bases para construir um novo modelo

vote

Aproxima-se o momento de a USP conhecer seu novo Reitor ou sua nova Reitora. Esperamos que seja esta a última vez que a escolha se dê por meio do processo vigente, neurótico, anacrônico e autoritário. O primeiro turno não tem sentido e o colégio eleitoral do segundo turno não é o mesmo do primeiro: de fato, no primeiro turno devem ser selecionados oito candidatos entre todos os postulantes ao cargo máximo da Universidade — e somente agora, decorridos vinte anos da engenhosa criação, haveria a possibilidade de excluir um dos postulantes, não houvesse entre eles um não reconhecido pelo sistema.

De cada seis votantes do primeiro turno, cinco são excluídos do segundo turno, cujo colegiado se elitiza com predomínio esmagador dos professores titulares, concentrados no círculo de poder da universidade. Nos três escrutínios do segundo turno prevalecem negociações não transparentes, visando a divisão de espaços e poder na futura gestão. Nas eleições diretas, quando nenhum candidato consegue maioria no primeiro turno, os dois mais bem votados são submetidos a um novo escrutínio, com o mesmo conjunto de eleitores. Na USP, um candidato bem votado no primeiro turno pode ser afastado da famigerada lista tríplice do segundo turno, sendo substituído por um coadjuvante da primeira lista. E, finalmente, um golpe de mestre na autonomia constitucional: a lista tríplice é encaminhada para o único eleitor do terceiro turno, o governador do Estado!

São essas as pérolas propiciadas pelo Estatuto vigente. Muitos dos que hoje se manifestam favoráveis a uma democratização do processo jamais contestaram publicamente esse Estatuto; outros ficarão satisfeitos se for mantido, no segundo turno, o colégio eleitoral do primeiro que, aliás, não atende sequer os dispositivos previstos na Lei de Diretrizes e Bases, em cujo texto está regulamentada a gestão democrática constitucional das escolas públicas. A USP requer uma alteração radical de sua estrutura de poder e dos processos de escolha para cargos executivos.

Como já se fez em outras ocasiões, a Adusp, por deliberação de sua Assembléia, está organizando uma votação democrática para Reitor e se empenhou, junto às entidades de estudantes e funcionários, para que a votação democrática tivesse a participação de toda a comunidade da USP. Apenas a assembléia dos estudantes de pós-graduação decidiu por participar da votação democrática. As decisões das assembléias do DCE e do Sintusp indicaram outro caminho. Respeitamos os argumentos apresentados, mas seguimos firmes para lançar raízes para uma alteração radical do processo vigente.

PM no campus

O movimento grevista do primeiro semestre e a desastrosa presença da Polícia Militar no campus expuseram, de maneira clara por meio da mídia, a fragilidade do preceito da democracia na USP e a falta de liderança e de capacidade de negociação que pode caracterizar uma gestão escolhida sem a participação da comunidade. Precisamos aproveitar o momento e lançar as bases para construir um novo modelo; não nos esqueçamos de que na Unesp e na Unicamp o processo de escolha do Reitor envolve a participação ampla da comunidade.

Para preparar a eleição democrática, a Adusp tem procurado divulgar os programas dos diversos candidatos. No dia 24/9, a Adusp realizou um primeiro debate, no qual foram discutidos temas como Ensino, Pesquisa e Extensão, Carreira, Terceirização, Educação à Distância. Estiveram presentes cinco dos nove candidatos (vide matéria sobre o debate nas páginas 2 e 3). Uma edição especial do Informativo Adusp já está circulando, com as respostas dos candidatos a um conjunto de oito questões formuladas pela entidade, com a contribuição de vários colegas.

Um segundo debate, envolvendo questões como Estatuinte, Estrutura de Poder, Financiamento, Política Salarial e Relação com as Entidades Representativas, será realizado no dia 13/10 e terá transmissão para o campus de Ribeirão Preto. Para este debate, já estão confirmadas as presenças de seis dos nove candidatos.

Esperamos que os docentes examinem as posições dos candidatos, lendo o Informativo Adusp 293, visitando nossa página para conhecer as posições dos candidatos manifestas no debate do dia 24/9; e que compareçam ao segundo debate no dia 13/10. Façam depois sua escolha e participem da eleição democrática nos dias 14 e 15 de outubro. Acreditamos que um significativo comparecimento às urnas sinalizará não somente o que os docentes esperam da nova gestão, mas também reforçará a luta pela democratização da nossa Universidade.

 

Matéria publicada no Informativo nº 294

EXPRESSO ADUSP


    Se preferir, receba nosso Expresso pelo canal de whatsapp clicando aqui

    Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!